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    Ibovespa fecha em queda de 2,04% e dólar fica a R$ 5,17 com juros nos EUA

    Principal índice da B3 encerrou aos 111.496,21 pontos, enquanto a moeda norte-americana desvalorizou 0,06%

    João Pedro Malardo CNN Brasil Business* em São Paulo

    O Ibovespa fechou com perdas de 2,04%, aos 111.496,21 pontos, nesta sexta-feira (19), com quase todas as ações que compõem o índice em queda, seguindo um dia negativo no exterior com um pessimismo entre investidores. O índice também foi pressionado pela queda no preço das commodities, como o petróleo e o minério de ferro.

    Esse foi o maior recuo desde 11 de julho, quando caiu 2,07%. À época, o Ibovespa foi puxado para baixo principalmente pela queda nas ações ligadas a commodities, que refletiram uma desvalorização nos preços do petróleo e minério de ferro em meio a temores de uma desaceleração econômica mais forte na China e uma consequente queda na demanda.

    Já o dólar terminou rondando a estabilidade, com em leve queda de 0,06%, cotado a R$ 5,168, com os investidores retomando uma aversão a riscos em meio às preocupações com um quadro de recessão global.

    A taxa de câmbio segue “congestionada” entre suas médias móveis de 50, 100 e 200 dias, linhas que, rompidas de maneira sustentável, poderiam indicar início de tendência para os preços.

    O real não chegou a figurar entre as moedas de pior desempenho na semana, com seus pares chileno, colombiano e rand sul-africano encabeçando a lista de perdas no espectro de divisas emergentes.

    Na quinta-feira (18), o dólar subiu 0,06%, a R$ 5,171. Já o Ibovespa teve alta de  0,09%, aos 113.812,87 pontos.

    Na semana

    Na semana, o dólar subiu 1,86%. A alta por pouco não evaporou as perdas no acumulado do mês (agora em 0,08%) e reduziu a queda no ano para 7,27%.

    O real não chegou a figurar entre as moedas de pior desempenho na semana, com seus pares chileno, colombiano e rand sul-africano encabeçando a lista de perdas no espectro de divisas emergentes.

    Mas, num mau agouro para a divisa brasileira e outras de países exportadores de commodities, chamou atenção o declínio do iuan chinês, que pelas taxas “offshore” sofreu a maior desvalorização semanal desde abril (de cerca de 1,4%) e tocou o menor patamar desde setembro de 2020, a US$ 6,844.

    A China segue enfrentando reveses nas cadeias de suprimentos decorrentes da pandemia de Covid-19, e suas perspectivas de crescimento tiveram novo abalo nos últimos dias conforme uma onda de calor no país forçou a paralisação de fábricas e piorou o cenário de seca nos reservatórios, com relatos de restrição no consumo de eletricidade.

    É nesse contexto em que a segunda maior economia do mundo patina e os EUA seguem enfrentando inflação alta que estrategistas do Bank of America não veem refresco no curto prazo.

    “Com a inflação várias vezes acima da meta na maioria dos casos, acreditamos que é muito cedo para esperar um pivô ‘dovish’ (inclinado a flexibilizar a política monetária). Vemos riscos de taxas de juros mais altas, por mais tempo, do que os preços de mercado. O PBOC (banco central chinês) sinaliza seu desejo de depreciação do iuan com amarras, e rand sul-africano, real, peso mexicano e zloty polonês mostram a maior sensibilidade aos movimentos do iuan”, disseram os profissionais em nota.

    Na próxima semana, investidores estarão atentos à ata da reunião de julho do Banco Central Europeu (BCE), bem como a comentários do chair do Fed, Jerome Powell, quando discursar na conferência anual global de bancos centrais em Jackson Hole, Wyoming, em 26 de agosto.

    Possível recessão

    O temor no mercado ao longo do pregão foi que as altas de juros para combater níveis recordes de inflação levem a um quadro de forte desaceleração ou até recessão em grandes economias, em especial os Estados Unidos.

    Na quinta-feira (18), dirigentes do Federal Reserve sinalizaram uma posição mais dura no combate às pressões inflacionárias, ajudando apostas em elevações maiores de juros, de 0,75 ponto percentual em setembro, benéficas para o dólar.

    Ao mesmo tempo, a economia da China também preocupa, com sinais de desaceleração que tendem a repercutir mundialmente, afetando em especial grandes exportadores de commodities, caso do Brasil.

    Minério de ferro

    Os contratos futuros de minério de ferro nas bolsas de Dalian e Cingapura caíram nesta sexta-feira e devem ter sua maior baixa semanal desde meados de julho, devido ao aumento da preocupação com a demanda pelo ingrediente siderúrgico na China à medida que a economia do país vacila.

    O contrato de minério de ferro mais negociado para janeiro na Dalian Commodity Exchange encerrou as negociações com queda de 2%, a 673,50 iuanes (US$ 98,93) a tonelada, depois de atingir seu menor nível desde 27 de julho, a 672 iuanes.

