Especialistas apontam principais cuidados com lesões de pele da varíola dos macacos
Sinais e sintomas da doença podem durar entre duas e quatro semanas; atenção básica pode ajudar a evitar agravamento
Uma das características principais da varíola dos macacos é a manifestação na pele, na forma de bolhas ou lesões que podem aparecer em diversas partes do corpo, como rosto, mãos, pés, olhos, boca ou genitais.
Os sinais e sintomas da doença podem durar entre duas e quatro semanas e, na maior parte dos casos, a doença não requer internação hospitalar. No entanto, diante de quaisquer sinais ou sintomas como febre alta e súbita, dor de cabeça e aparecimento de aumento nos gânglios é necessário procurar atendimento médico especializado ou unidades básicas de saúde (UBSs).
O diagnóstico é essencial para que os pacientes recebam os cuidados clínicos para o alívio dos sintomas, além de orientações sobre a ingestão de líquidos, alimentação e indicações sobre o isolamento.
O isolamento reduz os riscos de transmissão da doença. Os pacientes devem evitar o compartilhamento de objetos pessoais como toalhas e roupas de cama. Cuidados básicos podem ajudar a evitar o agravamento das lesões, que pode favorecer o risco de infecções secundárias.
No atual surto, a doença tem apresentado diferentes manifestações clínicas e epidemiológicas que podem variar de uma pessoa para outra.
Os sinais na pele podem surgir na forma tradicional, que inclui bolhas ou grandes lesões, que podem aparecer em diversas partes do corpo, ou como feridas menores, chamadas pápulas, que podem estar concentradas no local onde ocorreu a infecção, como a região genital.
De acordo com especialistas, as lesões são dolorosas e podem impactar a qualidade de vida dos pacientes.
“Na maioria das vezes, a dor pode ser adequadamente manejada com analgésicos, como dipirona ou paracetamol. Se muito intensa, pode demandar uso de opioides, como tramal e codeína, ou mesmo internação para melhor controle da dor”, explica o médico dermatologista Thales Bretas.
Confira alguns cuidados que contribuem para evitar o agravamento da doença.
1. Evite tocar as lesões
Lesões na pele são feridas que oferecem o espaço ideal para a entrada no organismo de microrganismos que podem ser nocivos, como bactérias.
Ao longo do dia, tocamos com as mãos uma série de objetos que podem estar contaminados, como maçanetas, chaves, celulares e computadores, por exemplo.
No momento em que as mãos tocam as lesões, pode haver uma infecção secundária, que favorece o surgimento de complicações.
“É muito importante não manipular as lesões, não tocar, e mantê-las sempre limpas, assim como as mãos, com lavagem frequente com água e sabonete”, afirma Bretas.
2. Não arranque as crostas formadas nas feridas
A manifestação cutânea da doença ocorre entre um e três dias após os sintomas iniciais.
No caso da infecção pelo vírus da monkeypox, os sinais na pele passam por diferentes estágios: mácula (pequenas manchas), pápula (feridas pequenas semelhantes a espinhas), vesícula (pequenas bolhas), pústula (bolha com a presença de pus) e crosta (que são as cascas de cicatrização).
Diante de um ferimento, é comum que as pessoas se incomodem e cutuquem a lesão ou retirem as casquinhas formadas em volta. No entanto, os especialistas reforçam que o hábito pode prejudicar a evolução natural da doença.
“Arrancar as crostas pode gerar ainda mais inflamação e aumentar a suscetibilidade da ferida a infecções bacterianas, que são a principal complicação dessa doença, pois as unhas e mãos são fontes de contaminação”, afirma Bretas.
3. Reforce a higienização da pele
Com a evolução das manifestações da doença na pele, alguns pacientes podem apresentar bolhas com a formação de pus. Os cuidados para evitar que essas lesões se tornem porta de infecções secundárias incluem a higiene.
“É preciso lavar muito bem essas lesões diariamente com água e sabonete e manter as roupas sempre limpas. Essas lesões acabam deixam restos de crostas e de secreção purulenta nas roupas. É muito importante fazer uma higiene adequada e separar essas roupas também para evitar a transmissão da doença”, orienta o médico Reinaldo Tovo Filho, coordenador de Dermatologia do Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo.
4. Tenha atenção às áreas mais sensíveis
O vírus da varíola dos macacos é transmitido de uma pessoa para outra principalmente pelo contato próximo com lesões, fluidos corporais, gotículas respiratórias e materiais contaminados, como roupas de cama e de banho.
A doença também pode ser transmitida pelo contato com a pele durante o sexo, incluindo beijos, toques e sexo oral ou com penetração com alguém que tenha sintomas. Estudos recentes sobre a epidemiologia da doença apontam o surgimento de lesões principalmente na região genital e anal.
“Os cuidados incluem higiene adequada, evitar manipulação, controle da dor, manter região sempre limpa e seca, fazer curativos se necessário para proteger as feridas e atentar para sinais de infecção secundária por bactérias, já que a região genital é uma área do corpo já mais propensa à contaminação”, diz Bretas.
A região íntima, especialmente sensível e expostas ao calor e umidade, requer cuidados adicionais pelos pacientes.
“É muito importante que essas lesões sejam muito bem higienizadas, principalmente depois que a pessoa for ao banheiro para evitar uma contaminação secundária com urina ou fezes”, afirma Tovo Filho.
5. Evite a exposição ao sol
Além de evitar espremer e furar lesões, coçar ou manipular os ferimentos, os pacientes devem evitar a exposição solar durante o período de maior intensidade dos sintomas.
“Podem ser feitos curativos com pomadas cicatrizantes, mas, no geral, a resolução se dá de forma espontânea, com o tempo e a higiene diária regular, assim como a proteção contra manipulação, atrito e exposição ao sol. Deve-se evitar exposição ao sol, e se inevitável, usar filtro solar para minimizar a chance de manchas e de cicatrizes”, diz Bretas.
6. Busque atendimento médico em caso de piora
A varíola dos macacos geralmente é autolimitada, o que significa que o quadro clínico tende a se resolver de maneira natural. No entanto, a infecção pode ser mais grave para crianças e pessoas com deficiências imunológicas.
Os especialistas recomendam a busca por atendimento médico diante de dor e febre persistentes ou outros sintomas que comprometam atividades de rotina.
“Os pacientes devem retornar ao médico quando houver dor que impossibilita a alimentação, quando lesões acometem orofaringe), dor de difícil controle em casa, sinais sistêmicos importantes como febre persistente e dor muscular ou outros sintomas associados, que podem ser complicações, como dor de cabeça, secreção purulenta nas lesões, vermelhidão e calor local muito intensos, palpitações e dor no peito”, afirma Bretas.