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    PF indicia padre no inquérito do golpe; saiba quem é

    Sacerdote José Eduardo de Oliveira e Silva é suspeito de integrar núcleo jurídico que formatou decretos e minuta para golpe de estado no Brasil após as eleições presidenciais de 2022

    Guilherme Gamada CNN , São Paulo

    Além do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), outras 36 pessoas foram indiciadas pela Polícia Federal (PF) no inquérito que investiga tentativa de golpe de Estado no Brasil após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais de 2022.

    Entre os indiciados está o padre da Igreja Católica José Eduardo de Oliveira e Silva, que teria participado de reunião sobre golpe com Bolsonaro. Veja a lista completa abaixo.

    O sacerdote nasceu em Piracicaba (SP) e ainda criança se mudou para Carapicuíba (SP), onde descobriu a vocação sacerdotal. José Eduardo foi ordenado sacerdote da Diocese de Osasco (SP) em 2006 e é atualmente é Pároco da Paróquia São Domingos na cidade.

    O padre dá palestras de temas como gênero, aborto, defesa da família e educação. Em 2017, ele ganhou atenção o nas redes sociais ao postar frases polêmicas em relação à ideologia de gênero e chegou a sugerir que a indústria farmacêutica deveria criar “um calmante em forma de supositório”.

    José Eduardo também escreveu que tinha saudades “dos tempos em que o banheiro servia só para necessidades fisiológicas e não para exibicionismos de autoafirmação sexual”.

    Nas redes sociais, o sacerdote acumula 424 mil seguidores e produz conteúdos religiosos e de ensino da teologia. O homem é doutor em Teologia Moral pela Universidade da Santa Cruz, em Roma. No Youtube, plataforma onde o padre publica aulas, concentra 136 mil seguidores.

    Como professor, o padre oferece cursos religiosos com valores que ultrapassam R$ 800,00 por ano.

    Padre foi alvo de busca e apreensão

    Em fevereiro deste ano, o padre foi alvo da PF em busca e apreensão. O religioso é suspeito de integrar o núcleo jurídico que formatou decretos e minuta que serviriam para um golpe de estado no Brasil após as eleições presidenciais de 2022.

    De acordo com a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o padre é citado como integrante do núcleo jurídico do esquema golpista. O papel do grupo seria o “assessoramento e elaboração de minutas de decretos com fundamentação jurídica e doutrinária que atendessem aos interesses golpistas do grupo investigado”.

    Os agentes da PF apreenderam equipamentos e documentos do clérigo. A investigação indicou que o padre participou de reunião com Filipi Martins e Amauri Feres Saad no dia 19 de novembro de 2022 em Brasília (DF). Ambos também foram indiciados nesta quinta-feira (21). Os controles de entrada e saída do Palácio do Planalto registraram a entrada e a saída do religioso da sede do governo federal naquela data.

    A decisão do ministro Alexandre de Moraes descreve que “como apontado pela autoridade policial, ‘José Eduardo possui um site com seu nome no qual foi possível verificar diversos vínculos com pessoas e empresas já investigados em inquéritos correlacionados à produção e divulgação de notícias falsas’”.

    O que diz a defesa de José Eduardo de Oliveira e Silva

    “Menos de 7 dias depois de dar depoimento à Polícia Federal o meu cliente vê seu nome estampado pela Polícia Federal como um dos indiciados pelos investigadores. Os mesmos investigadores que não se furtaram em romper a lei e tratado internacional ao vasculhar conversas e direções espirituais realizadas pelo padre os possuem garantia de sigilo.

    Quem deu autorização à Polícia Federal de romper o sigilo das investigações? Até onde eu sei o Ministro Alexandre de Moraes decretou sigilo absoluto. Não há qualquer decisão do magistrado até o momento rompendo tal determinação.

    A nota da Polícia Federal com a lista de indiciados é mais um abuso realizado pelos responsáveis da investigação e, tendo publicado no site oficial do órgão policial, contamina toda instituição e a torna responsável pela quebra da determinação do Ministro de sigilo absoluto.”

    Veja quem são os indiciados:

    1. Ailton Gonçalves Moraes Barros
    2. Alexandre Castilho Bitencourt da Silva
    3. Alexandre Rodrigues Ramagem
    4. Almir Garnier Santos
    5. Amauri Feres Saad
    6. Anderson Gustavo Torres
    7. Anderson Lima de Moura
    8. Angelo Martins Denicoli
    9. Augusto Heleno Ribeiro Pereira
    10. Bernardo Romao Correa Netto
    11. Carlos Cesar Moretzsohn Rocha
    12. Carlos Giovani Delevati Pasini
    13. Cleverson Ney Magalhães
    14. Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira
    15. Fabrício Moreira de Bastos
    16. Filipe Garcia Martins
    17. Fernando Cerimedo
    18. Giancarlo Gomes Rodrigues
    19. Guilherme Marques de Almeida
    20. Hélio Ferreira Lima
    21. Jair Messias Bolsonaro
    22. José Eduardo de Oliveira e Silva
    23. Laercio Vergilio
    24. Marcelo Bormevet
    25. Marcelo Costa Câmara
    26. Mario Fernandes
    27. Mauro Cesar Barbosa Cid
    28. Nilton Diniz Rodrigues
    29. Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho
    30. Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira
    31. Rafael Martins de Oliveira
    32. Ronald Ferreira de Araujo Junior
    33. Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros
    34. Tércio Arnaud Tomaz
    35. Valdemar Costa Neto
    36. Walter Souza Braga Netto
    37. Wladimir Matos Soares

    Os 37 foram indiciados pelos crimes de:

    • abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
    • golpe de Estado;
    • e organização criminosa

    Bolsonaro: entenda passo a passo do julgamento no STF

    *Com informações da Agência Brasil

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