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    MP investiga condições sanitárias de laboratório que errou testes de HIV no RJ

    Órgão ainda vai pedir suspensão de serviços do PCS Lab Saleme com outras instituições até final de investigação

    Rafael Saldanhada CNN

    O Ministério Público do Rio de Janeiro investiga as condições sanitárias e operacionais do laboratório que errou testes de HIV que infectaram seis pessoas com o vírus.

    O órgão instaurou o inquérito civil contra o PCS Lab Saleme na última sexta-feira (11) e divulgou a informação na manhã desta terça (15).

    O laboratório, situado na cidade de Nova Iguaçu, já foi interditado pela Subsecretaria de Vigilância e Atenção Primária à Saúde da Secretaria Estadual de Saúde (SES-RJ). 

    O inquérito afirma que a investigação é necessária “para apurar se a operação do Laboratório Saleme se dá em consonância com os parâmetros técnicos, normas sanitárias e procedimentos operacionais que orientam a realização de análises clínicas e patológicas”. 

    A Promotoria de Justiça ressalta que é urgente verificar se o laboratório foi contratado por outras instituições ou órgãos públicos, que fazem a realização de exames laboratoriais com a empresa.

    A partir disso, a Promotoria vai determinar a suspensão dos serviços do PCS Lab com essas instituições, até a total apuração das falhas nos exames prévios aos transplantes de órgãos. 

    O MPRJ já expediu um ofício para que a empresa pare de prestar serviços às UPAs Austin, Comendador Soares e Vila de Cava. Os exames não devem ser realizados até o final das investigações.

    O ministério também solicitou que o Seretário Municipal de Saúde de Nova Iguaçu encaminhe documentos e informações em até 10 dias.

    O inquérito civil foi instaurado pela 1ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva da Saúde da Região Metropolitana I.

    Além desta apuração, o MPRJ também investiga a infecção dos pacientes com HIV, as supostas irregularidades no programa de transplantes do RJ e recomendou que a SES-RJ aprimore condutas nas análises de amostras de sangue na Central Estadual de Transplantes (CET). 

    Leia abaixo a nota de posicionamento do PCS Lab Saleme:

    Em depoimento hoje à polícia, Walter Viera, um dos sócios do PCS Lab Saleme, afirmou que o resultado preliminar feito pela sindicância interna do laboratório aponta indícios de falha humana na transcrição dos resultados de dois testes de HIV.

    A defesa dele e de Mateus Vieira repudia com veemência a insinuação de que existiria um esquema criminoso para forjar laudos no laboratório, que atua no mercado desde 1969. A defesa confia que, após os esclarecimentos prestados por Walter, a Justiça entenderá desnecessário mantê-lo preso.

    Matheus apresentou-se de maneira voluntária e foi liberado. Ele assegurou às autoridades que irá depor quando sua defesa tiver acesso integral aos autos da investigação.

    Em relação a Jacqueline Iris Bacellar de Assis, o PCS Lab esclarece que ela apresentou documentação inidônea (diploma de biomédica e carteira profissional com habilitação em patologia), induzindo o laboratório a crer que ela tinha competência para assinar laudos.

    Nos últimos 12 meses, o PCS Lab Saleme realizou mais de 3 milhões de exames. Desde 1º de dezembro, quando começou a prestar serviços à Fundação Saúde do Governo do Estado do Rio de Janeiro, o laboratório comprou pelo menos 900 testes para diagnóstico de HIV em amostras de sangue de doadores de órgãos, seguindo recomendação do Ministério da Saúde e da Anvisa.

    Conforme informado pela imprensa, das 286 amostras submetidas a novo teste no HemoRio, 205 deram negativo para HIV, confirmando os laudos do PCS Lab.

    O laboratório reafirma que dará todo suporte necessário às vitimas assim que tiver acesso oficial à identidade delas; e que está à disposição das autoridades que investigam o caso.

     

    Relembre o caso

    Seis pacientes foram infectados com o vírus HIV após realizarem transplantes de órgãos no Rio de Janeiro. Os exames de dois doadores de órgãos deram falso negativo, o que resultou no caso sem precedentes.

    O laboratório responsável pelos testes, PCS Lab Saleme, admitiu indícios de erro humano nos procedimentos, e é investigado pela Polícia Civil do RJ, Ministério Público do RJ, Governo do Rio de Janeiro e pela Polícia Federal.

    O laboratório foi contratado pela Secretaria de Estado de Saúde para testar os doadores de órgãos. O contrato, firmado pela Fundação Saúde do RJ em dezembro de 2023, tinha duração de 12 meses e um valor total de mais de R$ 11 milhões.

    Segundo apurou a CNN, os infectados já estão cientes e órgãos de outros 288 doadores estão passando por nova testagem no estado.

    É a primeira vez que algo do tipo ocorre no Brasil. Apenas no Rio de Janeiro, 16 mil pessoas já passaram por transplantes desde 2006.

    O laboratório contratado para realizar o exame nos doadores teve o contrato suspenso, e novos exames serão realizados pelo Hemorio.

    Segundo a Polícia Civil, os casos foram causados por falha operacional com objetivo de obter lucro. A declaração é do secretário de Polícia Civil, delegado Felipe Curi.

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