Conheça sinais de que a saúde mental não vai bem
Neste sábado (10), o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio chama atenção para os cuidados com a saúde mental
Os sintomas de transtornos mentais, como ansiedade ou depressão, são diversos e podem variar de uma pessoa para outra. No entanto, especialistas em saúde mental citam alguns sinais que podem indicar a necessidade de ajuda especializada.
Neste sábado (10), o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio chama atenção para os cuidados com a saúde mental. Dores de cabeça e pelo corpo, falta de concentração, distúrbios do sono e irritabilidade excessiva são alguns dos indícios de que uma pessoa não está bem.
A pesquisadora Joana Singer Vermes, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), explica que o adoecimento psicológico pode se apresentar com diferentes nuances.
“Todo mundo, em algum momento da vida, terá questões importantes de saúde mental. Pode ser um quadro ansioso ou depressivo, um luto mais complicado ou uma demência senil, por exemplo”, diz.
O psicólogo Maycon Rodrigo Torres, membro do Laboratório de Psicanálise e Laço Social da Universidade Federal Fluminense (UFF) e professor de psicologia Faculdade Maria Thereza (Famath), destaca que as pessoas devem ficar atentas à qualidade das relações sociais. “É preciso observar de que maneira são mantidos os vínculos de trabalho, de amizade, de relacionamento e o quanto esses vínculos são saudáveis. É importante entender o quanto a presença entre outras pessoas se torna algo que dê prazer e bem-estar”, afirma.
Para o psicólogo, o isolamento é uma característica que deve ser avaliada com atenção. Segundo ele, é possível estar isolado mesmo diante de reuniões com familiares ou amigos. O especialista diz que a avaliação psicológica considera o indivíduo em suas particularidades em uma análise do que é comum e do que pode ser um sinal de adoecimento.
“Costumamos trabalhar, em um processo de avaliação mais ampliado, qual é o normal de cada um, considerando a maneira como a pessoa se desenvolve para poder avaliar o momento presente. O quanto ela está satisfeita com a própria vida, o quanto ela consegue ter encontros que gerem prazer e bem-estar, o quanto ela consegue efetivamente se reconhecer como parte de um grupo ou da sociedade”, explica Torres.
Sinais que indicam que a saúde mental não vai bem
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Como saber se chegou o momento de procurar ajuda?
Para a psicóloga Jaqueline Ferreira da Silva, do Hospital Federal dos Servidores do Estado, no Rio de Janeiro, não existe uma condição prévia que possa ser aplicada a qualquer pessoa. “O que caracteriza a busca por um profissional é o reconhecimento de algum sofrimento, algum impasse na vida, que pode, inclusive, ser apontado por quem convive”, disse.
A psicóloga alerta que procurar resolver o problema, com base apenas nos sintomas, pode ser uma armadilha. “Na psicanálise, trabalhamos a partir das singularidades. Não fazemos generalizações a partir de fenômenos sintomáticos”, afirmou. Deste modo, não se recomenda procurar um diagnóstico por meio da inserção de palavras-chave em portais de busca, prática que é muito comum atualmente.
Para as pessoas que estão em crise, o Centro de Valorização da Vida (CVV) disponibiliza a ajuda de especialistas durante 24 horas. Basta ligar para o telefone 188 ou acessar o chat pelo site.
Impactos da pandemia
Antes da pandemia, cerca de 193 milhões de pessoas tinham transtorno depressivo maior e 298 milhões de pessoas tiveram transtornos de ansiedade em 2020. Após o ajuste para a pandemia, as estimativas iniciais mostram um salto para 246 milhões para transtorno depressivo maior e 374 milhões para transtornos de ansiedade.
Os dados são de um amplo relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que aponta que a saúde mental tem sido uma das áreas mais negligenciadas da saúde pública no mundo. Subvalorizado e incompreendido, o campo recebe uma ínfima parte da atenção e dos recursos necessários, segundo a OMS.
A esquizofrenia, que ocorre em 24 milhões de pessoas e em aproximadamente 1 em cada 200 adultos (com 20 anos ou mais), é a principal preocupação dos serviços de saúde mental em todos os países. Em seus estados agudos, é a mais prejudicial de todas as condições de saúde.
O transtorno bipolar, outra preocupação importante dos serviços de saúde mental em todo o mundo, afetou 40 milhões de pessoas e aproximadamente 1 em cada 150 adultos em todo o mundo em 2019. Ambos os distúrbios afetam principalmente as populações em idade ativa.