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    Fitch mantém nota de crédito do Brasil e muda perspectiva de “negativa” para “estável”

    Agência de classificação de risco atribuiu mudança a uma evolução das finanças públicas

    João Pedro Malardo CNN Brasil Business , em São Paulo

    A agência de classificação de risco Fitch Ratings anunciou nesta quinta-feira (14) que mudou a perspectiva para o Brasil de “negativa” para “estável”, e manteve a nota de crédito do país em “BB-“.

    De acordo com a Fitch, a mudança de perspectiva reflete uma “evolução das finanças públicas acima do esperado em meio a sucessivos choques nos últimos anos”.

    A perspectiva negativa para o país havia sido atribuída em maio de 2020. Dentre as justificativas para a mudança, a agência cita o primeiro superávit fiscal primário desde 2013, registrado em 2021.

    A Fitch destaca, ainda, o desempenho superior das receitas do governo e um “compromisso das autoridades de retirar os estímulos implementados durante a pandemia”.

    A expectativa da agência é que a redução “acentuada” da dívida pública em 2021 seja sucedida por uma “ligeira queda” em 2022, “melhorando consideravelmente o ponto de partida antes de um aumento gradual projetado em 2023 e além”.

    “A dinâmica de crescimento de curto prazo superou as expectativas anteriores da Fitch, e o progresso incremental nas reformas pode beneficiar as perspectivas de investimento de médio prazo”, afirma o comunicado.

    O texto também cita um “aperto decisivo da política monetária” pelo Banco Central, em referência ao ciclo mais recente de alta de juros, que indica um “compromisso com o combate à inflação” e com a autarquia “apoiada em sua nova autonomia formal”.

    Entretanto, a Fitch ressalta que desafios fiscais e de crescimento continuam, com incertezas em torno das eleições presidenciais em outubro e sobre como esses temas serão abordados.

    O comunicado diz que essas preocupações já estão contidas na nota “BB-“, e que a expectativa é de uma “continuidade da política macroeconômica após as eleições”.

    Dentre os fundamentos de crédito citados pela agência estão uma “economia grande e diversificada, renda per capita relativamente alta e capacidade de absorver choques externos sustentados por sua taxa de câmbio flexível”, além de reservas robustas e status de credor externo líquido.

    Já na ponta negativa, são citadas as “altas necessidades de financiamento e endividamento do governo, uma estrutura fiscal rígida, fraco potencial de crescimento e um cenário político difícil”.

    Em relação à questão fiscal, a Fitch avalia que ainda há incertezas sobre o ritmo de consolidação, com possíveis mudanças no teto de gastos.

    “As manobras fiscais no ano passado para ampliar o espaço para gastos sociais colocam em dúvida a eficácia do teto”, afirma a agência, destacando também que a regra pode passar por mudanças após as eleições.

    A projeção da Fitch é que a relação da dívida do governo geral com o Produto Interno Bruto (PIB) caia para 78,8% em 2022,  ante 80,3% em 2021 e 88,6% em 2021. Com isso, o valor se aproxima do nível pré-pandemia, em 2019, de 74,4%.

    “As perspectivas de crescimento e investimento a médio prazo dependerão da postura política do próximo governo que assumirá o cargo em janeiro de 2023”, ressalta.

    A Fitch observa que o governo atual, do presidente Jair Bolsonaro, fez “progressos incrementais nas reformas”, com medidas como a autonomia formal ao Banco Central e privatizações como a da Eletrobras, mas sem avançar em reformas como a administrativa e a fiscal.

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