Rede avalia ser natural convite a Marina para primeiro escalão de Lula
Aliados de Marina, porém, asseguram que ela só aceitaria um cargo se houvesse garantias de que poderia executar seus objetivos sem os obstáculos que encontrou, por exemplo, no segundo mandato de Lula
Integrantes da Rede, com quem a CNN conversou, disseram considerar natural um convite para que Marina Silva ocupe um cargo de primeiro escalão em um eventual novo governo Lula.
“Evidente que um governo nosso com o presidente Lula ganharia muito com a presença da Marina no primeiro escalão. Eu não falo por ela, mas qualquer presidente que tenha uma preocupação realmente efetiva com questão ambiental eu acho que é natural um convite a Marina ocupar um espaço nessa agenda”, afirmou à CNN Pedro Ivo, uma das principais lideranças do partido.
Ele disse ainda que um eventual convite seria um bom dilema, tendo em vista que o partido investe muito em uma bancada consistente na Câmara dos Deputados e conta com Marina, que é candidata a deputada federal por São Paulo, como sua integrante.
Pedro Ivo foi, ao lado de outros aliados de Marina, determinante no processo de convencimento para que ela declarasse apoio a Lula. Parte da família contestava, assim como uma de suas principais aliadas na Rede, Heloisa Helena, candidata a deputada federal pelo Rio, que deixou o PT ainda no primeiro mandato de Lula.
A ideia inicial era que ela apenas manifestasse apoio no segundo turno, mas com o acirramento na disputa eleitoral ela se viu obrigada a antecipar o anúncio. Quem a procurou no sábado (10) foi Gilberto Carvalho, consultando se poderia encontrar Lula no dia seguinte. O encontro durou duas horas e segundo aliados de ambos foi amistoso, com muita memória da trajetória comum de ambos. Combinou-se, então, o anúncio oficial nesta segunda a partir da entrega de um programa, que Marina já vinha redigindo.
A principal novidade é a criação de uma autoridade climática ligada diretamente ao gabinete presidencial.Os aliados de Marina, porém, asseguram que ela só aceitaria um cargo se houvesse garantias de que poderia executar seus objetivos sem os obstáculos que encontrou, por exemplo, no segundo mandato de Lula, quando pediu demissão após perder uma queda de braço com a então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.
O ex-ministro Cristovam Buarque, outro que operou nas últimas semanas para que Marina declarasse apoio a Lula antes do primeiro turno, disse ter tido uma longa conversa com ela em Brasília há dois meses na qual ela ainda resistia à ideia.
“Foram duas horas de uma conversa na casa de uma amiga e a resistência dela foi total. Disse que seria difícil fazer isso no primeiro turno. Alegou as questões envolvendo a campanha de 2014 e também a forma como os governos do PT trataram o meio ambiente e as relações privilegiadas dele com o agronegócio”, disse Cristovam.
Ele disse que também tinha críticas aos governos petistas na área educacional, foco de sua trajetória política, mas que ainda assim o contexto da eleição de 2022 exigia um posicionamento.
“Eu disse a ela que se fosse assim eu não apoiaria Lula porque divirjo da forma como ele trata educação de base e privilegia apenas curso superior. O discurso dele todo é que o filho do pobre está entrando na universidade. Não defende a universalização do ensino médio, uma educação básica de qualidade”, diz Cristovam.
“Mas nesse momento não há dúvidas de que caminho seguir”.