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    Em depoimento, testemunha diz que Jorge Guaranho teria gritado duas vezes “aqui é Bolsonaro” antes de atirar

    A CNN teve acesso ao depoimento de uma vigilante que relatou quase ter sido atropelada pelo policial penal; no fim de semana, Bolsonaro disse que o assassinato do militante petista foi uma "briga estúpida, sem razão”

    Leandro Resendeda CNN

    Uma testemunha da morte do guarda municipal e militante petista Marcelo Arruda afirmou à Polícia Civil do Paraná que ouviu o policial penal Jorge Guaranho gritar duas vezes “aqui é Bolsonaro” antes de atirar. A CNN teve acesso ao depoimento completo de uma vigilante que detalhou às delegadas responsáveis pelo caso que o indiciado pelo crime mencionou o nome do presidente em dois momentos e que quase foi atropelada por ele.

    O promotor do caso afirmou à CNN que pretende apresentar a denúncia até a próxima quarta-feira (20).

    Em agendas no Nordeste, no fim de semana, o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a comentar o caso e disse que o assassinato do militante petista foi ocasionado por uma “briga estúpida, sem razão”. Arruda foi morto em plena festa de aniversário no dia 9 de julho.

    Em seu depoimento, a vigilante detalha que viu Jorge Guaranho pela primeira vez enquanto fazia uma ronda de moto na rua em que Marcelo Arruda comemorava seu aniversário, com uma festa temática em homenagem ao PT e ao ex-presidente Lula. Ele disse: “aqui é Bolsonaro” quando chegou ao local da festa. “Só entendi isso, aí ele saiu cantando pneu, e eu continuei fazendo minha ronda de moto normal”, disse a vigilante.

    Depois, ela relata que viu pelo retrovisor da moto, o veículo de Guaranho voltar para rua da festa em alta velocidade e que quase foi atropelada por ele. “Se eu não jogo a moto, ele passa por cima”, afirmou à Polícia. Depois disso, ela diz que o policial penal entrou na chácara e logo o tiroteio começou. “Ele entrou com tudo na chácara, eu só ouvi nitidamente ele falando ‘aqui é Bolsonaro, porra’. Aí, dentro de dois minutos, começou o tiroteio.”

    Nesta segunda-feira o promotor do caso concedeu entrevista à CNN e afirmou que as investigações do caso ainda não terminaram, que o celular de Guaranho deve ser periciado e que a denúncia contra o policial penal está prevista para ser apresentada até quarta-feira (20).

    Em nota, a Polícia Civil informou que o indiciamento de Guaranho é “o mais severo capaz de ser aplicado ao caso”, e que não há nenhuma “qualificadora específica para motivação política prevista em lei, portanto isto é inaplicável”.

    “Também não há previsão legal para o enquadramento como “crime político”, visto que a antiga Lei de Segurança Nacional foi pela revogada pela nova Lei de Crimes contra o Estado Democrático de Direito, que não possui qualquer tipo penal aplicável”, diz a polícia.

    A CNN entrou em contato com a defesa de Guaranho e aguarda resposta.

    Bolsonaro se pronuncia sobre o crime no dia seguinte

    No dia seguinte ao crime, Bolsonaro usou o Twitter para se pronunciar sobre o assassinato do petista Marcelo Arruda. Nas publicações, Bolsonaro lembrou uma postagem de 2018 e afirmou: “Dispensamos qualquer tipo de apoio de quem pratica violência contra opositores. A esse tipo de gente, peço que por coerência mude de lado e apoie a esquerda, que acumula um histórico inegável de episódios violentos”.

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