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    Trump pondera adiar decisão sobre eleições à medida que crescem problemas legais

    Ex-presidente passou as últimas semanas se afastando do projeto de lançamento de sua candidatura após a eclosão da busca do FBI em sua propriedade em Mar-a-Lago

    Gabby OrrKristen Holmesda CNN

    O ex-presidente Donald Trump está considerando esperar até depois das eleições intermediárias de novembro para lançar uma terceira campanha presidencial. O republicano navega em uma ampla gama de problemas legais e preocupações crescentes de que alguns de seus candidatos escolhidos a dedo ao Senado possam ser mais fracos do que ele pensava, revelaram interlocutores de Trump à CNN.

    Depois de meses de olho no fim de semana do Dia do Trabalho como a data de lançamento prevista para a sua campanha de 2024, Trump passou as últimas semanas se afastando desse projeto após a eclosão da busca do FBI em sua propriedade em Mar-a-Lago e um pânico crescente entre os republicanos de que o partido pode não conquistar em novembro a “onda vermelha” que há muito antecipa.

    Embora sua linha do tempo possa mudar novamente entre agora e novembro, o ataque de preocupações políticas e legais deixou o ex-presidente nervoso em mergulhar prematuramente nas primárias de 2024, de acordo com nove ex e atuais assessores e aliados de Trump que pediram anonimato para discutir esses assuntos internos.

    Os argumentos dos conselheiros que querem que ele espere até o anúncio de campanha variam. Acreditando que ele será o favorito indiscutível, independentemente de quando anunciar, alguns disseram que, se ele lançar outra candidatura à Casa Branca muito cedo, ficará sem dinheiro na época em que os republicanos sediarem sua convenção de indicação, deixando-o sem dinheiro e vulnerável ​​durante as eleições gerais.

    É melhor abordar primeiro as consequências legais da busca do FBI, disseram outros conselheiros a Trump e sua equipe.

    “Todo mundo estava operando sob a suposição de que logo após o Dia do Trabalho seria o melhor momento possível para o lançamento, mas isso mudou e ele está sendo instruído a lidar com as coisas do FBI primeiro”, explicou um assessor de Trump.

    Caso contrário, dizem os assessores, é mais provável que o ex-presidente seja responsabilizado por perdas potenciais nas eleições de meio de mandato se ele se tornar candidato à presidência antes de novembro e seus problemas legais distrairem a maioria dos republicanos – especialmente aqueles que concorrem em corridas competitivas.

    Enquanto os candidatos ao Senado apoiados por Trump na Pensilvânia, Ohio e Arizona lutam para eclipsar seus oponentes em angariação de fundos e pesquisas recentes, um número crescente de confidentes de Trump compartilharam preocupações com ele de que um anúncio pré-intermediário seria uma arma para os democratas, que continuam ansiosos para desviar a atenção da inflação e do aumento do crime e já são bem versados ​​em usar Trump como uma folha de campanha.

    “Há uma relação direta se Trump fizer um anúncio de campanha em novembro e os republicanos perderem o Senado, e a última coisa que ele quer é ser culpado por isso”, alegou um ex-assessor de campanha de Trump.

    O próprio Trump começou a reclamar em particular sobre o desempenho de Mehmet Oz na disputa do Senado da Pensilvânia e uma onda de polêmicas que Herschel Walker, aposta para o Senado da Geórgia, gerou no início deste verão, quando tornou-se público que ele teve vários filhos fora do casamento, apesar de criticar rotineiramente os pais ausentes, disse este assessor.

    Nos dias após investigadores federais revistarem a residência de Trump à beira-mar no início de agosto, o ex-presidente foi inundado com ligações de aliados pedindo que ele anunciasse sua candidatura à presidência imediatamente.

    “Estava tão quente”,  alegou um aliado de Trump, descrevendo o apoio crescente que Trump encontrou entre os parrtidários de base e os principais republicanos depois que ele revelou que o FBI havia revistado sua casa.

    Mas, à medida que a batalha legal sobre os registros apreendidos durante a busca continua e novos detalhes surgem sobre o grande volume de registros confidenciais que Trump aparentemente estava armazenando ao acaso em Mar-a-Lago, outras pessoas na órbita de Trump pedem que ele coloque qualquer anúncio de campanha em espera até que ele resolva seus problemas legais.

    O mandado do FBI aberto no início deste mês revelou três possíveis crimes federais como motivo da busca: violações da Lei de Espionagem, obstrução da Justiça e manipulação criminal de registros do governo.

    Em uma ação judicial impetrada na noite de terça-feira (30), o Departamento de Justiça disse que os documentos foram “provavelmente escondidos e removidos” de um depósito em Mar-a-Lago como parte de um esforço para “obstruir” a investigação do FBI.

    Trump, que não foi acusado de nenhum crime, negou repetidamente irregularidades enquanto se gabava de que a busca do FBI impulsionou suas perspectivas para 2024 e enviou um choque de energia através de sua base política.

    Outro conselheiro de Trump que já havia pressionado por um anúncio de campanha antes de novembro se retratou, juntando-se àqueles que acreditam que esperar até depois das eleições intermediárias é uma abordagem mais prudente.

    “Não há urgência porque ele não será ofuscado por outra pessoa”, pontuou o ex-assessor de campanha de Trump Bryan Lanza, apontando para a multidão de potenciais rivais de 2024 que correram em defesa de Trump – ou lançaram fortes críticas ao Departamento de Justiça – após ao saber que investigadores federais haviam executado um mandado de busca em sua casa.

