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    Municípios querem usar Fundo Constitucional do DF para bancar piso da enfermagem

    Segundo entidade, sem fonte de financiamento, cidades terão de retirar de seus quadros cerca de 22% dos profissionais de enfermagem em atividade

    STF analisa decisão de Luís Roberto Barroso que suspendeu lei que estipula piso
    STF analisa decisão de Luís Roberto Barroso que suspendeu lei que estipula piso Hiraman/Getty Images

    Larissa Rodriguesda CNN em Brasília

    A Confederação Nacional de Municípios (CNM) é uma das entidades que temem que o novo piso da enfermagem colapse ainda mais a saúde pública pelo país.

    Segundo a CNM, sem uma fonte de financiamento que ajude a bancar os novos salários, as cidades brasileiras terão de retirar de seus quadros mais de 32,5 mil dos 143,3 mil profissionais ligados à Estratégia de Saúde da Família (ESF), cerca de 22% dos profissionais de enfermagem em atividade hoje. Ao todo, os cálculos são de que o novo piso custe mais de R$ 10 bilhões aos municípios brasileiros.

    Por isso, a confederação vem fazendo campanha para que a União seja responsável por aumentar o repasse aos entes federativos e cobra, por exemplo, um aumento na parcela de 1,5% do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Outra alternativa, que colocou em rota de colisão as cidades e o Distrito Federal, seria o uso do Fundo Constitucional do Distrito Federal.

    “Uma das opções mais polêmicas é a redistribuição do fundo do DF, que este ano deverá oscilar entre R$ 14 e 15 bilhões. A gente concorda que o Distrito Federal tem que ter um tratamento diferenciado, mas o governador é governador e prefeito ao mesmo tempo. Ele recebe tudo que um governador recebe e tudo que um prefeito recebe. Quando você compara isso, esse fundo é um dinheiro que vem do Brasil, do Brasil pobre, do Nordeste, do Norte e de outras áreas. Para que isso seja reequilibrado, nós temos que mexer nos privilégios”, afirmou Paulo Ziulkoski, presidente da CNM.

    O Fundo Constitucional do Distrito Federal foi criado em 2003 e tem como finalidade prover os recursos necessários à organização e manutenção da Polícia Civil, da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros militar do DF, além de prestar assistência financeira para execução de serviços públicos de saúde e educação.

    Questionado sobre a recolocação do fundo, o governador Ibaneis Rocha (MDB) afirmou que a CNM “está falando do que não conhece” e que o fundo tem seu destino previsto pela Constituição Federal.

    Enquanto nenhuma solução é encontrada, estados, municípios e iniciativa privada seguem jogando para a União o impacto orçamentário da legislação.

    Como a CNN mostrou, o ministro da Economia, Paulo Guedes, tem evitado apontar de onde o governo federal retiraria cerca de R$ 16 bilhões para ajudar os entes federados e os hospitais filantrópicos a bancarem o aumento dos enfermeiros, auxiliares, técnicos e parteiras.

    Sem expectativa de que o pagamento do novo piso saia do papel, os profissionais de saúde ligados ao Fórum Nacional da Enfermagem, que agrega entidades como a Federação Nacional dos Enfermeiros, ameaçam fazer uma paralisação nacional.

    Entenda

    No início do mês, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, suspendeu uma lei aprovada pelo Congresso e sancionada pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), que estipula um piso salarial da enfermagem.

    De acordo com a lei, a remuneração mínima de enfermeiros deverá ser fixada em R$ 4.750, e 70% deste valor pago a técnicos e 50% para auxiliares e parteiras.

    Barroso tomou a decisão de suspender a lei para avaliar melhor o impacto dela sobre o sistema de saúde. Ele também requereu mais esclarecimentos em um prazo de 60 dias quanto a gastos públicos e o risco de demissões em massa, por exemplo.

    Na última sexta-feira (9), o plenário virtual do Supremo começou a analisar a decisão de Barroso. Até agora, cinco ministros votaram para manter a suspensão, enquanto outros três para que o piso entre em vigor. O julgamento segue até esta sexta (16).