ONU exige acesso internacional à usina nuclear da Ucrânia após novo ataque
Forças russas capturaram o complexo do reator nuclear de Zaporizhzhia no início de março, logo após a invasão de seu vizinho por Moscou
O Secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, pediu nesta segunda-feira (8) que inspetores internacionais tenham acesso à usina nuclear de Zaporizhzhia depois que Ucrânia e Rússia trocaram acusações sobre o bombardeio da maior usina atômica da Europa no fim de semana.
“Qualquer ataque a uma usina nuclear é uma coisa suicida”, disse Guterres em entrevista coletiva no Japão, onde participou da Cerimônia do Memorial da Paz de Hiroshima no sábado para comemorar o 77º aniversário do primeiro bombardeio atômico do mundo.
As forças russas capturaram o complexo do reator nuclear de Zaporizhzhia, no sudeste da Ucrânia, no início de março, logo após a invasão de seu vizinho por Moscou, mas ainda é administrado por técnicos ucranianos.
A Ucrânia acusou a Rússia de responsabilidade pelo novo bombardeio no sábado, que danificou três sensores de radiação e feriu um trabalhador da usina, no que foi o segundo ataque em dias consecutivos no local.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em um discurso televisionado no domingo, disse que a Rússia está praticando “terror nuclear”, o que justifica mais sanções internacionais, desta vez contra o setor nuclear de Moscou.
A autoridade russa instalada na região disse que as forças ucranianas atingiram o local com um lançador múltiplo de foguetes, danificando prédios administrativos e uma área perto de uma instalação de armazenamento.
A Embaixada da Rússia em Washington também detalhou os danos, dizendo que o fogo de artilharia de “nacionalistas ucranianos” danificou duas linhas de alta tensão e um oleoduto, mas a infraestrutura crítica não foi afetada.
A Reuters não pôde verificar a versão de nenhum dos lados sobre o que aconteceu.
Os eventos no local de Zaporizhzhia – onde Kiev alegou que a Rússia atingiu uma linha de energia na sexta-feira – alarmaram o mundo.
Guterres disse que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) precisava de acesso à usina. “Apoiamos totalmente a AIEA em todos os seus esforços em relação a criar as condições para a estabilização da planta”, disse ele.
O diretor-geral da AIEA, Rafael Mariano Grossi, alertou no sábado que o último ataque “sublinha o risco muito real de um desastre nuclear”.