MP-SP abre inquérito para apurar ato do MST na Bayer após pedido do MBL
Manifestação aconteceu em 10 de junho contra o uso de agrotóxicos no Brasil
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) abriu uma investigação, nesta sexta-feira (8), para apurar um ato do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na sede da Bayer, em Jacareí, no interior do estado, em 10 de junho.
A denúncia foi realizada por membros do Movimento Brasil Livre (MBL), que divulgaram o processo aberto pelas autoridades.
Segundo o MST, a manifestação ocorreu pela Bayer importar ao Brasil substâncias agrotóxicas, como o Rundap, um herbicida à base de glifosato, que apresenta risco à saúde humana e ambiental.
A entidade ainda cita o Projeto de Lei 6299/2002, que tramita no Senado Federal, e facilita a autorização e comercialização de agrotóxicos no país. De acordo com o MST, a medida ‘traz duras alterações na legislação atual, facilitando a venda e uso de substâncias altamente tóxicas para a vida humana e para a natureza.”
A ação ainda foi contrária ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), pela liberação dos produtos e após a revelação do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, que apontou 33 milhões de pessoas passando fome no país.
“A concentração de terras está matando o povo brasileiro de fome. O uso das terras no Brasil para produção de commodities e produtos agrícolas e exploração de minérios priva os trabalhadores e as trabalhadoras de terem o acesso à terra para produzir alimentos saudáveis”, explica o MST.
A CNN entrou em contato com o MP-SP e aguarda posicionamento. Assim que recebido, a reportagem será atualizada.
Em nota, o MST afirmou que não tem “conhecimento factual sobre qualquer inquérito aberto contra jovens do MST pelo ato pacífico ocorrido durante a Jornada Nacional da Juventude Sem Terra em junho. A manifestação é direito assegurado pela Constituição e na ocasião citada, os jovens denunciaram a tramitação acelerada do Pacote do Veneno (PL 6299/2002) no Congresso e o conluio estabelecido com grandes empresas produtoras de agrotóxicos, como é o caso da Bayer que em 2018 adquiriu a Monsanto. A empresa integra o Sindicato Nacional de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg) que atua como lobbysta para liberação de mais agrotóxicos, vários deles causadores de muitas doenças e câncer, desovando no Brasil, os produtos que são proibidos e banidos nos seus países de origem, como é o caso do glifosato”.
Por meio de nota, a Bayer afirmou que “defende o diálogo e atua de forma transparente e responsável em todos os seus negócios no Brasil”.
“As autoridades tem a prerrogativa de apurar atos eventualmente ilícitos e responsabilizar os envolvidos na forma da lei. A Bayer soube da investigação pela imprensa e contribuirá com o que for solicitado pelas autoridades”, completou a empresa.