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    Conheça 12 ícones queer negros que inspiraram Beyoncé em ‘Renaissance’

    No seu mais recente trabalho, cantora traz “amostras” de comediantes, pioneiras da moda, dança e música com estilo house music; ela também faz homenagem especial ao próprio tio

    Scottie Andrewda CNN

    O mais novo álbum de Beyoncé, “Renaissance”, é um triunfo musical que sinaliza a próxima grande fase da carreira da superstar –e ela está levando consigo os ícones queer negros que foram pioneiros no estilo house music.

    Como a fúria justa de “Lemonade” e a celebração da identidade em “Black is King”, o mais recente trabalho de Beyoncé concentra e eleva os ouvintes negros. Agora, ela está treinando seu foco nos músicos e figuras negras que buscaram o senso de comunidade e abrigo nas cenas de dominação LGBTQIA+ das culturas house e ballroom.

    A inegável dançabilidade, iluminação alegre, sexualidade livre e alegria desenfreada encontradas em “Renaissance” é claramente influenciada e devedora aos pioneiros queer e trans que popularizaram a house music, e artistas desses gêneros são representados em quase todas as faixas do álbum.

    Do ícone trans Ts Madison ao pioneiro da moda Telfar Clemens, passando pela falecida rainha da cena drag urbana, Moi Renee, e o próprio tio de Beyoncé, essas são algumas das influências, artistas e aliados que moldaram o mais recente e melhor trabalho da rainha Beyoncé.

    Big Freedia

    É o grito de guerra ouvido em todo o mundo: “Release your job!”. A própria Big Freedia, de Nova Orleans, creditada por popularizar o bounce no hip-hop, originou a linha agora icônica em seu hino de 2014, “Explode”, que Beyoncé pegou emprestado para o single “Break My Soul”.

    Freedia emprestou sua voz reconhecida, profunda e vibrante, para várias faixas mainstream, incluindo o “Nice for What”, de Drake e, claro, “Formation”, de Beyoncé.

    “Sou eternamente grata a Beyoncé e sua equipe”, disse Freedia na sexta-feira (29), no CBS Mornings. “Eles sempre cuidam da rainha – este é um momento da minha vida agora [o qual] eu só quero fazer as pessoas felizes”.

    Freedia tem resistido a rótulos quando se trata de seu gênero, e ela encoraja a mesma fluidez em sua música desinibida: “Eu sou seu irmão ou sua irmã, sou o que você quiser me chamar”, disse ela na CBS. “Quando você está confortável consigo mesmo e sabe quem você é, acho que as pessoas vão entender melhor como abordar situações de diferenças”.

    Syd

    Sydney Bennett, uma artista solo de R&B indie e vocalista do grupo The Internet –que é mais conhecida como Syd– é creditada por coescrever a música funky, romântica e lenta “Plastic Off the Sofa”. Suas letras e produção silenciosamente sedutoras são as assinaturas e evidentes ao longo da faixa musical.

    Syd é uma das artistas gays de R&B mais proeminentes, e ela “sempre fez questão de ser apenas gay”, disse ela ao jornal “The Guardian”, no ano passado. “Adoro a responsabilidade de representar. Mas acho que sempre tentei fazer isso da maneira mais natural possível”.

    Grace Jones

    Sim, é ela, a única Grace Jones –supermodelo, inovadora da discoteca, ícone do Studio 54 e geral– que está em “Move”, a décima faixa de “Renaissance”. Sua beleza andrógina, aparições frequentes em clubes gays e resistência a rótulos fáceis a elevaram a ícone queer.

    “Estar envolvida, ter um pouco do homem em mim, eu adorei”, ela escreveu em seu livro de memórias de 2015 sobre frequentar clubes gays com seu irmão e sua própria masculinidade. “Senti que estava entre os meus, mesmo estando tão distante”.

