EUA e China alcançam acordo histórico de auditoria que beneficia techs chinesas
Acordo distensiona as relações entre os países, dando ao país a chance de manter o acesso aos mercados de capitais mais importantes do mundo
Pequim e Washington avançaram nesta sexta-feira (26) para encerrar uma disputa que ameaçava expulsar empresas chinesas, incluindo o Alibaba, de bolsas de valores dos Estados Unidos, assinando um pacto para permitir que reguladores norte-americanos examinem empresas de contabilidade na China e em Hong Kong.
O acordo distensiona as relações entre os países e é um alívio para centenas de empresas chinesas, seus investidores e bolsas dos EUA, dando à China a chance de manter o acesso aos mercados de capitais mais importantes do mundo.
Caso contrário, cerca de 200 empresas chinesas podem ser banidas das bolsas do país, disse o presidente da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC), Gary Gensler.
Ao anunciar o acordo, autoridades dos EUA fizeram uma nota cautelosa, alertando que é apenas um primeiro passo e que a conformidade da China será definida pela capacidade de conduzir inspeções desobstruídas, como o acordo promete.
“Este acordo será significativo apenas se o Conselho de Supervisão de Contabilidade de Empresas Públicas PCAOB realmente puder inspecionar e investigar completamente as empresas de auditoria na China”, disse.
Ainda assim, o PCAOB, que supervisiona auditorias de empresas listadas nos EUA, disse que foi o acordo mais detalhado que o regulador já alcançou com a China.
A Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China (CSRC) disse que o acordo é um passo importante para abordar a questão da auditoria.
Em princípio, o acordo parece ter dado ao PCAOB o que ele exige há muito tempo, ou seja, acesso total a papéis de trabalho de auditoria chinesa sem redações, o direito de obter depoimentos de funcionários da empresa de auditoria na China e a critério exclusivo de selecionar quais empresas inspeciona.
Autoridades dos EUA disseram que notificaram as empresas selecionadas na manhã de sexta-feira e devem desembarcar em Hong Kong, onde as inspeções ocorrerão, em meados de setembro.
O regulador de valores mobiliários chinês disse que manter as empresas chinesas listadas nos EUA beneficia investidores, empresas e ambos os países.
As regras estipulam que, se a China não estiver em conformidade, suas empresas poderão ser impedidas de entrar nas bolsas norte-americanas até o início de 2024, mas esse prazo pode ser antecipado. Gensler disse que as empresas chinesas ainda podem ser deslistadas se as inspeções forem obstruídas.
O PCAOB e a SEC esperam determinar a conformidade da China até o final do ano, disseram autoridades.
As principais empresas chinesas listadas nos EUA subiram nas negociações de pré-mercado, como Alibaba, Pinduoduo, Baidu, antes de sucumbir à ampla venda em Wall Street, ante preocupações com aumentos dos juros pelo Federal Reserve.