Cidades ucranianas proíbem eventos do Dia da Independência por receio de ataques
Dia 24 de agosto também marcará seis meses do início da guerra entre Rússia e Ucrânia; presidente Volodymyr Zelensky alertou para investidas "particularmente cruéis"
Eventos para comemorar o Dia da Independência da Ucrânia, na próxima quarta-feira (24), foram proibidos na capital Kiev e na segunda maior cidade do país, Kharkiv. A medida foi adotada após o presidente Volodymyr Zelensky e outras autoridades alertarem que a Rússia pode realizar ataques com mísseis.
O chefe de Estado disse no sábado (20) que o governo russo pode estar planejando ataques “particularmente cruéis” durante a data, que marcará 31 anos desde que a Ucrânia rompeu os laços com a União Soviética e à medida que a guerra se aproxima dos seis meses de duração.
“Todos devemos estar cientes que esta semana a Rússia pode tentar fazer algo particularmente feio, algo particularmente cruel”, afirmou Zelensky em uma mensagem de vídeo.
“Uma das principais tarefas do inimigo é nos humilhar, desvalorizar nossas capacidades, nossos heróis, espalhar desespero, medo, conflitos… Portanto, é mais importante do que nunca, por um único momento, ceder a essa pressão inimiga, mas não nos fecharmos, não mostrarmos fraqueza”, destacou.
Em Kiev, a administração militar da cidade proibiu todas as grandes reuniões entre segunda (22) e quinta-feira (25), pontuando que “é proibido realizar eventos de massa, reuniões pacíficas, comícios e outros eventos relacionados a uma grande aglomeração de pessoas”.
O general Mykola Zhyrnov, chefe da administração militar local, explicou que a ordem foi imposta para que as forças de segurança pudessem responder “em tempo hábil às ameaças de ataques com mísseis e bombas das tropas da Federação Russa em centros de tomada de decisão, instalações militares, instalações da indústria de defesa, infraestrutura crítica e áreas residenciais próximas”.
Zhyrnov disse que ordenou que as autoridades da cidade usem o mínimo necessário de agentes, funcionários públicos e trabalhadores para garantir transporte e outros serviços.
Em Kharkiv, onde ataques russos mataram e feriram centenas de civis nos primeiros meses da guerra, as autoridades anunciaram um toque de recolher a partir das 19h (horário local) da véspera do Dia da Independência até às 7 horas do dia seguinte.
“Pedimos que você entenda essas medidas e se prepare para ficar em casa e em abrigos – essa é a nossa segurança”, observaram em comunicado.
Natalia Humeniuk, porta-voz do comando militar do sul da Ucrânia, advertiu no domingo que “a data de nossa independência e de início da invasão russa coincidem – o dia 24. E há o dia da bandeira ucraniana, no dia 23. Estamos prontos para o fato de que haverá um aumento de algum tipo de agressão, haverá um aumento de ataques com mísseis”.
Na semana passada, autoridades ucranianas afirmaram que mais mísseis russos foram implantados em uma base aérea em Belarus. Projéteis de artilharia também continuam a cair próximos da maior usina nuclear da Europa, no sul da Ucrânia.
Enquanto isso, personalidades da mídia em Moscou pediram nesta segunda-feira ataques a Kiev em resposta ao assassinato de Darya Dugina, uma comentarista política russa e filha do influente ultranacionalista Alexander Dugin.
O Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB) culpou um agente do serviço de segurança ucraniano pela explosão do carro-bomba que matou Dugina no sábado, informou a agência de notícias estatal russa TASS, desencadeando os pedidos de ataques na capital e em outros lugares.
A CNN não pode verificar de forma independente as alegações do FSB citadas pelo reportagem da TASS. A Ucrânia negou qualquer envolvimento na morte de Dugina.