    “Pessoalmente, sinto que é um sinal de fraqueza se ele anunciar antes do meio do mandato”, disse Matt Schlapp, um importante aliado de Trump que preside a União Conservadora Americana. Trump já havia considerado um anúncio pré-intermediário como uma maneira de limpar o campo de possíveis adversários, algo com o qual Schlapp e outros agora dizem que não precisam mais se preocupar.

    Alguns ainda querem que Trump anuncie agora

    Apesar de Trump ser aconselhado por um número crescente de conselheiros a adiar seu anúncio de campanha até o final deste outono ou inverno, nem todos em seu círculo íntimo estão convencidos de que essa é a medida certa.

    Uma fonte próxima a Trump descartou as crescentes preocupações políticas e legais como “desculpas”, argumentando que o ex-presidente já está sendo culpado pela mudança na previsão de meio de mandato e que adiar o lançamento de uma campanha presidencial é improvável que o imunize de mais críticas entre os republicanos sobre o partido conseguir ou não ganhar o Senado.

    “Eles vão culpá-lo, não importa o que aconteça, então ele deve apenas anunciar”, justificou essa pessoa.

    Fontes familiarizadas com o pensamento de Trump disseram que ele tem sido mais receptivo a adiar seu anúncio de campanha até depois das eleições, em parte por causa da maneira como os republicanos se uniram a ele após a busca do FBI.

    O ex-presidente afirmou recentemente a aliados que não acha que enfrentará um adversário formidável nas primárias republicanas de 2024, de acordo com três interlocutores de Trump, um dos quais relata que Trump foi rápido em apontar como o governador da Flórida Ron DeSantis comparou a busca do FBI com as táticas da “República das Bananas”.

    Espera-se que DeSantis seja um dos principais rivais nas primárias se concorrer à indicação contra Trump.

    “Ele está cheio de problemas legais, mas isso não o impediu de gostar totalmente disso”, opinou uma segunda pessoa próxima ao ex-presidente, que pediu anonimato por medo de represálias.

    Até agora, o consenso entre os agentes republicanos a dois anos da eleição de 2024 é que é improvável que Trump enfrente uma ameaça primária real, embora seja amplamente esperado que ele enfrente desafios de um punhado de aspirantes ao Partido Republicano.

    O ex-vice-presidente Mike Pence, o ex-governador de Nova Jersey Chris Christie e o governador de Maryland Larry Hogan são alguns dos rivais mais prováveis ​​que Trump pode enfrentar se concorrer novamente.

    Schlapp, que acredita que Trump de fato atrairá os principais concorrentes, disse que nenhum seria “sério em termos de poder para ganhar a indicação”. Ele acrescentou que a indignação de Trump com a busca do FBI lhe dará algo para explorar se e quando ele anunciar uma terceira campanha presidencial.

    “Às vezes, acho que ele é melhor quanto mais amargo ele fica”, considerou Schlapp, alegando que a aparição de Trump no início de agosto na Conferência de Ação Política Conservadora em Dallas foi um ponto de virada para alguns republicanos que anteriormente estavam indecisos sobre seu desejo de voltar depois de perder para Joe Biden em 2020.

    Dois dias antes de os investigadores federais realizarem sua busca em Mar-a-Lago, Trump usou o discurso para reclamar que está “sempre sendo perseguido”.

    Um dos conselheiros de Trump deu um passo adiante, sugerindo que uma acusação de Trump pelo governo Biden “seria benéfica” para o ex-presidente neste momento.

    “Pareceria muito partidário neste momento”, acrescentou este conselheiro.

    Biden, que insistiu que não tinha aviso prévio sobre a busca, enfatizou a independência do Departamento de Justiça. Mas Trump frequentemente foi à sua plataforma de mídia social para criticar o que ele chamou de “caça às bruxas” politicamente motivada e criticou o FBI e Biden.

    Priorizando suas lutas legais

    Embora Trump ainda não tenha tomado uma decisão firme sobre o momento, enquanto pondera uma oferta para 2024, sua falta de planejamento para o lançamento da campanha sinalizou para aqueles ao seu redor que ele quer esperar o tempo certo.

    Até adicionar o ex-procurador-geral da Flórida, Chris Kise , à sua equipe de defesa legal na terça-feira (30), Trump estava lutando para navegar pelo perigo legal em que se encontra, enquanto investigadores federais vasculham os documentos confidenciais que apreenderam em sua residência – possivelmente construindo um caso criminal em o processo.

    Aqueles próximos ao ex-presidenete consideram que Trump parece estar colocando suas ambições políticas em segundo plano – mesmo que apenas temporariamente – para dar à sua equipe jurídica espaço para operar e criar estratégias sem as restrições de tempo que uma campanha presidencial exigiria.

    O ex-presidente passou as três semanas desde que o FBI realizou sua busca em Mar-a-Lago tentando capitalizar o momento politicamente, enquanto seus advogados lutaram para desenvolver uma estratégia clara.

    Sua equipe jurídica esperou até semanas após a busca, por exemplo, para protocolar um chamado para uma revisão independente dos materiais retirados de sua casa, que serão alvos de uma audiência nesta semana.

    “No momento, é uma questão de ele querer tornar tudo político ou obter alguma estabilidade legal para garantir que tudo dê certo antes de dar o próximo passo”, completou um dos assessores de Trump.

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