“É a maior unidade civil depois das ‘Diretas Já'”, diz líder da Central de Movimentos Populares
Juristas, políticos, sindicalistas, estudantes e artistas celebram leitura da carta da democracia 45 anos após declaração de manifesto contra ditadura militar, em 1977
;Bandeiras, fantasias e objetos infláveis representando a urna eletrônica e a constituição dividiram espaço com o público, que acompanhou a leitura da “Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa da Democracia”, nesta quinta-feira (12), do lado de fora da Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco, na região central de São Paulo.
O ato pela democracia reuniu gerações. Jovens ao lado de idosos que voltaram à faculdade depois de 45 anos, mas para um novo ato em favor da democracia. Maria, de 71 anos, participou da manifestação contra a ditadura militar, exatamente no mesmo Largo São Francisco, em 1977.
“É emocionante ver o povo unido pelo Brasil como um todo. Estou muito, muito feliz. Hoje é em benefício da democracia. Lá também a gente precisava estabelecer a democracia. Lá os crimes erram horroroso, e aqui é o risco do crime que a gente não pode deixar acontecer que a gente perca qualquer direito”. afirmou Maria.
Dentro do prédio, no salão nobre da faculdade, empresários, banqueiros, e economistas dividiram espaço com movimentos sindicalistas e representantes da sociedade civil.
Para o coordenador nacional da Central de Movimentos Populares, Raimundo Bonfim, está foi a maior união entre os setores dos últimos 40 anos.
“Depois das ‘Diretas Já’, é a maior unidade da sociedade civil, porque é inadmissível você trabalhar com a possibilidade de que não será respeitado o resultado das urnas”, apontou Bonfim.
O ex-ministro da Justiça José Carlos Dias fez a leitura da “Carta em Defesa da Democracia e da Justiça”, organizada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
“É um momento grandioso, eu diria talvez inédito, em que capital e trabalho se juntam em defesa da democracia”, comemorou Dias.
Democracia representativa e suprapartidária
Tanto os organizadores quanto os que participaram do evento buscaram manter um caráter representativo e suprapartidário para o encontro. Reunindo setores historicamente opostos, artistas, juristas, e os mais variados segmentos da sociedade civil.
A maioria dos discursos ouvidos nesta quinta foi voltada à defesa da democracia, das instituições e do estado democrático de direito.
“Hoje não foi um ato político, foi um ato de cidadania. Isso marca que o brasileiro quer viver o seu direito ao voto, à liberdade e à democracia”, declarou a cardiolista Ludhmila Hajjar, cotada para assumir o Ministério da Saúde no lugar de Eduardo Pazuello em março de 2021.
A cantora Daniela Mercury também esteve presente, discursou e cantou para o público, com uma bandeira do brasil colada ao corpo.
“Os nossos símbolos não são de partidos políticos nem de ideologias específicas partidárias. Nossos símbolos estão aqui, mantidos por nós, e nós temos que defendê-los como estamos defendendo a democracia”, pontuou a artista.