Entenda o que é o voto de desconfiança e como ele poderia tirar Boris Johnson do poder
Pelas regras atuais, o processo só poderia ser aberto em 11 meses; primeiro-ministro britânico enfrenta crise em seu governo
O governo de Boris Johnson está passando por um momento de crise, com membros da gestão federal renunciando após a nomeação de um legislador mesmo após o primeiro-ministro ser informado de que o político havia sido alvo de queixas sobre má conduta sexual.
Johnson resiste à pressão feita pelos ex-membros do governo, afirma que não renunciará e que “a última coisa que o país precisa é de uma nova eleição”.
A manobra legal que poderia ser utilizada para um “impeachment” é o “voto de desconfiança”, um processo formal no qual os membros do partido votam se querem ou não que o atual líder permaneça no cargo.
O primeiro-ministro já enfrentou esse voto no começo de junho, e ganhou. Segundo as regras do partido conservador, o qual Johnson lidera, um novo processo só poderia ser aberto depois de 12 meses.
No entanto, é possível que essas regras possam ser reescritas pelo Partido Conservador, deixando o primeiro-ministro vulnerável a outro voto de desconfiança.
Espera-se que o executivo de 1922 se reúna nesta quarta-feira (6) para fixar uma data para as eleições de seu comitê. Se um número suficientemente grande de deputados “anti-Johnson” for eleito para o executivo, as chances de as regras mudarem aumentam drasticamente.
Entenda como funciona o voto de desconfiança
Sob as regras do Partido Conservador, se os membros do parlamento (MPs) querem a saída de seu líder, eles devem enviar uma carta confidencial de desconfiança ao presidente do Comitê de 1922, que os mantém em segredo, sem revelar quantas cartas foram enviadas.
Pelo menos 15% dos membros do partido devem enviar as moções para desencadear um voto de desconfiança.
Em seguida, todos os parlamentares conservadores participam da votação. Se a maioria dos integrantes votar contra Boris Johnson, ele deve deixar o cargo de líder do Partido Conservador.
Ele pode permanecer como primeiro-ministro enquanto um substituto é escolhido em uma votação de liderança dos conservadores, mas, uma vez que essa pessoa seja escolhida, ele assumirá o cargo de líder do Reino Unido.
O que acontece se Johnson renunciar?
No Reino Unido, a renúncia de um primeiro-ministro não desencadeia automaticamente uma eleição geral.
Se ele renunciasse, o Partido Conservador realizaria uma eleição interna para escolher um novo líder, que se tornaria então primeiro-ministro.
Johnson provavelmente permaneceria no cargo até que seu sucessor fosse escolhido, assim como seus antecessores Theresa May e David Cameron quando renunciaram em maio de 2019 e junho de 2016, respectivamente.
Salvo outra renúncia ou uma eleição antecipada, o novo primeiro-ministro lideraria o Reino Unido até a próxima eleição, em 2024.