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    Prévia do PIB reflete bom desempenho de serviços no 2º trimestre, dizem analistas

    Economia deve ter desaceleração no segundo semestre, mas ainda com efeitos positivos de estímulos

    João Pedro Malardo CNN Brasil Business , em São Paulo

    O forte desempenho do setor de serviços alimentou um resultado melhor do que o esperado para o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de junho, refletindo também em números positivos no segundo trimestre e no acumulado do ano.

    Considerado pelo mercado como uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), o dado indica uma economia mais forte que o esperado pelo mercado no começo do ano, e vem na sequência de uma série de revisões nas expectativas para a economia.

    Para especialistas, a tendência ainda é de uma desaceleração econômica no segundo semestre, mas reduzida pelo impacto positivo tanto pelo desempenho positivo no primeiro semestre e medidas de estímulos do governo federal.

    Números positivos

    A alta de 0,69% do IBC-Br em junho na comparação com maio de 2022 foi “bem acima do esperado pelo mercado”, segundo o economista-chefe da RPS Victor Cândido.

    Para ele, o resultado mostra “a economia andando em velocidade bem forte, e confirma outros dados como de trabalho, serviços e agropecuária”.

    Ele atribui o crescimento a dois setores específicos: o de serviços, que veio “bem forte” e apoiado pela reabertura da economia e um mercado de trabalho “relativamente aquecido”, aumentando o consumo no setor.

    Outro segmento com desempenho positivo é o momento é o de agropecuária. Candido destaca que o dado do IBC-Br é sempre de retrovisor, ou seja, indicada uma situação da economia que já passou.

    Nesse sentido, ele vê uma economia forte, que entra no segundo semestre com mais sustentação. A RPS espera um crescimento do PIB de 2% no ano, uma projeção que não foi alterada pelo economista.

    O motivo, afirma, é a expectativa de uma desaceleração da economia com um efeito mais intenso das sucessivas altas de juros pelo Banco Central, encarecendo o crédito e afetando o consumo.

    Mesmo assim, ele espera um alívio com medidas como de aumento do valor do Auxílio Brasil, benefícios para segmentos da população e o teto de 17% do ICMS. Em conjunto, essas ações devem ter um impacto fiscal de alta de 1% no PIB.

    “Vai ter desaceleração, mas sem PIB trimestral negativo. É natural que ocorra porque tem muitos juros, crédito mais caro”, diz.

    Já Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, destaca que o resultado de junho do IBC-Br foi influenciado por uma expansão do setor de serviços, enquanto o comércio apresentou estabilidade e a indústria, recuo.

    “Em relação à indústria, o setor continua sofrendo com altos custos industriais e a queda da renda das famílias. A alta do juro e a inflação ainda elevada, devem continuar impactando negativamente”, explica.

    Ele afirma que alguns segmentos de serviços não retomaram totalmente o patamar pré-pandemia, o que indica um espaço para o setor continuar crescendo no terceiro trimestre.

    “Para o segundo semestre, a perspectiva é de um arrefecimento da atividade, frente aos efeitos da elevação dos juros e da alta inflação. Porém, a boa retomada do mercado de trabalho, redução de impostos e incentivos fiscais darão um novo fôlego para o terceiro trimestre”, projeta.

    Já no quarto trimestre, Sung espera estabilidade, com a combinação de juros altos e inflação disseminada somada a um esgotamento de benefícios com a reabertura da economia.

    A Suno manteve as projeções de crescimento de 2% e 0,5% para o PIB em 2022 e 2023, respectivamente.

    A XP também manteve a projeção de 2,2% para o PIB neste ano, mas atribuindo um “viés de alta”, citando um efeito de carrego estatístico do IBC-Br para o terceiro trimestre.

    Marina Garrido, pesquisadora do FGV-Ibre, avalia que o resultado do IBC-Br confirma o que já havia sido indicado pelos dados de serviços, com uma surpresa positiva.

    Para ela, o setor tem sido um “motor do crescimento”, apoiado por benefícios e a antecipação do saque do FGTS no primeiro semestre, ajudando em especial o segmento de serviços prestados às famílias, que deve continuar aquecido pelo resto do ano.

    A tendência é um aumento da liquidez no segundo semestre pelas novas medidas do governo, com a instituição mantendo a projeção de crescimento anual de 1,7%.

    “Já varejo e indústria devem ter mais problemas, com estoques e produção baixos limitando o desempenho. A liquidez maior ajuda, mas o desempenho fica limitado pela oferta reduzida”, avalia Garrido.

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