G20 ainda discute melhor linguagem para abordar guerras na declaração final
Documento deve focar na necessidade de se chegar à paz; presença de Putin no grupo dificultou fechamento do texto em 2023
Os governos do G20 ainda discutem a melhor forma e linguagem para abordar os conflitos internacionais da Ucrânia e da Faixa de Gaza durante a declaração final da Cúpula. Para garantir consenso entre os países-membros, o documento deve ter, como mensagem principal, a necessidade de se chegar à paz.
Na Cúpula de 2023, em Nova Délhi, na Índia, as divergências sobre a guerra na Ucrânia dificultam o fechamento do texto. A maioria dos países teria concordado em condenar a invasão russa, mas houve resistência de Vladimir Putin, que foi apoiado pela China.
O resultado foi um documento brando com relação à guerra, sem adotar o tom de condenação à invasão russa.
No entanto, o representante oficial do Brasil no G20, embaixador Mauricio Lyrio, afirmou que, apesar de temas geopolíticos atravessarem diretamente as discussões do G20, o grupo não tem o objetivo de estimular negociações para o fim do conflito.
“O G20, em sua essência, é um grupo que nasceu para enfrentar crises e trabalhar em coordenação econômica. O Brasil acha que o G20 não deve substituir a ONU nos seus objetivos fundamentais, como a resolução de conflitos”, declarou.
A Cúpula do G20 será realizada nos dias 18 e 19 de novembro, no Rio de Janeiro. O presidente russo não participará presencialmente por risco de prisão e o país europeu será representado pelo ministro de Relações Exteriores.
O evento encerra a presidência brasileira do grupo, que teve mandato de um ano, e contará com a presença de mais de 55 representantes oficiais de países e organizações internacionais.
Na segunda-feira (18), serão realizadas duas sessões de debates. A primeira, que ocorrerá durante a manhã, terá como tema o combate à fome e às desigualdades sociais.
Durante a sessão será lançada a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza. De acordo com o Itamaraty, a lista de países que aderiram à iniciativa ainda não está fechada, mas inclui um número “impressionante” de interessados.
No período da tarde, a segunda sessão de debates tratará da reforma da governança global, pautando principalmente uma maior inclusividade no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), bem como mudanças em instituições financeiras globais como o Banco Mundial e o FMI.
Na terça-feira (19), será realizada a terceira sessão para abordar desenvolvimento sustentável e transição energética. Logo depois, haverá a cerimônia de transmissão da presidência do grupo para a África do Sul.
A tarde da terça-feira será dedicada a reuniões bilaterais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com líderes de outros países. De acordo com o Itamaraty, “praticamente todas” as delegações do grupo pediram reuniões, mas, por uma questão de agenda de Lula, a lista ainda está em avaliação.
Lula deve voltar, no final do dia 19, a Brasília, onde receberá a visita oficial do presidente chinês Xi Jinping.
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