Análise: Bolsonaro termina eleição com sentimento de que a direita não tem dono
Analista de Política Jussara Soares aponta que ex-presidente está incomodado com crescimento de outros líderes da direita e sente que o espectro político "não tem dono"
As eleições municipais de 2024 revelaram uma nova dinâmica no cenário político brasileiro, especialmente no campo da direita. Segundo a analista de Política da CNN Jussara Soares, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) conclui o pleito com o sentimento de que “a direita não tem dono”, diante de uma notável divisão neste espectro político.
Inicialmente, esperava-se que as eleições municipais reproduzissem a polarização da disputa presidencial de 2022 entre Bolsonaro e o presidente Lula. No entanto, ambos acabaram não sendo protagonistas neste ciclo eleitoral.
Lula manteve uma atuação discreta, enquanto Bolsonaro, apesar de circular pelo país, fez apostas que não se concretizaram.
Governadores em ascensão
Um dos destaques das eleições foi o desempenho dos governadores.
Em Goiânia, por exemplo, o governador Ronaldo Caiado conseguiu eleger seu candidato contra um nome apoiado por Bolsonaro. Caiado emerge, assim, como uma possível opção da direita para 2026.
Situação semelhante ocorreu em Curitiba, onde o governador Ratinho Júnior, também visto como potencial candidato da direita, viu seu aliado vencer, apesar dos esforços de Bolsonaro em favor de outra candidatura.
A eleição também fortaleceu Helder Barbalho no Pará, cujo candidato venceu em Belém contra um nome apoiado por Bolsonaro. Barbalho é mencionado como possível vice de Lula em uma eventual chapa para 2026.
Reação de Bolsonaro
O ex-presidente demonstra incômodo com essa fragmentação. Segundo fontes próximas, Bolsonaro ainda não aceita sua inelegibilidade e deseja disputar a reeleição, ficando irritado quando questionado sobre 2026.
Essa postura reflete sua dificuldade em lidar com o surgimento de novas lideranças no campo conservador.
As eleições municipais de 2024, portanto, não apenas redefiniram o mapa político local, mas também lançaram luz sobre as dinâmicas nacionais, especialmente no que diz respeito à reorganização das forças de direita no Brasil pós-Bolsonaro.
