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    Eleições 2022

    Fernando Molica: Polarização e antecipação do 2º turno resgatam importância da propaganda na TV

    Forma mais tradicional de caça aos votos tende a ser decisiva por chegar também a eleitores ainda não alinhados aos dois candidatos que lideram as pesquisas

    Fernando Molica

    O jeitão de segundo turno que caracteriza a primeira etapa da eleição presidencial resgatou a importância do horário de propaganda no rádio e, principalmente, na TV.

    Humilhada pelas mídias sociais na campanha de 2018, essa forma mais tradicional de caça aos votos tende a ser decisiva por chegar também a eleitores ainda não alinhados aos dois candidatos que dominam as intenções de voto e os embates na internet.

    Esses eleitores não petistas e não bolsonaristas terão um papel fundamental em 2 de outubro, pois caberá a eles definir se haverá uma segunda rodada para a escolha do futuro ocupante do Palácio do Planalto.

    A lógica da eleição em dois turnos prevê que, no primeiro confronto, o cidadão vote no seu favorito, independentemente de suas chances de vitória. Caso seu escolhido acabe não sendo um dos dois mais votados, o mesmo cidadão volta à urna para, em tese, ajudar a eleger aquele que considera o menos pior entre os remanescentes.

    E aí que entra a pergunta decisiva: diante da polarização entre Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL), ensanduichado pelo antipetismo e pelo antibolsonarismo, chamado de “isentão” pelos dois polos, como reagirá esse eleitor que evita usar vermelho e aposentou a camisa da seleção brasileira para não ser confundido com apoiadores do atual presidente?

    É neste ponto que a TV tende a exercer um papel decisivo, uma espécie de cabo de guerra — cada movimento terá que ser muito bem pensado. Para o atual presidente é fundamental que não petistas insatisfeitos com seu governo escolham, no primeiro turno, qualquer outro candidato. Para Bolsonaro, o importante é que o eleitor escolha qualquer um, menos no petista – o problema é saber como insinuar um pedido de voto para um adversário.

    Em 2 de outubro, o voto nem-nem, nem Lula nem Bolsonaro, reforça a posição do atual ocupante do Planalto e dificulta que seu principal oponente conquiste, pelo menos, a metade dos votos mais um – o que seria suficiente para encerrar a disputa. Já o petista tentará convencer esses mesmos eleitores a antecipar suas escolhas para, assim, tentar liquidar a fatura no primeiro turno.

    Calejado por tantas disputas presidenciais, o petista não teria dificuldades de ressuscitar o “Lulinha Paz e Amor”, nas últimas semanas falou várias vezes em pacificação de espíritos, em reunificação dos brasileiros. O desafio de sua campanha será ligar esta seta para a direita sem gerar ainda animosidades com Simone Tebet (MDB) e, principalmente, Ciro Gomes (PDT).

    Em 2018, Bolsonaro mandou às favas todos os manuais de marketing político e tratou de radicalizar ainda mais seu discurso na campanha do segundo turno. Deu certo, mas a repetição da mesma estratégia em outro contexto seria arriscada, tem potencial para acentuar as restrições do eleitor mais moderado ao estilo do presidente.

    O desafio é convencer o ex-capitão a vestir a farda do equilíbrio – ele sabe que o êxito de sua trajetória está ligado ao confronto, não à conciliação. Marqueteiros do atual presidente tem, diante de si, o desafio de evitar que o Bolsonaro das ruas desminta um Bolsonaro mais moderado da TV, contradição que seria fatal para as chances de reeleição do presidente.

    Este texto não representa, necessariamente, a opinião da CNN Brasil.

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