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    Eleições 2022

    Bastidores da posse de Moraes: palavras e gestos dominam atenções

    Cerimônia de costume protocolar no TSE ganhou ares de evento político

    Basília Rodrigues

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    Ainda que o relacionamento de Alexandre de Moraes com Jair Bolsonaro, e de Bolsonaro com Lula, fossem os mais visados, outras movimentações também chamaram atenção na cerimônia de posse do novo presidente do TSE, na noite desta segunda-feira (17).

    De acordo com relatos de quem estava no plenário, o clima não foi caloroso entre Lula e o ministro Luís Roberto Barroso, relator da decisão que barrou o ex-presidente nas eleições de 2018. A militância critica até hoje a decisão do ministro que, na época, integrava o Tribunal Superior Eleitoral. Interlocutores de Lula afirmaram que houve olhares estranhos entre os dois.

    O plenário do TSE se transformou em um lugar de encontros improváveis. As pessoas mais importantes das eleições deste ano, entre candidatos, presidentes de partidos e magistrados, estavam lá. A plateia se diferenciou, no entanto, entre aqueles que aplaudiram o discurso de Moraes pela democracia, e os que não aplaudiram. Todos os ministros do Supremo Tribunal Federal estiveram presentes e também suas reações foram observadas. Apesar de indicados por Bolsonaro, os ministros André Mendonça e Nunes Marques não deixaram de aplaudir o colega de corte.

    O filho do presidente da República, Carlos Bolsonaro, e outros políticos bolsonaristas permaneceram sentados nos momentos em que Moraes era ovacionado.

    Carlos esteve em uma cadeira próxima da de Geraldo Alckmin, vice de Lula, a quem cumprimentou. Assessores em plenário contaram que o movimento se repetiu com outros políticos bolsonaristas, que falaram com Alckmin mas evitaram Lula. Outro encontro foi protagonizado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que sentou próximo e cumprimentou a ex-presidente Dilma Rousseff, de quem é bastante crítico.

    Na fileira de ex-presidentes da República, a ausência de Fernando Henrique Cardoso, por motivos de saúde, era esperada. Mas a de Fernando Collor de Mello, não. Collor, inclusive, foi um dos primeiros a confirmar presença em ligação com o próprio Moraes. Porém, depois, percebeu que a posse cairia no mesmo dia do início da campanha eleitoral, 16 de agosto. Como candidato ao governo de Alagoas, acabou não vindo para Brasília para coordenar as candidaturas de sua chapa.

    A posse marcou um momento histórico, às vésperas das eleições. Ministros do TSE destacaram a quantidade de vezes em que Alexandre de Moraes agradeceu ao microfone e também cumprimentou Bolsonaro, que já o chamou de “canalha”, em evento público.

    Após a cerimônia cheia de gestos e palavras simbólicos, como os cochichos entre Bolsonaro e Alexandre de Moraes, um ministro do TSE, sob a condição de anonimato, em conversa com a CNN declamou outro Moraes: “que seja eterno enquanto dure” – a célebre frase de Vinícius de Moraes.

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