EUA: Menino de 2 anos, órfão em tiroteio, sobreviveu porque pai o protegeu com o corpo
Kevin McCarthy, de 37 anos, e sua esposa, Irina, de 35, estavam entre as sete pessoas que morreram durante o feriado em Highland Park, Illinois
Aiden McCarthy sobreviveu ao tiroteio da última segunda-feira (4) durante um desfile do Dia da Independência em um subúrbio de Chicago, nos Estados Unidos, em virtude do último ato de heroísmo de seu pai, morto durante o ataque.
O menino de 2 anos foi deixado para crescer sem nenhum dos pais – os dois morreram na segunda -, se tornando mais um órfão da série de tiroteios em massa no país.
Kevin McCarthy, de 37 anos, e sua esposa, Irina, de 35, estão entre as sete pessoas que morreram após um homem abrir fogo contra uma multidão durante o feriado em Highland Park, Illinois, afirmou o instituto médico legal do condado de Lake. Outras 31 ficaram feridos.
Aiden foi protegido do tiroteio pelo corpo de seu pai Kevin, mesmo quando o homem estava ferido, contou o pai de Irina e o avô de Aiden, Michael Levberg, ao Chicago Sun-Times.
Aiden “foi retirado debaixo do corpo de seu pai, que ainda estava sangrando, por bons samaritanos”, relatou a senadora norte-americana Tammy Duckworth, democrata de Illinois, à CNN, na quarta-feira. “Em seguida, eles foram cuidar do pai, porque a sua perna ainda estava sangrando.”
Os McCarthys estavam ansiosos para ver o desfile com seu bebê, afirmou Levberg ao Sun-Times.
“Eles eram loucos por seu filho”, lamentou ele. “Estavam planejando um segundo.”
Depois que o tiroteio cessou, Aiden – um garotinho, sozinho – “estava vagando pela rua”, disse seu avô ao Sun-Times. A imagem foi capturada e compartilhada pelos presentes nas mídias sociais.
Uma vizinha, Adrienne Rosenblatt, viu a foto de Aiden em uma página de vigilância do bairro e começou a tentar conectá-lo com seus avós, relatou a mulher a WLS, afiliada da CNN.
Enquanto isso, no meio do caos, estranhos cuidavam da criança, aponta o GoFundMe, campanha que a prima da mãe de Aiden, Irina Colon, iniciou após o tiroteio.
Dana e Greg Ring avistaram Aiden depois que a enxurrada de tiros encerrou o desfile. A dupla tentou levar o menor à polícia.
“Quando chegamos, os policiais pareciam estar se preparando para uma guerra”, lembrou Greg. “Eu nunca vou esquecer. Eu parei e disse: ‘Este não é o nosso filho. Ele não é do nosso sangue dele. Ele está bem. O que devemos fazer?'”
“E o policial respondeu: ‘Não podemos ser babás agora. Vocês podem cuidar dele?’. Nós concordamos: ‘Claro’.”
Aiden acabou em uma delegacia de polícia, onde se encontrou com o avô.
“Quando eu o peguei, ele questionou: ‘Mamãe e papai vão chegar em breve?'”, disse Levberg na terça-feira (5). “Ele não entende.”
“Aos dois anos de idade, Aiden é deixado em uma posição impensável: crescer sem seus pais”, apontou a campanha de arrecadação de fundos.
“Aiden será cuidado por sua amorosa família e terá um longo caminho pela frente para se curar, encontrar estabilidade e, finalmente, navegar pela vida como órfão”, continua o comunicado.
“Ele está cercado por uma comunidade de amigos e familiares que o abraçarão com amor e com todos os meios disponíveis para garantir que ele tenha tudo o que precisa enquanto cresce”.
Mais de US$ 2 milhões foram arrecadados até a manhã desta quarta-feira (6), de acordo com a conta do GoFundMe, que apoiará o menino “e os cuidadores que terão a tarefa de criar, cuidar e apoiar Aiden enquanto ele e sua rede de apoio embarcam nessa jornada inesperada”.
Por enquanto, enfrentar essa realidade angustiada deve ser o primeiro passo.
“Eu não sei como vão dizer a ele”, desabafou Rosenblatt ao WLS. “Como você diz a um menino que mamãe e papai estão no céu agora?”.