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    Nova presidente da Caixa critica “comportamento inadequado” de homens no mercado financeiro

    'Isso não é mais aceitável, é coisa do século passado', disse Daniella Marques durante live fechada

    Caio Junqueira

    A nova presidente da Caixa Econômica Federal, Daniella Marques, criticou indiretamente durante uma live fechada com funcionários do banco o seu antecessor Pedro Guimarães, demitido após acusações de assédio moral e sexual. A CNN teve acesso a todo teor do vídeo, que dura 15 minutos.

    “Eu vou estar abrindo um canal de diálogo exclusivo para mulheres nos próximos 30 dias, eu sou mulher, eu entendo o que é ser mulher no ambiente de trabalho, na minha carreira assisti coisas que infelizmente a gente vê sendo normalizadas, não pode se chamar de assédio mas eu chamo de comportamento inadequado de homens em ambiente de trabalho, principalmente no setor financeiro, que foi de onde eu vim, e que isso não é aceitável mais, isso é coisa do século passado, essa pauta está 80 anos atrasada”, afirmou.

    Daniella Marques também declarou na live que “a Caixa, agora, além de ser o banco de todos os brasileiros, será a mãe da causa feminina”.

    “Nós vamos atuar juntos com todo o esforço, com todo o nosso poder de produto, de rede, e a nossa força de venda, e o amor dessa família da Caixa para que a Caixa seja o grande agente de proteção e promoção de mulheres na sociedade. Então eu apresentei um plano estratégico para o conselho, obviamente esse plano só será possível porque eu tenho certeza, temos 35 mil mulheres trabalhando aqui na Caixa e eu tenho certeza de que são elas que vão irrigar e disseminar essa cultura e perpetuar para que a gente tenha um resultado rápido de impacto e veja esses números sendo reduzidos.”

    Ela afirmou ainda que precisa “entender quais são as dores e aprofundar na das mulheres, não só envolvidas no episódio, mas de outras que eventualmente podem ter se sentido agredidas, assediadas, ou qualquer outro evento para que a gente, na revisão que vai haver nas políticas internas sobre prevenção de assédio e todas as outras, [possa] fortalecer os controles disso”.

    A nova presidente disse ainda: “não estamos aqui para proteger ninguém, não estamos aqui para perseguir ninguém”.

    Disse que não pretende expor as pessoas, nem as vítimas nem os acusados. “Acho que não interessa ninguém expor pessoas. Estamos falando de acusados, estamos falando de possíveis vítimas, mas estamos falando principalmente de pessoas. E a gente tem que proteger, na nossa vocação de acolher, e proteger as pessoas, a gente tem que proteger as pessoas que estão envolvidas, o que não significa que a gente vai deixar de apurar com todo o rigor, seriedade, independência, mas a gente não tem necessidade de expor ninguém. Essas pessoas têm família, a imagem do banco está sendo exposta junto, então exposição midiática não é uma coisa que cria valor nesse momento.”

    Ela anunciou também a criação de um comitê de crise, a contratação de uma empresa privada para auxiliar nas investigações e que órgãos de fiscalização do governo ajudarão a auditar as investigações.

    “O primeiro passo foi o afastamento de outras pessoas, sem nenhuma presunção de inocência ou culpa. O segundo passo vai ser criar uma estrutura aqui dentro, independente e permanente. Eu chamo de sala de guerra, war room, comitê de risco, força tarefa, o nome que vocês quiserem dar, mas o fato é, que vai ter uma equipe multidisciplinar, envolvendo a empresa independente, envolvendo os órgãos internos necessários, envolvendo a procuradoria geral da união [Controladoria-Geral da União].”

    Segundo Marques, a Controladoria Geral da União (CGU) vai auxiliar na investigação. “Eu já estou desde sexta-feira em conversas com o ministro Wagner Rosário, que (…) vai estar colaborando totalmente, com a estrutura da procuradoria geral da união [Controladoria-Geral da União] com a gente para apurar os fatos, e a gente já esta semana implementa essa estrutura que vai estar trabalhando com profundidade, com afinco, 24 horas, sete dias por semana, para que a gente tenha uma apuração séria, rigorosa, mas principalmente independente”

    Marques afirmou ainda que pretende preservar a imagem do banco diante do episódio. “Todo o mundo tem presunção de inocência, mas nesse momento, entendeu-se, assim como a Presidência da República entendeu, o alto comando do banco entendeu, que a gente, acima de tudo, precisa preservar a imagem do banco. Então a gente precisa isolar esse problema, isolar essa questão, porque o banco é muito maior do que isso. E a gente precisa seguir a vida, a gente precisa gerar negócio, a gente precisa acolher as pessoas, a gente precisa dar resultado.”