    Na Bolsa de Cingapura, o contrato de outubro mais ativo caiu 0,3%, para US$ 101,40 a tonelada.

    Uma onda de calor na China, maior produtora mundial de aço, trouxe racionamento de eletricidade, forçando algumas usinas a interromper as operações.

    Isso aumentou a preocupação com a demanda de minério de ferro. Analistas alertaram que a demanda provavelmente permanecerá fraca na China por causa dos limites obrigatórios de produção de aço, desaceleração do setor imobiliário e restrições da Covid-19.

    Petróleo

    Os contratos futuros de petróleo fecharam em alta nesta sexta-feira, em uma sessão marcada pela volatilidade. O óleo foi pressionado, em grande parte do dia, pelo fortalecimento do dólar ante rivais, em meio à maior busca por segurança antes do simpósio de Jackson Hole.

    O petróleo WTI para outubro, contrato mais líquido, fechou em alta de 0,37% (US$ 0,33), a US$ 90,44 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex). No entanto, na semana, houve queda de 1,79%. Já o Brent, na Intercontinental Exchange (ICE), para o mesmo mês subiu 0,13% (US$ 0,13), a US$ 96,72 o barril, com queda semanal de 1,46%.

    O óleo caiu em grande parte da sessão à medida que o dólar se valorizou com mais força, reduzindo a atratividade da commodity. Investidores ainda digerem as fortes quedas nos estoques de petróleo e gasolina dos EUA. Os dados mostram “uma demanda robusta”, disse Manish Raj, diretor financeiro da Velandera Energy Partners. “O relatório da próxima semana será observado de perto para ver se a sólida demanda desta semana foi apenas uma anomalia ou a nova norma. Enquanto isso, o acordo nuclear com o Irã parece estar “preso no vácuo, esmagando as esperanças de suprimentos adicionais”, completa Raj.

    Economista da Oanda Craig Erlam destaca, porém, que as negociações nucleares do Irã ainda não entraram em colapso, o que continua sendo um potencial negativo para os preços do petróleo “Podemos estar vendo os preços do petróleo se estabilizando em torno desses níveis, com o Brent pairando acima de US$ 92 e o WTI instável em torno de US$ 90”, destacou.

    Para a Capital Economics, pode haver notícias sobre as negociações entre o Irã e o Ocidente sobre um acordo nuclear revisado, na próxima semana. “Se um acordo fosse alcançado, a produção e as exportações do Irã provavelmente aumentariam rapidamente e revisaríamos nossa previsão de preço do petróleo de acordo”, prevê, em relatório enviado a clientes.

    Sentimento global

    A forte aversão global a riscos dos investidores, desencadeada por temores sobre uma possível desaceleração econômica generalizada devido a uma série de altas de juros pelo mundo para conter níveis recordes de inflação, aliviou nos últimos dias, refletindo a expectativa de um ciclo de alta de juros menos agressivo nos Estados Unidos.

    O processo de elevação da taxa norte-americana continuou em julho com uma nova alta de 0,75 ponto percentual. Entretanto, o Federal Reserve sinalizou que pode realizar altas menores conforme a economia do país já dá sinais de desaceleração, buscando evitar uma recessão.

    Os juros maiores nos Estados Unidos atraem investimentos para a renda fixa do país devido a sua alta segurança e favorecem o dólar, mas prejudicam os mercados e as bolsas ao redor do mundo, inclusive as norte-americanas.

    Os investidores monitora ainda a situação da economia da China, que também dá sinais de desaceleração ligados a uma série de lockdowns em cidades relevantes. A expectativa é que o governo chinês intensifique um esforço para estimular a economia, mas com dificuldades para reverter um quadro de baixo consumo pela população, que impacta a demanda do país por commodities.

    No cenário doméstico, a PEC dos Benefícios, que cria ou expande benefícios sociais com custo estimado em R$ 41 bilhões, foi mal recebida pelo mercado, já que reforça o risco fiscal ao trazer novos gastos acima do teto.

    O Ibovespa e o real foram prejudicados pelo cenário, mas um aparente otimismo maior no mercado vem permitindo uma recuperação.

    Sobe e desce da B3

    Veja os principais destaques do pregão nesta sexta-feira:

    Maiores altas

    • Minerva (BEEF3) +2,25%;
    • IRB Brasil (IRBR3) +1,85%;
    • Hypera (HYPE3) +1,70%;
    • Vibra (VBBR3) +1,69%;
    • Cogna (COGN3) +0,39%

    Maiores baixas

    • Locaweb (LWSA3) -7,72%;
    • Azul (AZUL4) -7,63%;
    • Gol (GOLL4) -7,30%;
    • MRV (MRVE3) -7,28%;
    • Magazine Luiza (MGLU3) -6,20%

    *Com informações da Reuters, da Agência Estado e da Dow Jones Newswires