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    “Sem nervosismo”: saiba os detalhes da compra de fogos artifício pelo homem-bomba

    Dono da loja onde os fogos de artifício foram comprados prestou depoimento à Polícia Federal

    Douglas Portoda CNN* , São Paulo

    Uma semana antes do atentado que realizou em Brasília, o homem-bomba Francisco Wanderley Luiz comprou “sem nervosismo” os fogos de artifício que utilizou na Praça dos Três Poderes.

    A declaração foi dada à Polícia Federal (PF) pelo comerciante Fernando Pereira, dono da loja de fogos de artifício, em Ceilândia, região administrativa do Distrito Federal, a 35 quilômetros do centro de Brasília.

    “Ele esteve na nossa loja dia 5, às 11h. Depois, ele voltou às 14h. E retornou no dia seguinte para buscar um material que não estava disponível no dia anterior”, disse Pereira. “Ele estava normal, não demonstrou nervosismo”, prosseguiu.

    O comerciante disse que não conhecia Wanderley até então. O homem-bomba havia alugado uma casa em Ceilândia.

    Como foram as compras?

    As compras dos fogos foram feitas entre 5 e 6 de novembro e somaram R$ 1,5 mil. O pagamento foi feito por cartão de débito. A venda foi registrada por câmeras de segurança.

    A primeira compra, no dia 5, foi de R$ 295. A segunda, no dia 6, custou R$ 1.250.

    De acordo com a PF, Wanderley usou:

    bombas que se assemelhavam a granadas,

    • “bombas-tubo”,
    • bombas de acionamento remoto,
    • fogos de artifício (no carro, com tijolos de apoio),
    • e artefato que lembra um lança-chamas.

    Os fogos de artifício foram modificados para que ficassem mais potentes, segundo as autoridades.

    “A venda é legal”

    O comerciante afirmou que teve a iniciativa de procurar as autoridades para relatar a venda dos artefatos ao autor do ataque, e mostrar que está à disposição para colaborar com as investigações.

    Segundo Pereira, sua loja é legalizada e segue os padrões do governo do Distrito Federal.

    “A venda é legal, a nossa loja é legalizada. Os documentos estão em dia. O produto que vendemos a ele está dentro da normal. Estamos tranquilos. A nossa loja é legalizada, qualquer pessoa pode chegar lá e comprar, está dentro da norma. Não temos nada a temer”, afirmou.

    Fernando Pereira é dono da loja em que Francisco Wanderley Luiz comprou fogos de artifício
    “Ele estava normal, não demonstrou nervosismo”, disse o comerciante que vendeu fogos de artifício para o homem-bomba • 15/11/2024 – CNN

    PF investiga caso

    A Polícia Federal (PF) investiga como foram planejadas as ações de Wanderley.

    De acordo com o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, Wanderley esteve em Brasília em outras oportunidades — inclusive no início do ano passado. Ainda não há, entretanto, informação se ele participou dos ataques de 8 de janeiro, que também tiveram os prédios dos Três Poderes como alvo.

    Segundo Rodrigues, “há indícios de planejamento de longo prazo” na ação realizada pelo homem-bomba.

    Declarações de familiares do homem-bomba também foram tomadas pela PF na quinta-feira. Uma ex-mulher de Wanderley disse que um de seus planos era matar o ministro do STF Alexandre de Moraes.

    Agentes da PF também começaram a periciar o celular de Wanderley. O aparelho foi apreendido na manhã de quinta em um trailer que seria do homem-bomba em um estacionamento nas proximidades do STF e da Câmara.

    *Com informações de Rebeca Borges e Gabriel Garcia

    Veja a cronologia das explosões na Praça dos Três Poderes

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