Mercado aumenta projeções para PIB de 2022 com 2º trimestre melhor que esperado
Economia cresceu mais que o esperado e foi beneficiada por desempenho de áreas como serviços, indústria e investimentos
Bancos e casas de análise revisaram nesta quinta-feira (1º) as suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2022 depois do resultado do segundo trimestre vir acima do esperado.
Ao CNN Brasil Business, especialistas destacaram surpresas positivas nos setores de serviços e indústria, além de destaque para o crescimento de investimentos, o que abriria margem para as revisões.
A Genial Investimentos elevou sua projeção para um crescimento de 2,8% ante os 2,5% anteriores, citando como destaques o setor de serviços, com a normalização de atividades presenciais, o consumo das famílias, refletindo estímulos fiscais e um mercado de trabalho mais robusto, e o setor industrial.
“Nossa avaliação é que o PIB do 2º trimestre foi positivo, não só pelo valor acima do esperado, mas também pela disseminação de resultados positivos entre diversos subgrupos”, afirma a Genial em relatório.
Já o Bank of America subiu a previsão de crescimento de 2,5% para 3,25%, mantendo expectativa de alta de 0,9% em 2023.
O banco destacou que “a atividade iniciou 2022 em ritmo forte, apesar do impacto negativo inicial da onda[da variante] Ômicron, e manteve seu desempenho ao longo do segundo trimestre, com números ainda mais impressionantes. O principal destaque foi a resiliência do setor de serviços, com surpresas positivas durante o primeiro semestre”.
O relatório afirma ainda que o consumo privado foi beneficiado por estímulos e isenções fiscais, e que haverá no próximo semestre uma “grande influência positiva” da redução do ICMS sobre combustíveis e do aumento do Auxílio Brasil.
“O impacto descendente da desaceleração global é um risco negativo para o segundo semestre, assim como os efeitos defasados do aperto da política monetária”, alerta a instituição.
O Inter também revisou a projeção para o PIB para cima, esperando agora alta de 2,6%. “O PIB surpreendeu novamente com crescimento maior que o esperado. Na comparação anual, a alta foi de 3,2%. O destaque no trimestre foi o crescimento de 4,8% nos investimentos, puxados pela construção”.
Para o Goldman Sachs, a economia brasileira teve um bom desempenho no primeiro semestre mesmo com condições financeiras mais apertadas e a aceleração da inflação, com uma atividade “particularmente robusta” no setor de serviços e uma resiliência de crescimento. A projeção foi revisada de 2,2% para 2,9%, com crescimento próximo de 1% em 2023.
“Esperamos que alguns dos setores de serviços ainda impactados pelo Covid (em particular serviços para famílias) se recuperem ainda mais nos próximos meses, apoiados em parte pela renovação de estímulos”, diz o banco, citando cortes de impostos.
“No entanto, daqui para frente, A alta inflação, o impacto defasado do recente aperto monetário e financeiro, condições de crédito mais exigentes, elevado nível de endividamento das famílias, desaceleração da economia global e a incerteza política pós-eleitoral provavelmente acrescentarão
ventos contrários à atividade econômica”, afirma em relatório.
Também em relatório, o banco ABC elevou a previsão para o PIB de 2,8%, ante 2,2% anteriormente, com expectativa de alta de 0,7% em 2023.
“Neste segundo semestre, contaremos ainda com estímulos fiscais remanescentes e melhora marginal nos dados de mercado de trabalho (consumo), ao passo que o efeito dos juros reais mais restritivos começarão a pesar para o outro lado”, avalia a instituição.
Já a Órama revisou a projeção de 2,2% para 2,7%, enquanto a Ativa Investimentos anunciou revisão para o PIB de 2022 de crescimento de 1% para 2%, citando “dados mais positivos do primeiro semestre”.
A Eleven afirmou esperar agora um crescimento de 3%, ante os 2% anteriores, “em linha com a divulgação positiva das contas nacionais do 2T22, que deixou um carry-over de 2,6% para o ano. Destaque para a indústria, que mostrou aceleração após alívio nos problemas globais de logística, e serviços, que seguirão beneficiados pela distribuição de auxílios no segundo semestre do ano”.
O Banco MUFG revisou a projeção de 1,7% para 2,7%, destacando porém que espera contração no quarto trimestre “uma vez
o impacto desses estímulos [fiscais] será menor e a economia sentirá mais fortemente os impactos do aperto monetário”.
A Suno e a XP Investimentos também anunciaram que devem revisar suas expectativas para o PIB deste ano, mas ainda não divulgaram os novos números.
Em relatório, a XP destacou que “a atividade econômica brasileira cresceu fortemente nos dois últimos trimestres, com destaque para o sólido aumento da demanda doméstica. Nossa projeção para a variação do PIB em 2022, atualmente em 2,2%, tem claro viés de alta”.
A instituição vê, ainda, viés positivo para a previsão de alta de 0,5% em 2023, “a despeito da política monetária em território amplamente contracionista e o enfraquecimento da economia global”.