Mauro Cid vai prestar novo depoimento à Polícia Federal
Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro já foi ouvido mais de dez vezes ao longo de investigações que envolvem o governo passado
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), vai prestar novo depoimento à Polícia Federal na próxima quinta-feira (5).
O militar, que possui um acordo de colaboração premiada, tem prestado informações que subsidiam inquéritos que miram o ex-presidente.
O novo depoimento ocorre duas semanas após o tenente-coronel ter sido ouvido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e ter mantido os benefícios da colaboração premiada.
O acordo que estava sob risco após a PF apontar omissões e contradições do ex-ajudante de ordens nas declarações dele sobre a trama golpista.
No mês passado, Cid e outras 36 pessoas, incluindo Bolsonaro, foram indiciadas por tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e Organização criminosa.
A trama, segundo a investigação, incluía a possibilidade de assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes.
O inquérito que apura o caso já foi encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR) pelo relator no Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Cabe agora ao procurador Paulo Gonet decidir se denuncia ou não os indiciados.
Cid conseguiu manter sua delação após dar detalhes ao ministro Alexandre de Moraes sobre a atuação do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e vice na chapa de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022, contribuíram para que o tenente-coronel manter os benefícios do acordo.
Mauro Cid já foi ouvido mais de dez vezes. Ele, assim como o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados, também foram indiciados pela PF no caso da falsificação do cartão de vacinas contra a covid-19 e também pela venda das joias sauditas recebidas pelo ex-presidente.
A delação
Mauro Cid é considerado uma das principais peças da apuração sobre a possível tentativa de golpe encabeçada por Bolsonaro, integrantes de seu governo e aliados. O STF homologou o acordo de delação do ex-ajudante de ordens em 9 de setembro de 2023.
Ao firmar o acordo, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro deixou a prisão. Ele estava preso desde 3 maio do mesmo ano, depois de ser alvo de investigação que apura a inserção de dados falsos nos cartões de vacina do ex-presidente.
Em março deste ano, Mauro Cid ficou sob risco de perder a delação premiada após áudios vazados em que ele critica Alexandre de Moraes e a Polícia Federal (PF).
Após prestar depoimento a Moraes no dia 22 daquele mês para explicar o vazamento dos áudios publicados pela revista “Veja”, o militar foi preso novamente. Ele passou mal e chegou a desmaiar na audiência.
Mauro Cid foi solto em 3 de maio deste ano por decisão de Alexandre de Moraes, que manteve integralmente o acordo de delação premiada.
Na decisão, o ministro citou que o ex-ajudante de ordens reafirmou a “voluntariedade a legalidade do acordo” e ressaltou que os áudios divulgados pela revista Veja “se tratavam de mero ‘desabafo’”.
Após deixar a prisão, Cid ficou obrigado a usar tornozeleira eletrônica, cumprir recolhimento domiciliar noturno, comparecimento semanal à Justiça. Ele também está proibido de deixar o país; usar redes sociais; e se comunicar com os demais investigados, com exceção de sua esposa, filha e pai.
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