“Era Uma Vez um Gênio” traz uma fábula sobre como narrar uma boa história
Tilda Swinton e Idris Elba estrelam o romance de fantasia que estreia nesta quinta-feira (1) nos cinemas
George Miller é um dos diretores mais versáteis de sua geração. Ele passeia por diversos gêneros, mas sempre mantém um aspecto em comum dentre seus filmes, sejam eles menos ou mais comerciais: uma narrativa caprichada.
Conhecido por “Mad Max” (um clássico do cinema de ação), “O Óleo de Lorenzo” (um drama médico) e Happy Feet (uma animação sobre aquecimento global), George Miller nos traz agora “Era Uma Vez um Gênio”, estrelando Tilda Swinton e Idris Elba.
A trama é simples: Alithea (Tilda Swinton) é uma acadêmica fria e desiludida com o amor após uma relação frustrada.
Em uma viagem a Istambul, ela encontra uma garrafa colorida em uma feira; decide comprá-la e levá-la ao seu hotel. Lá, um gênio se liberta da garrafa e, como de praxe, concede a ela três desejos.
Porém, Alithea não se deixa enganar. Ela é uma pesquisadora especializada em mitos, sabe que gênios podem ser dissimulados.
O ser mágico em questão garante, porém, que ele é apenas um tolo que se deixa levar por todas as mulheres que o aprisionaram.
Curiosa, Alithea pergunta sobre a vida do gênio, que chegando perto dos três mil anos de existência, compartilha tudo que já viveu.
O filme é uma história dentro de várias. Ao melhor estilo de narrativas fantásticas, George Miller homenageia uma das maiores antologias da história: “As Mil e uma Noites”, a começar pelo título em inglês, também com numerais, “Three Thousand Years of Longing” – algo como “Três Mil Anos de Espera”, em português.
Outros elementos deste tributo estão no filme: o cenário é o Oriente Médio, a relação íntima do casal é cada vez mais destrinchada e há o fato das histórias contadas servirem como pretexto para um objetivo maior.
No caso do gênio, sua liberdade. Apesar de, em um primeiro momento, Alithea se recusar a pedir qualquer coisa, o personagem interpretado por Idris Elba vai conquistando seu interesse, até que ela cede, com um pedido um tanto desesperado, mas crível.
Afinal de contas, estamos falando de um conto de fadas para adultos, principalmente para aqueles com dificuldades em lidar com sentimentos.
E esse é um conto de fadas que nos prende, inclusive, a ponto de ignorarmos os efeitos especiais medíocres do filme. Por que precisamos de uma fumaça realista quando temos dois dos maiores atores britânicos contracenando juntos?
Para um último ato, adentramos mais do que nunca nessa relação mortal-imortal.
Alithea passou apenas um dia em Istambul, tendo que retornar à Grã-Bretanha o mais rápido possível.
Portanto, com uma mudança de cenário e a linda ambientação musical de Tom Holkenborg, o filme chega a uma conclusão simples, tal qual sua trama: amar não precisa ser tão difícil assim.