Lula e Bolsonaro ressaltam celebração do 7 de Setembro
Presidenciáveis têm agendas distintas na comemoração do dia da Independência do Brasil
Os dois candidatos que lideram as pesquisas têm planos bem diferentes para a comemoração do Bicentenário da Independência do Brasil, neste 7 de Setembro, sempre de olho no resultado eleitoral.
O presidente Jair Bolsonaro (PL), que vem convocando seus apoiadores há semanas para os atos, confirmou presença nas manifestações de Brasília e do Rio de Janeiro. Além disso, está previsto que ele participe da manifestação em São Paulo por vídeo.
“Não adianta pedir liberdade quando você está preso. Você tem que lutar enquanto você está livre. Então, no próximo dia 7, um convite, às 9h da manhã aqui em Brasília, um grande desfile aqui e, depois, às 15h em Copacabana, lá no Rio de Janeiro. Esse é um evento para marcar a posição no momento”, afirmou Bolsonaro durante transmissão nas redes sociais.
Os resultados das últimas pesquisas eleitorais, que apontam Bolsonaro com dificuldade para diminuir a diferença em relação ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa, fez aumentar a apreensão sobre qual será o tom adotado em seus discursos.
Para o cientista político da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Guilherme Casarões, “não parece que ele [Bolsonaro] vá moderar o discurso nesse ambiente, ainda mais insuflado pela população que estará lá o apoiando, ele costuma nessas horas até aumentar o tom.”
“Mas, dificilmente, vamos ver um contexto de violência generalizada ou de qualquer incitação à ruptura democrática no dia de amanhã. Qualquer coisa que saia do script pode colocar a própria candidatura do presidente Bolsonaro em risco”, continuou Casarões.
No ano passado, o 7 de Setembro foi marcado por ataques a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). À época, as ameaças do presidente aprofundaram a crise entre o Executivo e o Judiciário.
O ex-presidente Lula, por sua vez, não tem aparições públicas programadas. O petista deve dedicar o dia à gravação de propagandas políticas para o rádio e a televisão.
A avaliação dos aliados de Lula é de que Bolsonaro e seus apoiadores devem radicalizar o discurso durantes os atos. E, toda vez que fez isso, o atual presidente viu crescer a rejeição do eleitorado. É com isso que o PT conta.
“Ele não poderá, ao contrário do seu principal adversário, capitalizar em cima do dia da Independência do Brasil. Se ele manda seus apoiadores saírem de camiseta vermelha, por exemplo, isso vai insuflar ainda mais a candidatura do presidente Bolsonaro e criar essa oposição que favorece o presidente entre verde e amarelo de um lado e vermelho do outro. Vai ser muito difícil pros outros candidatos, em particular Lula, usar para sua própria finalidade eleitoral”, explica Casarões.
Em reunião com membros de sua campanha nesta terça-feira (6), o petista criticou o uso eleitoral da data pelo adversário.
“De um lado temos um candidato que está no cargo tentando utilizar a máquina pública, inclusive agora usurpando o 7 de setembro do povo brasileiro como uma coisa pessoal dele. Ou seja, tratando o 7 de setembro como se fosse uma coisa dele. Quando, na verdade, o 7 de setembro é uma comemoração de uma festa de interesse de 215 milhões de brasileiros, porque afinal de contas é a indecência do nosso país”, expôs Lula.