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    Três motivos para não se desesperar com a inflação recorde nos EUA

    Preços do petróleo e perspectivas a longo prazo estão entre as razões para o mercado se manter otimista

    Julia Horowitzdo CNN Business

    Quando os dados mais recentes sobre os preços ao consumidor nos Estados Unidos foram divulgados na última quarta-feira (12), o número da manchete foi feio.

    A inflação subiu para 9,1% em junho, segundo dados do Bureau of Labor Statistics. Isso foi mais alto do que os economistas consultados pela Refinitiv estavam prevendo.

    Também foi muito superior à taxa de 8,6% registrada em maio, que abalou os mercados financeiros e pressionou o Federal Reserve a aumentar as taxas de juros de forma mais agressiva – renovando os temores sobre se o banco central poderia controlar a inflação sem desencadear uma recessão.

    Os investidores estavam se preparando para uma surpresa. Mas há razões para acreditar que a resposta de Wall Street aos números será mais suave do que no mês passado.

    “Tanto os formuladores de políticas quanto os investidores vão levar essa nova alta com calma”, disse-me Joseph Brusuelas, economista-chefe da RSM US.

    Por quê? Os dados sobre a inflação revelam que, embora a situação seja preocupante, há alguns motivos para otimismo.

    1. Núcleo de inflação

    O núcleo da inflação anual, que exclui os preços voláteis de alimentos e energia, parece ter atingido o pico em março. As autoridades do Federal Reserve estão mais preocupadas quando há sinais de que a inflação é ampla, então isso fornece alguma esperança de que a situação subjacente esteja melhorando, mesmo com os preços de supermercado e combustível descontrolados.

    O núcleo da inflação nos 12 meses até junho caiu para 5,9%, ante 6% em maio. Pode continuar caindo se a demanda do consumidor por bens continuar a diminuir, já que os compradores recusam os preços altos e redirecionam sua renda para serviços como jantar fora.

    2. Preços do petróleo

    Preocupações sobre se a economia global pode entrar em recessão diminuíram as expectativas para a demanda por combustível, ajudando a aliviar a pressão sobre os preços da gasolina nos Estados Unidos este mês.

    O preço médio de um galão de gás regular na quarta-feira foi de US$ 4,63, comparado a US$ 4,78 há uma semana e US$ 5,01 há um mês.

    Isso não se refletiu nos dados de junho, já que os preços da gasolina atingiram um recorde quando o Bureau of Labor Statistics analisou os números do IPC. O índice da gasolina subiu 11,2% entre maio e junho.

    Mas isso significa que julho provavelmente parecerá melhor – e os mercados gostam de olhar para frente.

    3. Expectativas de inflação de longo prazo

    Uma pesquisa do Federal Reserve Bank de Nova York publicada nesta semana mostrou que, enquanto as expectativas de inflação ao consumidor para o próximo ano marcaram uma nova alta em junho, as expectativas para o médio e longo prazo caíram.

    Isso indica que os consumidores americanos ainda acreditam que o Fed pode controlar a situação da inflação aumentando as taxas de juros e encerrando as compras de títulos da era da crise.

    A economia pode desacelerar, mas a estabilidade de preços será finalmente restaurada, assim como a credibilidade muito difamada dos bancos centrais.

    Dito isso: o núcleo da inflação ainda está extremamente alto e bem acima da meta do banco central de cerca de 2%. E há sinais de que as pressões inflacionárias estão se espalhando para partes da economia onde provavelmente permanecerão por algum tempo, como moradia e aluguel.

    O índice de abrigos subiu 5,6% no ano passado. Esse foi o maior aumento desde fevereiro de 1991. O preço dos móveis domésticos saltou 9,5% no mesmo período, enquanto as passagens aéreas saltaram mais de 34%.

    Olhando para o futuro: quando a inflação começar a cair, ela voltará para onde estava antes da pandemia?

    Autoridades de alto escalão, incluindo o presidente do Federal Reserve Jerome Powell e Agustín Carstens, que dirige o Banco de Compensações Internacionais, reconheceram em uma cúpula em Portugal no final do mês passado que existe o risco de entrarmos em um período de inflação persistentemente mais alta se os bancos centrais não obter a situação sob controle em breve.

    “A maior questão, eu acho, é que estamos em transição de um regime de baixa inflação para um regime de alta inflação?” disse Brusuelas.

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