Clubes militares criticam “esforço coordenado” para comprometer imagem das Forças Armadas
Nota conjunta reconhece gravidade, mas fala em "sensacionalismo" sobre prisão de acusados de tramar plano contra Lula, Alckmin e Moraes
Os Clubes Naval, Militar e da Aeronáutica divulgaram uma nota em que criticam o que dizem ser um “esforço coordenado” para depreciar as Forças Armadas.
O texto “Entre Crises e Narrativas: A Defesa dos Valores Militares” foi publicado nas páginas oficiais dos três clubes com datas de quinta (21) e sexta-feira (22).
O comunicado da Comissão de Interclubes Militares afirma que há “sensacionalismo” em torno a prisão de militares acusados de tramar a execução do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e diz que joga sobre as Forças Armadas uma “sombra que não lhes pertence.”
Os clubes militares são associações que reúnem militares da reserva.
“O sensacionalismo em torno da prisão dos acusados, aliado à divulgação seletiva de informações e às declarações precipitadas de autoridades que deveriam agir com discrição, lança sobre as Forças Armadas uma sombra que não lhe pertence”, cita.
O texto cita a “gravidade” Operação da Polícia Federal que mirou o general da reserva e três tenentes-coronéis da ativa – todos das Forças Especiais, os chamados “Kids Pretos” – e pede que “haja uma investigação ágil, imparcial e rigorosa dos fatos.”
“É imperativo, também, o indispensável repúdio imediato e veemente às palavras e às atitudes dos acusados. Se confirmadas, são incompatíveis com os valores que norteiam os integrantes das Forças Armadas. Tais condutas afrontam princípios fundamentais como honra, lealdade e disciplina. Não são dignas de quem fez o solene juramento de defender a soberania nacional, a Constituição e, em última instância, morrer pelo Brasil”, cita o texto.
A nota é assinada pelos presidente do Clube Naval, almirante de esquadra José Afonso Prado Maia de Faria; do Clube Militar, general Sérgio Tavares Carneiro, e do Clube da Aeronáutica, major brigadeiro do ar Marco Antonio Carballo Perez.
Na declaração, os militares da reserva citam a “crise profunda” pelo qual passa o país “impacta suas Forças Armadas, frequentemente arrastadas para o centro de disputas políticas em escalada.”
Atribuem a situação a uma “falta de patriotismo, sensibilidade e responsabilidade por parte de lideranças políticas e autoridades constituídas”.
“É válido questionar, em meio a esse cenário, se determinadas ações não visam, de forma insidiosa, enfraquecer a democracia, minar seus valores essenciais e restringir as liberdades individuais que sustentam a ordem social”, pontua.
“Parece que há um esforço deliberado e coordenado para comprometer a imagem das Forças Armadas junto à população. Por meio de abordagens distorcidas, são disseminadas narrativas que vilipendiam, injustamente, uma instituição que tem historicamente demonstrado compromisso com a estabilidade e a integridade do país. Concomitantemente, essas ações desviam o foco das responsabilidades daqueles que, em tese, deveriam dedicar-se a buscar soluções concretas para promover melhorias reais na vida do povo brasileiro”, cita o texto
Ao fim da mensagem, os clubes militares pedem por uma “pacificação nacional e o respeito às Forças Armadas”.
“Em tempos difíceis, alertam que a democracia e a estabilidade exigem vigilância constante e engajamento coletivo”, cita.
Leia a nota na íntegra:
“Entre Crises e Narrativas: A Defesa dos Valores Militares”
Rio de Janeiro, 22 de novembro de 2024
Em meio aos recentes acontecimentos que abalaram o País, nesta simbólica data de 19 de novembro, Dia da Bandeira — tão significativa para os brasileiros —, os noticiários destacaram a prisão de um oficial-general e quatro oficiais superiores do Exército. Eles são investigados por uma suposta tentativa de atentado contra o Presidente da República, o Vice-presidente e um ministro do Supremo Tribunal Federal. Dada a gravidade do caso, espera-se que haja uma investigação ágil, imparcial e rigorosa dos fatos.
É imperativo, também, o indispensável repúdio imediato e veemente às palavras e às atitudes dos acusados. Se confirmadas, são incompatíveis com os valores que norteiam os integrantes das Forças Armadas. Tais condutas afrontam princípios fundamentais como honra, lealdade e disciplina. Não são dignas de quem fez o solene juramento de defender a soberania nacional, a Constituição e, em última instância, morrer pelo Brasil.
O País atravessa uma crise profunda, que também impacta suas Forças Armadas, frequentemente arrastadas para o centro de disputas políticas em escalada. Essa situação decorre da falta de patriotismo, sensibilidade e responsabilidade por parte de lideranças políticas e autoridades constituídas. É válido questionar, em meio a esse cenário, se determinadas ações não visam, de forma insidiosa, enfraquecer a democracia, minar seus valores essenciais e restringir as liberdades individuais que sustentam a ordem social.
Por outro lado, é inquietante observar a escolha de datas emblemáticas para divulgar informações que comprometem a imagem das Forças Armadas, buscando associar a instituição a atos isolados. Um exemplo significativo ocorreu em 19 de abril do ano passado, Dia do Exército Brasileiro, quando o Presidente da República participou da cerimônia comemorativa no Quartel-General do Exército. Ao cobrir o evento, parcela da mídia noticiou, também, a prisão de um oficial superior, que poderia ter sido realizada em qualquer outra data.
Parece que há um esforço deliberado e coordenado para comprometer a imagem das Forças Armadas junto à população. Por meio de abordagens distorcidas, são disseminadas narrativas que vilipendiam, injustamente, uma instituição que tem historicamente demonstrado compromisso com a estabilidade e a integridade do país. Concomitantemente, essas ações desviam o foco das responsabilidades daqueles que, em tese, deveriam dedicar-se a buscar soluções concretas para promover melhorias reais na vida do povo brasileiro.
O sensacionalismo em torno da prisão dos acusados, aliado à divulgação seletiva de informações e às declarações precipitadas de autoridades que deveriam agir com discrição, lança sobre as Forças Armadas uma sombra que não lhe pertence.
Diante disso, o Clube Naval, o Clube Militar e o Clube de Aeronáutica reafirmam sua dedicação aos princípios que orientam as Forças Armadas: o serviço à Nação e à defesa da paz e do bem comum. Convocam os brasileiros a se unirem em torno desses valores e exortam lideranças legítimas a promoverem a pacificação nacional e o respeito às Forças Armadas. Em tempos difíceis, alertam que a democracia e a estabilidade exigem vigilância constante e engajamento coletivo.
A honra e os valores das Forças Armadas permanecem acima de condenáveis ações isoladas ou narrativas oportunistas, simbolizando sua lealdade inabalável à Nação!
José Afonso Prado Maia de Faria – almirante de esquadra e presidente do Clube Naval,
Sérgio Tavares Carneiro, general de brigada e presidente do Clube Militar,
Marco Antonio Carballo Perez – major brigadeiro do ar e presidente do Clube da Aeronáutica.
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