Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Primeiro-ministro da Itália ganha voto de confiança, mas sofre boicote de aliados

    Mario Draghi pediu que votação fosse realizada nesta quarta-feira; três partidos de coalizão boicotaram decisão

    Da CNN Brasil

    O primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, venceu o voto de confiança no Senado nesta quarta-feira (20), continuando no cargo em meio à crise política no país.

    Porém, três principais partidos da coalizão se recusaram a participar da votação, mantendo a situação delicada em seu governo.

    A moção pedia que a casa aprovasse um discurso feito por Draghi no início do dia, quando ele exigiu unidade de seus aliados da coalizão. A votação foi aprovada por 95 a 38 com muitas dezenas de senadores ausentes.

    Draghi já havia pedido renúncia no dia 14 de julho, argumentando que não havia mais “coalizão de unidade nacional do seu governo”. Porém, o presidente Sergio Mattarella rejeitou a carta e deu até esta quarta-feira para que o político formasse um governo para continuar na liderança.

    Hoje, o primeiro-ministro pediu que fosse feito o voto de confiança, um mecanismo do sistema parlamentarista em que se é decidido se o chefe de governo deve continuar no cargo ou não. Ele exigiu unidade de seus parceiros de coalizão caso quisessem a continuidade de sua administração.

    Agora, uma eleição antecipada em setembro ou outubro é um resultado provável.

    “A política fracassou”, disse o ministro das Relações Exteriores, Luigi Di Maio, que pediu repetidamente que os partidos da coalizão apoiassem Draghi. “O futuro dos italianos estava em jogo. Os efeitos dessa escolha trágica serão vistos na história”, complementou.

    O primeiro-ministro deve dizer à câmara baixa do Parlamento nesta quinta-feira (21) que pretende renunciar, disse uma fonte política à Reuters. Ele então entregará novamente o pedido ao presidente Sergio Mattarella, que deve anunciar eleições.

    A crise política se intensificou após o partido Movimento 5 Estrelas decidir não apoiar Draghi em uma votação, dizendo que ele não abordou suas principais preocupações.

    Na votação desta quarta, além do 5 Estrelas, os partidos de direita Forza Italia e League decidiram evitar a votação, dizendo que queriam um compromisso de que o ministro estava disposto a forjar um novo governo sem o 5 estrelas e com novas prioridades políticas.

    Mas Draghi não parecia disposto a liderar uma nova coalizão, pontuando ao Senado que os italianos apoiavam seu governo, formado para ajudar o país a se recuperar da pandemia.

    “O apoio que vi neste país (para a coalizão) é sem precedentes e me convenceu a propor novamente um pacto para o governo e pedir que você vote nele. Você vai decidir”, destacou Draghi ao Senado antes da votação.

    Possível vitória da Extrema-Direita

    Mario Draghi provavelmente permanecerá no cargo até a eleição, que as pesquisas indicam que será vencida pelo bloco conservador, incluindo o partido de extrema-direita “Irmãos da Itália” – o único grande grupo que se recusou a ingressar no governo de unidade.

    “Já tenho uma equipe de ministros pronta? Tenho minhas próprias ideias sobre como esta nação deve ser governada, o que deve ser feito, qual deve ser sua estratégia industrial”, afirmou Giorgia Meloni, líder dos Irmãos da Itália e possível próxima primeira-ministra.

    O tumulto político ocorre em um momento difícil para a endividada Itália, a terceira maior economia da zona do euro, onde os custos dos empréstimos aumentaram acentuadamente à medida que o Banco Central Europeu começa deixar sua política monetária mais rígida.

    O comissário de Economia da Europa, Paolo Gentiloni, avaliou no Twitter que o movimento “irresponsável” contra Draghi pode levar a uma “tempestade perfeita” e alertou para “meses difíceis à frente” para a Itália.

    O chefe do Partido Democrático (PD), de centro-esquerda — outro integrante da coalizão, lamentou o que chamou de “dia louco” e disse que o Parlamento foi contra a vontade do povo.

    “Os italianos se mostrarão mais sábios nas urnas do que seus políticos”, escreveu o chefe do PD, Enrico Letta, no Twitter.

    (Publicado por Tiago Tortella, da CNN)

    *com informações de Júlia Vieira e Renata Souza, da CNN, e da Reuters

    Tópicos