Eletrobras elege novo Conselho de Administração nesta sexta-feira
Grupo vai escolher novo presidente e definir futuro da companhia, após gestão passar para iniciativa privada
Quase dois meses após o fim do processo de capitalização, a Eletrobras elege o novo Conselho de Administração (CA) nesta sexta-feira (5).
A assembleia-geral extraordinária será realizada virtualmente a partir das 12h30, com a escolha de um nome pelos acionistas de ações preferenciais e outros nove pelos titulares de ações ordinárias.
Também será definido o tempo de mandato do grupo, que terá a missão de reorganizar a companhia após a privatização, possivelmente até 2025.
Após a desestatização, nove dos dez conselheiros da empresa apresentaram uma carta de renúncia coletiva, com o intuito de dar início à nova etapa da Eletrobras. No entanto, permaneceram no cargo até a assembleia desta sexta.
O novo CA também decidirá o presidente da Eletrobras. A expectativa do mercado é de que o nome anunciado seja de Wilson Ferreira Junior, que já comandou a empresa entre 2016 e 2021.
O executivo vinha atuando desde março do ano passado na Vibra Energia, mas anunciou sua saída no fim de julho.
A desestatização da Eletrobras tem provocado uma alta nos papéis da empresa. Segundo a plataforma TC/Economatica, as ações da ELET3 e ELET6 tiveram um aumento de 20,50% e 28,09%, respectivamente, desde o lançamento na bolsa, no dia 13 de junho.
A primeira fechou esta quinta-feira (4) em R$ 48,50, enquanto a segunda, em R$ 50,51, conforme dados da B3.
No primeiro semestre, a Eletrobras ainda foi a empresa com ações na bolsa de valores brasileira que mais ganhou valou de mercado, também segundo um levantamento da Economatica.
O analista de ações da TC Matrix Arlindo Souza aponta que a empresa tem um potencial de chegar a ações entre R$ 67 e R$ 75, caso resolva problemas de gestão vistos pelo mercado.
Segundo o especialista, a expectativa é de que, entre dois e três anos, o novo modelo esteja consolidado, missão que caberá ao futuro Conselho de Administração.
“A Eletrobras negociava suas ações com desconto em relação a seus pares, as outras companhias elétricas. Primeiro, ela tinha um risco percebido pelo mercado pela questão de ter como controlador o governo e o risco de intervenção direta. Agora, com a desestatização, a estrutura passando para corporation, esse risco fica bem menor, o que já leva a uma reprecificação das ações”, colocou.
Para Souza, a mudança da gestão para acionistas privados indica que a companhia vai diminuir gastos com pessoal e poderá negociar dívidas com mais facilidade. A Eletrobras tem, por exemplo, R$ 32 bilhões de dívidas por conta de empréstimos compulsórios iniciados na década de 1960.
A expectativa é que as tratativas para o pagamento corram mais rápido sem a presença do governo federal como uma das partes.
Outra previsão é de que a Eletrobras tenha mais liberdade para negociar energia. A empresa é a maior geradora de energia do país, com 28% da capacidade instalada, e ainda lidera a transmissão, com 40% do total de linhas do sistema elétrico.
“A Eletrobras está com algumas usinas hidrelétricas no regime de cotas. Esse regime passa em torno de R$ 65 a R$ 70 por megawatt-hora, quando no ambiente de livre comercialização, isso é negociado a R$ 170 a R$ 200. Nos próximos anos, a Eletrobras vai ter mais energia disponível para vender por um preço maior”, colocou.
Pedro Rodrigues, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, consultoria em energia, acredita que a Eletrobras entrará em uma fase de recuperar a capacidade de investimento.
“Ela já sai na frente porque é a maior transmissora de energia do país, tem um apelo muito forte, coordena as hidrelétricas. A empresa é uma grande operadora de caixa, com um potencial de investimento enorme, mas sem dinheiro. Agora, vai conseguir ter outras formas de financiamento”, colocou.
Segundo Rodrigues, o novo Conselho de Administração terá que definir como se dará o crescimento da empresa, se buscará novos mercados e se permanecerá com operações somente no Brasil.