    Telfar Clemens

    Na última faixa, em “Summer Renaissance”, Beyoncé faz uma declaração definitiva sobre o luxo: “This Telfar bag imported; Birkins, them sh*ts in storage” (“Esta bolsa Telfar importada; Birkins, elas c**am no espaço de armazenamento”, na tradução livre). Enquanto uma única bolsa Hermès Birkin, um símbolo de riqueza escandalosa, pode custar dezenas de milhares de dólares, a senhora Beyoncé Knowles-Carter prefere bolsas no estilo sacola de compras da Telfar, que é feita com couro vegano.

    Clemens e as sacolas de sua marca homônima não custam mais de US$ 300 e vêm em três tamanhos e quase todos os tons da paleta de cores. Sua relativa acessibilidade e popularidade lhes rendeu o apelido de “Bushwick Birkins” (bairro da classe trabalhadora de Nova York), mas Clemens rejeita a ideia de bolsas Telfar como símbolos de status. O slogan da sua marca? “Não é para você – é para todos”.

    Moi Renee

    Moi Renee foi uma drag performer e dançarina profissional que foi o destaque da cena underground de clubes gays de Nova York durante os anos 90. A música icônica “Miss Honey” é considerada uma das “faixas b*tch” originais, de acordo com Gran Varones, um site dedicado à história de artistas queer e trans negros e latinos.

    A voz de Moi Renee faz uma aparição em “Pure/Honey”, sussurando: “I know you hear me calling you, miss honey!” (“Eu sei que você me ouve te chamando, senhorita mel!”, na tradução livre). Há imagens da artista vestindo uma peruca de colmeia verde neon e um macacão preto ajustado ao corpo, em um talk show gay local nos anos 90. Renee morreu em 1997, muito antes de ter amostras de seu trabalho na nova faixa de Beyoncé.

    Honey Dijon

    Nativa de Chicago, Honey Dijon – DJ, produtora, designer de moda e lenda do underground house music –coescreveu duas músicas em “Renaissance”: as faixas “Cozy” e “Alien Superstar”. Mulher trans, Dijon trabalha para reincorporar a história negra e queer da house music em suas faixas, dizendo em entrevista ao jornal Guardian este ano que ela tenta “protestar constantemente contra o esquecimento de onde essa música veio”.

    No Instagram, ela agradeceu a Beyoncé e seus colaboradores, escrevendo: “Compartilhar minhas raízes da house music de Chicago e a cultura negra queer e trans com você e o mundo é profundo e emocional”.

    Kevin Aviance

    Aviance, artista performático e músico, tem sido um marco na cena de clubes do centro de Nova York desde os anos 1990. Sua música, com um nome que não pode ser dito aqui, é utilizada em amostras na penúltima faixa “Pure/Honey”, mas Beyoncé não é a primeira grande cantora a buscar a experiência dele: a Aviance conta com Whitney Houston, Cher, Mary J. Blige e Janet Jackson entre seus colaboradores.

    Ts Madison

    Madison, uma comediante, atriz e advogada transgênero, se tornou viral pela primeira vez na década de 2010 na extinta plataforma de vídeos Vine e em seu bem-sucedido canal no Youtube. Foi uma escolha óbvia, então, para Beyoncé provar da inteligência natural de Madison em “Renaissance”: frases do vídeo de Madison “B*tch I’m Black”, lançado em junho de 2020 em meio a protestos após o assassinato de George Floyd, aparecem em “Cozy”, a segunda faixa do álbum.

    Não que tenha surpreendido Madison que ela eventualmente apareceu em uma faixa com Beyoncé – ela twittou “Minha VOZ é ICÔNICA!!” no dia anterior ao lançamento oficial do álbum.

    MikeQ

    DJ MikeQ é um elemento da cena ballroom de hoje, girando entre clubes gays e colocando sua própria influência em um gênero amado: “The New York Times”, em 2012, disse que ele e seus contemporâneos “deram um toque de hip-hop em sons de ballroom, enquanto respeitam a tradição”. Ele é creditado em “Pure/Honey”, que mostra sua música “Feels Like”. Agora, você pode encontrá-lo como DJ residente na competição de ballroom da HBO Max, “Legendary”.

