Humanidade está “a um erro de cálculo de aniquilação nuclear”, diz Guterres
Secretário-geral da ONU afirmou que "as tensões geopolíticas estão atingindo novos patamares" e que "a desconfiança substituiu o diálogo
A humanidade está a apenas “um erro de cálculo da aniquilação nuclear”, alertou o secretário-geral da Organização da Nações Unidas (ONU) na segunda-feira (1º).
Ameaças geopolíticas, incluindo a crise climática, a pandemia de Covid-19 e os conflitos armados estão colocando o mundo em risco de um perigo nuclear não visto desde o auge da Guerra Fria, segundo Antonio Guterres.
“Hoje, a humanidade está apenas a um mal-entendido, um erro de cálculo da aniquilação nuclear“, disse Guterres na abertura de uma conferência sobre o tratado nuclear das Nações Unidas em sua sede em Nova York.
Na segunda, o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica, Rafael Grossi, e o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, estavam entre os presentes na 10ª revisão anual do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares.
“A crise climática, as desigualdades gritantes, os conflitos e as violações dos direitos humanos e a devastação pessoal e econômica causada pela pandemia de Covid-19 colocaram nosso mundo sob maior estresse do que enfrentou em nossas vidas”, afirmou Guterres.
“A humanidade corre o risco de esquecer as lições forjadas nos terríveis acontecimentos de Hiroshima e Nagasaki.” O secretário-geral acrescentou que “as tensões geopolíticas estão atingindo novos patamares” e que “a desconfiança substituiu o diálogo”.
“Os Estados estão buscando uma falsa segurança para estocar e gastar centenas de bilhões de dólares em armas apocalípticas que não têm lugar em nosso planeta.”
Quase 13.000 armas nucleares estão agora sendo mantidas em arsenais em todo o mundo, acrescentou Guterres, citando a invasão da Ucrânia pela Rússia e as crises no Oriente Médio e na península coreana como áreas onde os tons nucleares “estão apodrecendo”.
Ele listou cinco “áreas de ação” que são centrais para o tratado. Isso inclui um firme compromisso de reforçar e reafirmar a norma de 77 anos contra o uso de armas nucleares, trabalhando com o objetivo de eliminar essas armas, abordando as tensões no Oriente Médio e na Ásia, promovendo o uso pacífico da tecnologia nuclear para usos médicos e outros e cumprindo todos os compromissos pendentes no próprio tratado.
“Precisamos mais do que nunca do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares. É por isso que esta conferência de revisão é tão importante. É uma oportunidade para definir as medidas que ajudarão a evitar um desastre certo”, concluiu.