Mulheres refugiadas têm maior dificuldade de inserção no mercado de trabalho, diz ONU
À CNN Rádio, a especialista em empoderamento econômico na ONU Mulheres, Flavia Muniz, destacou diferenças entre integração socioeconômica para homens e mulheres refugiados
Um estudo da Organização das Nações Unidas (ONU) apontou que há maior dificuldade de inserção de mulheres refugiadas, que chegam por Roraima, no mercado de trabalho do Brasil.
À CNN Rádio, a especialista em empoderamento econômico na ONU Mulheres, Flavia Muniz, destacou que o processo de “interiorização” no território brasileiro, com distribuição de quem chega por outros estados, “funciona bem.”
Desde 2018, já foram mais de 78 mil pessoas interiorizadas para mais de 800 municípios em todas as regiões do país.
“Há aumento de acesso a emprego e renda, mas observamos diferenças marcantes entre homens e mulheres venezuelanos”, disse.
Segundo a especialista, a participação feminina neste acesso à reintegração socioeconômica “é consideravelmente mais baixa.”
Entre homens essa participação é de 96%, enquanto entre mulheres é de 76%.
Flavia atribui essa diferença à ideia de que a mulher é “a única e principal cuidadora”, seja crianças, de pessoas idosas ou de tarefas domésticas.
“Como essa mulher vai acessar oportunidades de trabalho e empreendedorismo, e aportar economicamente para a sociedade, se existir essa ideia de que não pode dividir funções?”, questionou.
Por esse motivo, as refugiadas acabam subutilizadas – em um nível 3,5 vezes maior do que os homens – e têm maior dificuldade em aprender a língua portuguesa, por exemplo.
Isso acaba causando um aumento no número de mulheres sem independência: “A consequência de tirar autonomia financeira é aumentar o risco de violência contra essa mulher, existe correlação entre empoderamento econômico e saída de ciclos de violência.”
De acordo com a especialista, é preciso uma “resposta multisetorial a essas questões”: “O poder público tem poder fundamental, assim como o setor privado, cada um de nós tem papel na integração de venezuelanos, e refugiados no geral”.
Flavia defende que o poder público atue com dados robustos sobre as refugiadas para combater o problema de forma personalizada.
*Com produção de Bel Campos