    LaBeija

    Nesta cena de “Paris is Burning”, um artista está competindo em um baile – um evento para artistas queer e trans para mostrar sua beleza e talento / Off White Productions / Everett Collection / Divulgação

    “Tip, tip, tip on hardwood floors
    Ten, ten, ten across the board
    Give me face, face, face, face, yah
    Your face card never declines, my gawd!”

    Sim, qualquer uma dessas frases da música “Heated” de Beyoncé se encaixaria perfeitamente em um baile dirigido pela lendária artista nova-iorquina, Crystal LaBeija, e a House of LaBeija. LaBeija, farta do racismo que experimentou em competições de drags organizadas por gays brancos –uma queixa que proporcionou a cena mais memorável do documentário de 1968 “The Queen”– criou suas próprias competições para artistas queer e trans negros e pardos. Nesses bailes, os nova-iorquinos queer e trans competiam, dançavam e criavam rivalidades de anos entre as Houses (ou seja, “famílias encontradas” de pessoas LGBTQIA+ que competiam juntas).

    A House of LaBeija – cujos membros também incluíam o mestre de cerimônias Junior LaBeija, que popularizou frases como “Opulência – você é dono de tudo!” – também inspirou outros artistas queer, incluindo RuPaul e o elenco LGBTQ de “Pose”, cujos personagens são baseados em figuras de ballroom da vida real.

    Donna Summer

    Na última faixa, “Summer Renaissance”, Beyoncé pegou muito coisa emprestada de “I Feel Love”, de Summer, a rainha do estilo musical disco. É pelo menos a segunda vez que Beyoncé utilizou a experiência de Summer: “Naughty Girl”, do debut solo de Beyoncé, interpola “Love to Love You” de Summer, outro hino gay das boates.

    Mesmo que seu relacionamento com sua base de fãs gays fosse tênue –Summer foi acusada de fazer comentários homofóbicos sobre vítimas gays da Aids– sua música era amada pelos ouvintes LGBTQIA+ por “sua postura, gravidade e conteúdo de sexo aberto”, escreveu Paul Flynn, jornalista e cronista da cultura gay, em um artigo de 2012 para o Guardian.

    Ela foi “abençoada com uma incapacidade divina de intuir como soa 3 da manhã sob um espelho redondo em uma boate gay metropolitana”, escreveu Flynn. “‘I Feel Love’ ainda é isso”.

    Tio Jonny

    Em uma nota em seu site, Beyoncé agradeceu à família, incluindo seus filhos e sua “musa”, Jay-Z. Mas o elogio mais significativo foi reservado para seu falecido tio Jonny, a quem ela chamou de “madrinha e a primeira pessoa a me expor a muita música e cultura que servem de inspiração para este álbum”. “Obrigada a todos os pioneiros que originaram a cultura, a todos os anjos caídos cujas contribuições não foram reconhecidas por muito tempo”, escreveu Beyoncé. “Esta é uma celebração para vocês”.

    Ela também homenageou seu tio em um discurso de 2019 ao aceitar um prêmio GLAAD: “Ele viveu sua verdade. Ele foi corajoso e sem remorso durante um período em que este país não era tão receptivo”.

    Tina Knowles-Lawson, mãe de Beyoncé, compartilhou no Instagram que Jonny a ajudou a criar a jovem Beyoncé e sua irmã, Solange, e que as meninas “o adoravam”. Jonny até fez o vestido do baile de formatura da Beyoncé, disse Knowles-Lawson.

    Beyoncé o homenageia com uma das melhores frases do álbum: “Uncle Jonny fez meu vestido”, ela canta em “Heated”. “Aquele spandex (tipo de tecido sintético) barato, ela parece uma bagunça!”.

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