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    Perde-se uma pessoa de gigantesca presença na cena internacional, diz embaixador

    Marcos Azambuja, embaixador e Conselheiro Emérito do Centro Brasileiro de Relações Internacionais, destacou a disciplina e a longevidade da rainha Elizabeth II

    Ana Carolina Nunesproduzido por Giovanna Bronzeda CNN , em São Paulo

    Em entrevista à CNN nesta quinta-feira (8), o embaixador e Conselheiro Emérito do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) Marcos Azambuja destacou sua admiração pela rainha Elizabeth II, que morreu hoje após 70 anos de reinado.

    Segundo o embaixador, Elizabeth II foi extraordinária “pela constância, pela disciplina, pela racionalidade”. “Tenho pela rainha sentimentos de reverência e de afeto. Administrou com sobriedade e com coragem uma herança diminuída e fez isso mantendo a fidelidade aos seus valores e o amor ao seu povo.”

    Para Azambuja, o que ocorre hoje na Inglaterra, em maior proporção, e no mundo, “é uma perda de uma pessoa de gigantesca presença na cena internacional.” “Sem Elizabeth, o mundo é um pouquinho menor em termos da presença de grandes personalidades”, lamenta. “Não se produzirá novamente ninguém com imensa trajetória, nem com o perfil dela”, conclui.

    Azambuja lembra que o Reino Unido teve Elizabeth I, que deu origem ao período Elizabethano. “A essa segunda Elizabeth coube uma tarefa mais árdua, ao longo de 70 anos, que foi um pouco a destruição do Império {britânico], das comunidades e Nações, e a diminuição do poder relativo da Inglaterra no mundo. É mais fácil administrar o sucesso que o encolhimento do poder”, avalia Azambuja.

    O embaixador também ressaltou a atuação da rainha Elizabeth não apenas como monarca, mas como matriarca, lembrando que há a família real como ele se apresenta ao mundo, com todo seu cerimonial, a sua pompa e a sua circunstância, e uma família por trás disso, que é uma família como qualquer outra familia, com seus conflitos, suas inseguranças.

    “O que Elizabeth II fez de maneira extraordinária foi manter a mão segura no timão. Ela conduziu a sua família de uma maneira serena, firme. Ela é uma mulher disciplinada, com ela mesma, e enquanto os filhos e netos tinham os problemas habituais de todos nós. Ela era exemplar. Creio que ela deixa uma espécie de vazio que não será preenchido por ninguém com essa mesma estatura.”

    O Conselheiro do Cebri afirma ainda que não imagina um reinado de uma eventual Elizabeth III com a mesma duração e prestígio. “Ela foi de fato uma pessoa que fez a ponte com a Inglaterra do seu apogeu. A Inglaterra não tem hoje seu Império, tem fragmentos dele e a comunidade é menor.  A Inglaterra saiu da Europa, a meu ver um erro, mas ela foi impecável em tudo isso. Ela foi a pessoa que conduziu o país e a família com a mão firme e amorosa.”

    Charles

    Sobre o primogênito, que assume o trono como rei Charles III aos 73 anos, Azambuja avalia que “deu tempo para ele amadurecer. O novo rei chega lá construído, feito”. O embaixador lembra que Charles é uma pessoa com consciência ambiental, uma base de ação legítima e importante. “Ele é um defensor ardoroso do meio ambiente e isso é uma grande causa”.

    Ele avalia que os longos anos de espera de Charles – e Camilla Parker – foi importante para um amadurecimentos de ambos, e deu tempo aos sucessores de aprenderem o ofício. “Sou grato à ela [Elizabeth II] pela longevidade. E nessa longevidade ela permitiu que seus sucessores chegassem lá mais maduros, mais sábios e menos suscetíveis a fazer coisas que prejudicassem o Trono, a Inglaterra e a estabilidade”.

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