Nota argentina de mil pesos tem menor poder aquisitivo dentre 10 países, diz estudo
Instituto comparou as maiores cédulas em circulação das principais economias da América Latina
A nota de mil pesos da Argentina possui o menor poder de compra na comparação com as cédulas de maior valor de dez economias da América Latina, de acordo com um levantamento do Instituto de Pesquisas Econômicas da Bolsa de Comércio de Córdoba.
O estudo foi feito com as cédulas de maior valor em circulação em Argentina, Brasil, Peru, Colômbia, México, Paraguai, Uruguai, Venezuela, Bolívia e Chile. No caso brasileiro, a selecionada foi a nota de R$ 200, lançada em 2020.
Os valores das cédulas foram, então, convertidos em dólar considerando as taxas de câmbio ao fim do mês de junho em cada país. Com isso, a nota de maior valor é a do Peru, onde 200 sóis equivalem a US$ 53.
O Brasil ficou na quarta posição, atrás também do México e do Uruguai, com R$ 200 equivalendo a US$ 38,3.
As três últimas posições foram ocupadas, respectivamente, pela Venezuela, onde 100 bolívares equivalem a US$ 18,1, pelo Paraguai, com 100.000 guaranis correspondendo a US$ 14,6, e pela Argentina.
No caso argentino, que possui seis taxas de câmbio em utilização, o instituto levou em conta tanto a taxa oficial quanto a usada no mercado paralelo, e em ambos os casos foi registrado o menor valor.
No câmbio oficial, mil pesos argentinos equivalem a US$ 7,7. Já no paralelo, a US$ 4,3.
A nota de mil pesos foi lançada na Argentina em 2017, e desde então perdeu 87% do seu poder de compra considerando o câmbio oficial, e 93% no paralelo. Em novembro daquele ano, ela correspondia a US$ 60.
O instituo ressalta que, durante a década de 1990, a nota de maior circulação na Argentina, de 100 pesos, era equivalente a US$ 100. Desde então, houve uma desvalorização em relação à moeda norte-americana.
O estudo atribui o movimento a uma “inflação persistente, que deteriora o poder de compra do peso argentino e impacta negativamente o poder de compra das famílias com renda fixa, ou seja, cada vez menos bens e serviços podem ser adquiridos com a mesma unidade monetária”.
Um dos produtos usados na comparação entre os países foi a quantidade de garrafas de 330 ml de Coca-Cola ou Pepsi que poderiam ser compradas usando a cédula de maior valor.
No Peru, seria possível comprar 80 garrafas. No Brasil, 39, a terceira maior quantidade. Já na Argentina, seria possível adquirir 8, a menor quantidade dentre todos os países.
Também foi medida a quantidade de combos de hambúrgueres em redes de fast food que poderiam ser comprados, considerando os menus do McDonalds e do Burger King.
O Peru também lidera a lista, com uma nota de 200 sóis podendo comprar até 11 combos. O Brasil manteve a terceira posição, com 7, e a Argentina a última, com 2, empatada com a Venezuela.
O instituto observa ainda que “o rápido aumento dos preços e a erosão do poder de compra da moeda local mostram que de 2017 até hoje, em seis dos países analisados (Bolívia, Chile, Colômbia, México, Paraguai e Peru), a inflação média anual foi inferior a 5%”.
No Brasil, a média foi de 6%, e no Uruguai, de 9%. Na Argentina, a média anual foi de 47%, atrás apenas da Venezuela, com 7.321%.
Em 2022, a inflação argentina atingiu o maior valor em 30 anos, de 60,7% no acumulado de 12 meses encerrado em maio.
Segundo o Instituto Nacional de Estatísticas e Censo (Indec), a maior alta no mês foi no setor de saúde (6,2%), em especial devido à variação nos preços de medicamentos. A segunda maior elevação foi no setor de transportes (6,1%), devido ao aumento nos combustíveis.
Além da inflação, o peso argentino tem atingido uma desvalorização recorde em relação ao dólar. O país passa por uma retirada de investimentos estrangeiros ligada tanto a fatores de risco domésticos quanto externos, levando à desvalorização.