“Não há dúvidas sobre autoria do crime”, diz delegada sobre caso do cônsul alemão
Polícia Civil quer descobrir detalhes do relacionamento do diplomata da Alemanha com o marido; Uwe Herbert Hahn foi preso no sábado (6) suspeito do assassinato
A delegada Camila Lourenço, da delegacia do Leblon, na Zona Sul do Rio de Janeiro, afirmou que não tem dúvidas de que o cônsul da Alemanha Uwe Herbert Hahn, de 61 anos, foi o responsável pela morte do marido, o belga Walter Henry Maximillen Biot, de 52 anos, na última sexta-feira (5).
Segundo a investigação, a vítima foi morta por espancamento na cobertura onde o casal morava, em Ipanema, também na Zona Sul.
Nesta segunda-feira (8), a delegada ouve a diarista que cuidava do apartamento do casal, além de um amigo da família. A expectativa é de que essas oitivas possam esclarecer como era o relacionamento dos dois e a motivação do crime.
“É preciso analisar o histórico do casal, o pano de fundo, pra saber se havia um caso de violência doméstica, se a vítima era agredida, daí a necessidade de ouvir testemunhas. São circunstâncias que vão interferir na dosimetria da pena. A gente vai refinar a investigação pra apurar as circunstâncias”, afirmou a delegada.
A perícia realizada pela Polícia Civil também apontou que a vítima tinha marcas de agressões recentes e antigas pelo corpo. Ele estaria sendo agredido há pelo menos dois dias. Foram apreendidos um bastão e uma mangueira de ar condicionado, materiais que podem ter sido usados para o espancamento.
Segundo a delegada, inicialmente o cônsul alegou que o esposo havia sofrido uma queda e batido a cabeça, mas diversas lesões contradisseram essa versão.
“As diversas lesões espalhadas por diferentes partes do corpo, e algumas bastante peculiares, sugerem ter havido espancamento sim. Estamos diante de um crime doloso contra a vida”, completou Camila Lourenço.
A delegada contou ainda que o cônsul teria dificultado o trabalho da polícia na cobertura, colocando móveis atrás da porta de um dos cômodos para impedir a entrada dos agentes. Além disso, ele teria tentado limpar a cena do crime. Uma secretária dele, que já prestou depoimento, confirmou que limpou parte do sangue.
“O apartamento estava em completo desalinho, bastante sujo, com fezes e sangue espalhados por todo o imóvel, principalmente no quarto. Havia um sofá com a lateral com uma mancha úmida sugerindo como se alguém tivesse apressadamente limpado a região na tentativa de ocultar algo. Em um segundo momento foi feita uma pesquisa com o reagente luminol. Os peritos identificaram sangue na fronha, no chão, em diversos pontos do imóvel, e no banheiro”, concluiu Camila.
Os investigadores aguardam ainda a quebra do sigilo dos celulares do cônsul e da vítima para analisar o conteúdo dos aparelhos, que foram apreendidos para ajudar nas investigações.
Na tarde deste domingo (07), a prisão em flagrante de Hahn foi convertida em preventiva depois dele passar por uma audiência de custódia. A determinação é do juiz Rafael de Almeida Rezende, da Central de Audiência de Custódia em Benfica, na Zona Norte da capital.
A defesa de Uwe Herbert pediu o relaxamento da prisão, alegando que ele possui imunidade consular. Apesar disso, a Justiça entendeu que o benefício não se aplica ao caso, por se tratar de um episódio fora do ambiente consular e sem qualquer relação com as funções exercidas por ele.
Além disso, o magistrado entende que é importante manter o cônsul preso, a fim de evitar colocar em risco a colheita de provas e de assegurar que não haverá fuga.