Número de fertilizações in vitro sobe 32,7% em 2021 e retoma nível pré-pandemia
Em 2020 e 2021, mais de 36 mil gestações clínicas foram alcançadas no país com as técnicas de reprodução humana assistida, aponta relatório do Sistema Nacional de Produção de Embriões (SisEmbrio)
Criada há quase 45 anos, a fertilização in vitro contribui para ajudar pessoas que apresentam dificuldade para engravidar de maneira natural. Como impacto da pandemia de Covid-19, o número de procedimentos caiu no país em 2020 em comparação com os índices de 2019.
Os dados de 2020 mostram que o número de ciclos de fertilizações in vitro realizados no Brasil, quando comparado ao de 2019, diminuiu de 43.956 para 34.623. Em 2021, os procedimentos voltaram a crescer, com a realização de 45.952 ciclos no país – uma alta de 32,7%.
Os dados são do Relatório do Sistema Nacional de Produção de Embriões (SisEmbrio), divulgado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), nesta segunda-feira (8). O documento reúne informações sobre a produção de 170 Centros de Reprodução Humana Assistida no país, também conhecidos como clínicas de fertilização in vitro.
O ciclo de fertilização in vitro acontece quando a mulher é submetida à produção (estímulo ovariano) e retirada de células reprodutivas femininas chamadas oócitos para a realização de procedimentos de reprodução humana assistida em serviços especializados.
“A amostra de esperma é preparada em laboratório e o médico, com uma pequena sonda, coloca o esperma dentro do útero da mulher, através do colo do útero. Os espermatozoides ‘nadam’ dentro do útero e vão até as trompas, onde vão encontrar os óvulos que foram produzidos e serão fertilizados”, explica a ginecologista Silvana Chedid Grieco, do Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo.
Planejamento da gravidez
O documento aponta também que, em 2020 e 2021, foram congelados mais de 202 mil embriões no país. Quando comparados com os dados de 2019, em 2020 houve uma redução no número de congelamentos (88.503 embriões congelados, em comparação com 99.112 embriões congelados em 2019).
Já em 2021 houve o congelamento de 114.372 embriões, o que demonstra o aumento no número de ciclos e congelamentos. Em 2020 e 2021, mais de 36 mil gestações clínicas foram alcançadas no país com as técnicas de reprodução humana assistida.
Os dados sobre o congelamento de óvulos, que demonstram uma demanda crescente de mulheres que desejam adiar a gestação, também foram apresentados pela Anvisa. Em 2020 e 2021 foram realizados mais de 21 mil ciclos, com 154.630 óvulos congelados.
A médica ginecologista Natália Ramos Seixas, da clínica de saúde feminina Oya Care, afirma que o congelamento de óvulos é um método seguro e eficaz e deixou de ser considerado experimental.
“Os estudos trazem de evidência científica que por dez anos esses óvulos se mantêm saudáveis mas, na prática, eles se mantêm saudáveis ‘ad aeternum’. Congelamento é uma técnica antiga, usada no início. Hoje, chamamos de vitrificação de óvulos, um congelamento rápido. Os estudos vão sair ao longo das próximas décadas, mas com a prática clínica estamos percebendo que esses óvulos não envelhecem.
A especialista explica que o procedimento permite a postergação da maternidade e previne a reduzir os riscos de doenças genéticas.
“No caso de uma mulher que congelou com 35 anos e pretende engravidar aos 45 anos, os óvulos dela vão ter o potencial de quando eles foram congelados, o que diminui os riscos de malformações e de doenças cromossômicas”, diz.
Qualidade
O relatório também aponta dados de qualidade dos centros de reprodução. Um desses indicadores é a média da taxa de fertilização in vitro, que avalia o número de óvulos fecundados em relação ao total de óvulos inseminados e tem sido usado como parâmetro de eficiência na reprodução humana assistida.
De acordo com o relatório, em 2020 esse indicador ficou acima de 75% para os diversos procedimentos realizados. De acordo com a Anvisa, esse percentual é elevado e compatível com valores sugeridos pela literatura internacional, que devem ficar acima de 65%.