Embaixadas avaliam reações conjuntas a ameaças de Bolsonaro ao sistema eleitoral
Ideia é dar ainda mais força a posições de repúdio aos ataques à democracia brasileira
O encontro do presidente Jair Bolsonaro com embaixadores, na segunda-feira (18), estabeleceu uma espécie de alerta permanente nos corpos diplomáticos no Brasil, que avaliam, a partir de agora, reações conjuntas a novas ameaças de Bolsonaro ao sistema eleitoral do país.
A avaliação de integrantes da diplomacia é a de que, a partir do evento no Palácio da Alvorada, as representações no Brasil precisam criar um intercâmbio de troca de informações sobre a realização das eleições e, acima de tudo, passar a se manifestar conjuntamente.
A ideia é dar ainda mais força a posições de repúdio aos ataques à democracia brasileira. A articulação por uma atuação conjunta surge a partir da percepção de que, hoje, o cenário é imprevisível.
Como mostrou a CNN nesta quarta (20), relatório de uma embaixada da Europa diz que declarações de Bolsonaro durante o encontro com diplomatas “são perigosas” e “indicam ações imprevisíveis”.
Um dos destaques do relatório foi o momento em que o presidente afirmou aos embaixadores que sua intenção é a de “corrigir falhas” e “apresentar uma saída”.“Queremos corrigir falhas, queremos transparência, queremos democracia de verdade.
Sou acusado de querer dar um golpe. Estou questionando o sistema primeiro, ter tempo para resolver esses problemas”, relata o documento, transcrevendo a fala de Bolsonaro.
Em seguida, a embaixada faz sua análise: “Essas declarações são perigosas porque indicam ações imprevisíveis”.
A ideia é a de que, a partir de agora, o monitoramento sobre a situação política no Brasil se intensifique e, na avaliação de integrantes da diplomacia, a troca de informações entre as embaixadas pode ser determinante para que o cenário esteja mais bem mapeado.
Procurado, o Palácio do Planalto não se manifestou.