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    É preciso que se faça uma reforma monetária na Argentina, diz economista

    Professor do Insper Roberto Dumas avalia que é muito difícil controlar o problema inflacionário do país apenas com aumento dos juros

    CNN Brasil BusinessProduzido por Letícia Brito

    Em entrevista à CNN neste sábado (10), o economista e professor do Insper Roberto Dumas avaliou que com a situação inflacionária que a Argentina vive hoje, é preciso que o país promova uma reforma monetária, aos moldes como foi feito com o Plano Real. “Eles [argentino] estão com um problema seríssimo na economia. Acho muito difícil que esse problema de inflação seja resolvido. É preciso que se faça uma reforma monetária no país, um plano de conversibilidade”, diz.

    Roberto aponta que o problema inflacionário da Argentina já é considerado crônico, vem desde a gestão do ministro Martin Guzman (2019-2022), e foi agravado pelo choque de oferta com a guerra na Ucrânia, que impactou nos preços de fertilizantes e do gás natural, por exemplo.

    “A Argentina tem um problema crasso. Quer fazer um populismo inócuo. Já tentamos isso. Outros países também já tentaram. Tentar trazer as benesses, fazer política fiscal expansionista sem ter dinheiro”, afirmou.

    O economista lembra que o superministro da Economia, Sergio Massa, sinalizou que não iria mais pedir para o banco central imprimir mais moeda.

    “Mesmo tendo o Sergio Massa – num jogo político entre o presidente e a vice-presidente do país para amenizar a crise institucional – isso não alegrou muito a população Argentina, que continua indo pro dólar e desistindo da própria moeda. E aí essa moeda deprecia ainda mais e gera inflação.”

    Para Roberto, o que está acontecendo é uma desistência do peso em favor do dólar, o que leva à uma depreciação e à inflação. “Está difícil sair disso. Vai ser muito complicado.” “Com inflação perto de 100%, difícil controlar com juros. É hora de o governo entender que o peso não vale mais o que valia e que a população não crê mais na política monetária do país. or mais que se tente fazer uma política ortodoxa, subindo juros. É difícil acreditar que peso argentino deixara de perder valor.”

    Outra possibilidade para resolver o problema, diz o economista, seria uma dolarização de país, o que seria uma ruptura muito grave.

    Sergio Massa

    O professor do Insper afirma que o ministro Massa ainda não mostrou a que veio. “Ele não é completamente um liberal. Mas na realidade ele foi considerado um superministro muito mais pra evitar todo esse problema entre [Alberto] Fernández e [Cristina] Kirchner. Não traz nenhuma politica heterodoxa, ou de quebrar o vício inflacionário de imprimir moeda, não traz a confiabilidade que os agentes precisam.”

    Roberto avalia que Massa adorou a política de ganhar tempo e “empurrar com a barriga”. “Isso não está dando certo. Já era esperado que não ia dar certo.”

    Sergio reforça que a solução para a questão inflacionária não acontece sem um plano heterodoxo, sem trazer confiabilidade. “Massa nunca foi um defensor contra o Estado, sempre foi a favor de mais emissão monetária. Mas isso sem ter dinheiro. Não é um superministro que vai endereçar esse problema sem ter uma reforma absolutamente estrutural. Estão dando dinheiro com uma mão e tirando com outra por meio da inflação.”

    Inflação

    Economistas aumentaram suas estimativas para a inflação anual na Argentina em 2022 para 95%, mostrou uma pesquisa mensal publicada na sexta-feira (9) pelo banco central argentino. O país luta para superar uma crise econômica prolongada marcada pela alta dos preços.

    A nova previsão para a variação no Índice de Preços ao Consumidor é 4,8 pontos percentuais superior à estimativa do mês anterior.

    Analistas estimaram que a inflação argentina subiu 6,5% em agosto.

    Até o próximo ano, a taxa de inflação anual do país sul-americano deve chegar a 84%, e cair para 63% em 2024, segundo a pesquisa.

    Soja

    Na segunda-feira (5), o ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, anunciou novos incentivos para que os produtores de soja elevem as vendas de seus estoques, acessando uma melhor taxa de câmbio, em uma tentativa de aumentar as exportações e as reservas em moeda forte.  Os incentivos devem durar até 30 de setembro, de acordo com o anúncio.

    Após a entrada na nova taxa de câmbio preferencial, o volume diário de negócios com soja da Argentina atingiu seu nível mais alto em cinco anos e meio, disse a bolsa de grãos de Rosário na terça-feira (6).

    A bolsa de Rosário disse em um relatório que as operações de soja argentinas registradas na segunda-feira (5), o primeiro dia em que a regra cambial entrou em vigor, estavam perto de 800 mil toneladas, o maior volume negociado desde o início de 2017.

    De acordo com analistas ouvidos pela Reuters, esses efeitos não devem se estender por muito tempo, considerando que o chamado câmbio “dólar soja” está previsto para vigorar em setembro, como forma de o país vizinho impulsionar a geração de divisas visando lidar com a crise econômica.

    Banco Mundial

    O Banco Mundial anunciou a liberação de US$ 900 milhões em crédito para a Argentina nos próximos seis meses, valor que se soma a US$ 1,1 bilhão que o organismo já desembolsou para projetos no país em 2022.

    O anúncio foi feito em comunicado após o encontro do diretor de operações da instituição, Axel van Trotsenburg, com o ministro da Economia da Argentina, Sérgio Massa, que está nos Estados Unidos para uma série de compromissos

    *Com informações de Reuters.

    (Texto publicado por Ana Carolina Nunes)

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