Militares tinham “apostila de anonimização” para ocultar rastros de golpe, diz PF
Em documento, foi mencionada a investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco
O inquérito da Polícia Federal que apura uma tentativa de golpe em 2022 para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) revela que os militares envolvidos no plano tinham um guia com ações a serem tomadas para garantir o anonimato dos participantes.
“A equipe de investigação documento também encontrou um documento PDF chamado “Apostila_Anonimização.pdf”, diz trecho do inquérito cujo sigilo foi retirado nesta terça-feira (26) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Na apostila, segundo a investigação da PF, havia uma menção à investigação que terminou na prisão dos suspeitos de envolvimento na morte da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL) em 2018.
“Em trecho do documento, pelo que os analistas observaram, há menção clara de que no referido caso houve a utilização de antenas de celular para ajudar na elucidação do mencionado crime.”
“Face a todo exporto, conclui-se que o evento ‘copa 2022’, pelo que se apurou, apresenta-se como um fato executado com elevado conhecimento técnico, possuindo, ainda, fortes indícios de ter sido elaborado previamente, com vistas a alcançar anonimização das pessoas envolvidas”, acrescenta o relatório.
Os militares que participavam mais ativamente da trama mantinham em um aplicativo de mensagens um grupo chamado “Copa 2022”. Para não usar os nomes verdadeiros, eles adotavam pseudônimos com nomes de países, como Áustria, Japão e Gana.
O inquérito foi enviado por Moraes à Procuradoria-Geral da República (PGR). Além de Jair Bolsonaro, outras 36 pessoas foram indiciadas.
Ao fim da análise, o procurador-geral, Paulo Gonet, decidir se denuncia o ex-presidente e os demais investigados pelos crimes apontados pela PF. Ele também pode pedir o arquivamento das investigações ou solicitar mais diligências aos investigadores.