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    Dólar sobe e fecha a R$ 5,20 com aversão global a riscos; Ibovespa cai 0,82%

    Moeda norte-americana valorizou 1,74%, enquanto o principal índice da B3 terminou o dia aos 110.430,64 pontos

    Dados da zona do euro e dos Estados Unidos deram forças a apostas em ciclos de alta de juros mais agressivos
    Dados da zona do euro e dos Estados Unidos deram forças a apostas em ciclos de alta de juros mais agressivos Getty Images

    João Pedro Malardo CNN Brasil Business* em São Paulo

    O dólar fechou em alta de 1,74%, cotado a R$ 5,20, nesta quarta-feira (31), refletindo uma piora da aversão a riscos e pessimismo no exterior, conforme os investidores intensificam apostas em uma recessão global. Já o Ibovespa encerrou em queda de 0,82%, aos 110.430,64 pontos.

    A moeda norte-americana interbancária terminou no maior patamar desde 4 de agosto e maior alta percentual desde 2 de agosto. Em dois dias, o dólar saltou 3,33%, maior valorização para o período desde meados de junho. Ao mesmo tempo, esse foi o menor patamar do índice desde 11 de agosto, quando encerrou aos 109.718 pontos.

    Apesar das ações da Petrobras – que possuem forte peso no Ibovespa – estarem em alta devido à estatal iniciar o pagamento da primeira parte de dividendos recordes. O índice operou ao longo do dia em terreno negativo, refletindo uma cautela maior no mercado e retirada de investimentos de ativos arriscados. Agosto terminou com o segundo maior ganho mensal do ano.

    O mau humor externo piorou após a divulgação de dados industriais da China que indicaram um aprofundamento da desaceleração econômica do país, o que tende a prejudicar em especial exportadores de commodities, pela perspectiva de demanda menor.

    Além disso, a inflação recorde na zona do euro em agosto e dados indicando um mercado de trabalho ainda aquecido nos Estados Unidos deram forças a apostas em ciclos de alta de juros mais agressivos, um cenário ruim para a economia mundial.

    Dólar

    A moeda norte-americana teve volatilidade na sessão devido à formação da Ptax de agosto, uma taxa de câmbio calculada pelo Banco Central. Agentes financeiros costumam tentar direcioná-la para níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas ou vendidas em dólar.

    Banco Central também realizou neste pregão leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 3 de outubro de 2022. A operação do BC ajuda a dar liquidez na moeda, mas especialistas consultados pelo CNN Brasil Business apontam que o órgão poderia atuar mais para conter a volatilidade do câmbio.

    O real sofreu adicionalmente com percepção de saída de recursos relacionada ao pagamento de dividendos da Vale e da Petrobras a investidores de posse de ADRs, com bancos emissores dos recibos remetendo os valores a clientes externos. O ingresso anterior de capital derivado da necessidade das empresas de fazer caixa para realizar os pagamentos teria turbinado a queda recente do dólar, segundo relatos.

    Na terça-feira (30), o dólar teve alta de 1,57%, a R$ 5,112. Já o Ibovespa fechou em queda de 1,68%, aos 110.430,64 pontos.

    No mês, a moeda norte-americana encerrou em alta de 0,54% e, no ano, caiu 6,69%. Já o principal índice da B3 fechou o período com ganhos aproximados de 7%.

    Sentimento global

    A aversão global a riscos dos investidores, desencadeada por temores sobre uma possível desaceleração econômica generalizada devido a uma série de altas de juros pelo mundo para conter níveis recordes de inflação, tem variado de intensidade dependendo das expectativas sobre o ciclo de alta de juros nos Estados Unidos.

    O processo de elevação da taxa norte-americana continuou em julho com uma nova alta de 0,75 ponto percentual. Entretanto, o Federal Reserve sinalizou que poderia realizar altas menores conforme a economia do país já dá sinais de desaceleração, buscando evitar uma recessão.

    Os juros maiores nos Estados Unidos atraem investimentos para a renda fixa do país devido a sua alta segurança e favorecem o dólar, mas prejudicam os mercados e as bolsas ao redor do mundo, inclusive as norte-americanas.

    Os investidores monitoram ainda a situação da economia da China, que também dá sinais de desaceleração ligados a uma série de lockdowns em cidades relevantes. A expectativa é que o governo chinês intensifique um esforço para estimular a economia, enquanto enfrenta dificuldades para reverter um quadro de baixo consumo pela população, que impacta a demanda do país por commodities.

    Mesmo assim, o Ibovespa e o real encontraram espaço para recuperação com uma melhora de humor do mercado, apoiada nas perspectivas positivas para as commodities, um cenário econômico doméstico mais forte e uma redução da percepção de riscos em relação às eleições. O cenário, entretanto, pode mudar dependendo do grau de aversão a riscos no exterior.

    Sobe e desce da B3

    Veja os principais destaques do pregão desta quarta-feira:

    Maiores altas

    • Méliuz (CASH3) +3,97%;
    • Pão de Açúcar (PCAR3) +3,38%;
    • Petz (PETZ3) +3,24%;
    • Petrobras (PETR3) +2,94%;
    • Sabesp (SBSP3) +2,61%

    Maiores baixas

    • Alpargatas (ALPA4) -5,54%;
    • Magazine Luiza (MGLU3) -5,32%;
    • Braskem (BRKM5) -4,84%;
    • Dexco (DXCO3) -4,84%;
    • IRB Brasil (IRBR3) -4,65%

     

    *Com informações da Reuters