Justiça e MPF recorrem para manter braço-direito de Marcola em presídio federal
Documento foi enviado a juiz federal de Brasília após corregedor determinar transferência de “Fuminho” para São Paulo
A Justiça de São Paulo pediu para a Justiça Federal manter Gilberto Aparecido dos Santos, o ‘Fuminho’, no Sistema Penitenciário Federal, que é de segurança máxima e de responsabilidade do Ministério da Justiça.
O pedido vem após o juiz-corregedor substituto da Penitenciária Federal em Brasília, Frederico Botelho de Barros Viana, determinar a transferência do detento para o sistema prisional do estado de São Paulo.
Fuminho está em presídio de segurança máxima do governo federal desde 2020, após ser preso em uma megaoperação da Polícia Federal na África com órgãos internacionais. Ele ficou 21 anos foragido. Ele é apontado pelas autoridades como braço-direito de Marcos Willian Herbas Camacho, o Marcola, líder máximo do PCC.
A CNN apurou que o Ministério Público Federal (MPF) também recorreu da decisão do juiz corregedor e enviou recurso ao juiz federal que mantenha o custodiado na Penitenciária Federal de Brasília, a mesma que abriga Marcola, mas em ala separada.
Com esses novos pedidos, caberá, agora, ao juiz federal de Brasília decidir se mantém ou não “Fuminho” preso no regime de segurança máxima.
Semiaberto
De acordo com a decisão, o ’02 do PCC’ – maior facção do Brasil – também deve cumprir regime semiaberto, que é o tipo de pena com a qual o preso trabalha ou estuda fora da prisão durante o dia, mas retorna à unidade prisional à noite.
A progressão para o semiaberto já havia sido determinada em setembro passado, mas não existe esse modelo no Sistema Penitenciário Federal, portanto o juiz reforçou a determinação no último dia 9.
A ida ao semiaberto se deve ao marco temporal, que é o tempo mínimo de prisão cumprido pela condenação, e pelo ‘bom comportamento’, segundo a Justiça.
Quem é Fuminho
Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, está preso na Penitenciária Federal de Brasília, e desde 2020 no sistema federal.
Ele fugiu da cadeia de Carandiru em 1999 e só foi recapturado 21 anos depois, ao ser preso pela Polícia Federal em Moçambique, no continente africano, em 2020.
Em 2022, ele foi condenado a 26 anos e 11 meses no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) por ser o responsável por um carregamento de 450 quilos de cocaína.
Além de ser braço direito de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, Fuminho, segundo investigações, recebeu R$ 200 milhões da facção para resgatar o líder máximo do PCC, de presídio federal, onde Marcola está preso desde 2019, quando fora transferido da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, no interior paulista.
À época, o Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MPSP, anunciou a descoberta de um plano para resgatar Marcola e outros 21 líderes do PCC, que estavam na P2 de Presidente Venceslau e também em Presidente Bernardes, ambas no interior paulista.
Pouco tempo depois, em março de 2019, a pedido do promotor Lincoln Gakiya, Marcola e os 21 líderes foram transferidos para presídios federais em Brasília e Porto Velho.