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    Cresce consumo de combustível no Brasil no primeiro semestre

    Estudo da StoneX mostra que entre os fatores que contribuíram para este resultado estão o forte saldo comercial com outros países e a expansão do consumo das famílias, em particular no setor de serviços

    Diego Mendesda CNN , em São Paulo

    Um dos principais desafios para o brasileiro neste ano está sendo lidar com o preço dos combustíveis. Desde o início do ano, as bombas dos postos só reajustavam os preços para cima, para desespero do motorista, caminhoneiros e motociclistas.

    Vários fatores influenciaram para a alta nos preços, como a pandemia de Covid-19 e o início da guerra na Ucrânia. Estes eventos impactaram diretamente no preço do petróleo, e consequentemente nos combustíveis do país.

    Mas, mesmo com a alta nos preços, os combustíveis derivados do petróleo registram altas nas vendas no primeiro semestre de 2022. Foi o que revelou uma pesquisa inédita da StoneX, que fez um raio-x do comércio do diesel, gasolina e etanol hidratado.

    De acordo com o levantamento, as leituras de indicadores para a atividade econômica brasileira no primeiro semestre superaram as estimativas de analistas. O Produto Interno Bruto (PIB) se elevou em 1,0% no primeiro trimestre e os dados mensais para os setores produtivos apresentaram crescimento desde o mês de fevereiro.

    Desta forma, as previsões para o PIB deste ano têm sido revisadas para cima, atualmente entre 1,5% e 2,0% de alta sobre 2021. Dentre os fatores que contribuíram para este resultado estão o forte saldo comercial com outros países e a expansão do consumo das famílias, em particular no setor de serviços.

    A melhora das exportações refletiu tanto o aumento na quantidade exportada como, principalmente, a elevação nos preços internacionais de commodities alimentícias, metálicas e energéticas.

    Já o crescimento da demanda foi fruto da queda da taxa de desemprego, do reajuste no valor de programas federais de assistência social e a recuperação no rendimento médio real do trabalho após 17 meses de quedas consecutivas.

    Após diversas medidas de estímulo do governo federal à renda do consumidor e de subsídios a setores importantes, a expectativa é de que o crescimento mantenha seu ritmo disseminado entre as atividades no segundo semestre.

    Diesel

    No primeiro semestre, as vendas acumuladas do diesel alcançaram 30,42 milhões de m³, batendo o recorde da série histórica, sendo que as regiões Norte (+6,75%) e Centro-Oeste (+6,25%) marcaram a maior variação acumulada, em termos qualitativos. O Sudeste seguiu como o principal demandante do produto, totalizando 11,77 milhões de m³ consumidos – alta de 3,5% quando comparado com o primeiro semestre de 2021.

    A expansão da demanda pelo combustível ocorre em meio a um aumento dos níveis de mobilidade dos veículos movidos à diesel. De acordo com o índice ABCR (Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias), o fluxo de veículos pesados nas praças pedagiadas do Brasil registrou aumento de 2,1% no primeiro semestre de 2022, quando comparado com o mesmo período do ano passado.

    Gasolina

    As vendas de gasolina no primeiro semestre de 2022 totalizaram o volume de 19,7 milhões de m³, o que representa alta de 10,8% em relação ao mesmo período do ano anterior e 3,9% acima da média dos últimos anos.

    Desde abril de 2021, a demanda por combustíveis tem apresentado um crescimento significativo no mercado nacional, influenciado principalmente pelo avanço da vacinação contra o Covid-19, que proporcionou uma retomada mais intensa das atividades econômicas, como também a reabertura de escolas e escritórios, promovendo aumento na mobilidade urbana.

    Etanol Hidratado

    As vendas de etanol no primeiro semestre de 2022 totalizaram 7,7 milhões de m³, queda de 15,7% em relação ao total vendido na primeira metade de 2021 e retração de 9,4% em relação à média dos últimos 5 anos.

    Essa movimentação nas vendas do biocombustível está diretamente ligada à quebra de safra apresentada no ciclo canavieiro 2021/22 (abr-mar). A temporada de cana-de-açúcar 2021/22 do Centro-Sul brasileiro sofreu com grandes períodos de secas e intensas geadas durante o ano de 2021, provocando assim uma quebra precoce na colheita das lavouras.

    Com isso, a oferta do biocombustível ficou comprometida nos últimos meses da safra, tendo como consequência um movimento de alta nos preços do etanol vendido.

    Desde novembro/21, quando encerrou a safra de cana, até abril/22, com o início do novo ciclo canavieiro, os preços do etanol entraram numa escalada que provocou recordes históricos para o biocombustível.

    O levantamento concluiu que a demanda por combustíveis no Brasil ao longo do primeiro semestre deste ano se mostrou expressivamente aquecida, com o volume agregado de vendas alcançando 68,2 milhões de m³, maior valor dos últimos 6 anos para o período.

    Quando comparado com o primeiro semestre de 2021, houve aumento de 2,51% do indicador, com a gasolina marcando a maior variação positiva, em termos quantitativos, do consumo, indo de 17,80 milhões de m³ para 19,72 milhões de m³.

    De acordo com Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias, foi registrado no Brasil aumento de 9,4% no fluxo total de veículos nas praças pedagiadas. Paralelo a isso, a melhora de alguns índices econômicos também explica a expansão do consumo, principalmente para o diesel.

    Para o segundo semestre, as perspectivas seguem de uma demanda sustentada. A redução dos preços dos energéticos no mercado internacional, a perspectiva de crescimento do PIB brasileiro para os próximos trimestres do ano e a melhora na renda do consumidor seguem como os principais contribuidores dessa visão.

    Mas, analistas alertam ainda para a possibilidade de uma desaceleração da economia global, conforme deterioração de alguns indicadores econômicos nos EUA, Europa e Ásia, como também as dificuldades logísticas advindas com a guerra no Leste Europeu, podem servir de barreira à continuidade de um consumo aquecido.

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