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    Análise: Entenda como a venda de drones do Irã para a Rússia pode impactar a Ucrânia

    Para os EUA, as notícias do fornecimento dos equipamentos são evidências de que os ataques contra as forças ucranianas estão esgotando as armas russas

    Abbas Al Lawatida CNN

    Os Estados Unidos revelaram na segunda-feira (11) um potencial novo jogador na guerra entre a Rússia e a Ucrânia: o Irã.

    A inteligência dos EUA recentemente indicou que Teerã está se preparando para fornecer “centenas” de drones à Rússia — incluindo aqueles com capacidade de armas — para uso na guerra na Ucrânia,  disseram funcionários da Casa Branca.

    “Nossas informações ainda revelam que o Irã está se preparando para treinar forças russas para usar esses UAVs (Unmanned Aerial Vehicle, ou Veículo Aéreo Não Tripulado em português), com a sessão de treinamento inicial prevista para o início de julho. Não está claro se o Irã já entregou algum desses drones à Rússia”, explicou o conselheiro de segurança nacional, Jake Sullivan, em coletiva de imprensa nesta segunda.

    Sullivan apontou que as notícias do fornecimento de drones iranianos à Rússia são evidências de que os ataques contra a Ucrânia nas últimas semanas estão fazendo com que a Rússia esgote as suas armas.

    O anúncio levantou as sobrancelhas, e nem todos estão convencidos de que o Irã é capaz de exportar grandes quantidades de drones.

    “É improvável que o Irã tenha tantos drones operacionais em sua própria frota”,  twittou Esfandyar Batmanghelidj, fundador do Bourse Bazaar, um think tank — uma instituição que investiga e reflete sobre políticas públicas — com sede em Londres.

    “Também não tem experiência em exportar drones em grande escala.”

    A declaração da Casa Branca ocorre no mesmo momento em que as negociações nucleares entre o Irã e os Estados Unidos chegam a um beco sem saída, aumentando potencialmente o espectro de um novo conflito no Oriente Médio caso não cheguem em um consenso.

    As afirmações também ocorrem quando os países do Oriente Médio se preparam para lançar uma aliança de nações árabes e Israel, supostamente sob o apoio dos EUA, para combater possíveis ameaças do Irã.

    O Irã alertou que vê a medida como provocativa e uma ameaça à sua segurança nacional.

    Se o Irã está de fato planejando vender armas à Rússia para uso em sua guerra contra a Ucrânia, estaria essencialmente se inserindo em um conflito russo-ocidental no quintal da Otan.

    A mensagem para o governo Biden é que Teerã também pode espalhar sua influência para zonas de conflito distantes onde os EUA têm interesses pessoais.

    Embora os drones do Irã não sejam conhecidos por serem procurados por militares em todo o mundo, eles representam uma ameaça potente para seus adversários.

    As armas têm sido parte integrante da estratégia militar do Irã e chamam a atenção de autoridades americanas.

    No ano passado, o general  Kenneth F. McKenzie Jr., o principal comandante dos EUA no Oriente Médio, disse ao Congresso que os drones ligados ao Irã “apresentam uma nova e complexa ameaça às nossas forças e às de nossos parceiros e aliados”.

    Pela primeira vez desde a Guerra da Coreia, “estamos operando sem total superioridade aérea”, acrescentou ele.

    A guerra de drones foi especialmente importante nas primeiras semanas do conflito ucraniano, quando os dispositivos de ataque fabricados na Turquia foram usados com grande efeito pelos militares ucranianos, mas as defesas aéreas russas agora oferecem maior cobertura no leste.

    Os drones iranianos não seriam um divisor de águas, mas poderiam mitigar as fraquezas russas na exploração de UAVs.

    O major-general Hossein Salaami, comandante do Corpo de Guardas da Revolução Islâmica de elite do Irã, afirmou no ano passado que seu país possui drones com alcance de 7 mil quilômetros.

    De acordo com o Instituto da Paz dos Estados Unidos, os drones de médio a grande porte do Irã provavelmente podem permanecer no ar por até 20 horas enquanto carregam sensores bastante sofisticados, cargas úteis e uma variedade de armas.

    Alguns de seus dispositivos, como os usados pelo Hezbollah do Líbano, podem transportar uma carga útil de até 150 kg, pontuaram.

    Os drones iranianos já foram usados fora de suas fronteiras antes, isso ocorreu, porém, em sua maioria, nas zonas de conflito do Oriente Médio, onde Teerã pode contrabandeá-los para seus representantes não estatais. Eles foram eficazes no Iraque, Iêmen e Arábia Saudita, onde os EUA acreditam que foram usados em um ataque às instalações de petróleo sauditas em 2019. A investida fez os preços do petróleo dispararem para um recorde.

    O Irã negou a autoria desse ataque.

    A chegada de armas iranianas ao maior conflito da Europa desde a Segunda Guerra Mundial seria um marco importante para a indústria de armas do Irã e para seu status como fabricante. Representaria, também, uma rara ocasião em que as armas de Teerã fossem empregadas não apenas por um simples ator estatal, mas por um que é uma das principais potências militares globais.

    (Tim Lister, da CNN, contribuiu para este artigo)

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