Papa pede desculpas a indígenas por “políticas opressivas e injustas” no Canadá
Entre 1870 e 1996, mais de 150 mil crianças foram enviadas para escolas católicas após serem separadas de suas famílias e forçadas a abandonar sua cultura
O papa Francisco disse aos líderes indígenas, em seu último dia de visita ao Canadá, que estava magoado pelo fato de os católicos terem apoiado “políticas opressivas e injustas” contra eles.
O pontífice de 85 anos se encontrou nesta sexta-feira (30) com uma delegação indígena na residência do arcebispo de Quebec antes de partir para uma breve parada no território ártico de Nunavut, criado em 1999 para abrigar o povo Inuíte.
“Vim como um irmão para descobrir em primeira mão os bons e maus frutos trazidos pelos membros da família católica local ao longo dos anos”, iniciou Francisco.
“Vim em espírito de penitência para expressar minha profunda dor pelo mal infligido a vocês pelos não poucos católicos que apoiaram políticas opressivas e injustas contra esse povo”.
Ele se referia às escolas residenciais para onde mais de 150 mil crianças indígenas foram levadas após serem separadas de suas famílias entre 1870 e 1996.
Grupos religiosos, a maioria católicos, administravam as instituições para que os governos da época implementassem uma política de “assimilação cultural”.
Os menores passaram fome ou foram espancadas por falarem suas línguas nativas e muitas foram abusados sexualmente em um sistema que a Comissão de Verdade e Reconciliação do Canadá classificou como um “genocídio cultural”.
“Vim como peregrino, apesar de minhas limitações físicas, para dar mais passos adiante com vocês e por vocês”, disse.
“Faço isso para que se avance na busca da verdade, para que os processos de cura e reconciliação continuem e para que as sementes de esperança continuem sendo lançadas para as gerações futuras – indígenas e não indígenas – que desejam viver juntos, em harmonia, como irmãos e irmãs”.