Análise: Melo ataca governo Lula e Rosário critica visita de Michelle a Porto Alegre
Em desvantagem na disputa e em busca do voto antibolsonarista na disputa do segundo turno em Porto Alegre (RS), a candidata Maria do Rosário (PT) explorou, no debate da Band, a participação da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro em um evento de apoio à reeleição do atual prefeito, Sebastião Melo (MDB), nesta segunda-feira (15).
Michelle esteve na capital gaúcha junto com a senadora Damares Alves (Republicanos-DF). Ambas discursaram em favor do prefeito em um evento fechado para cerca de 300 convidados — a candidata a vice na chapa, Betina Worm, é do PL.
No primeiro turno, o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro subiu no palanque de Melo e prestou seu apoio.
“Tivemos hoje um triste episódio na campanha à prefeitura de Porto Alegre. A vinda da família Bolsonaro foi para tumultuar, atacar e desvalorizar a política. A vice de Melo foi justamente indicada por Bolsonaro”, disse Rosário.
“O Rio Grande do Sul é melhor do que essa turma com quem tu andas.”
Rosário citou Bolsonaro em diversos momentos ao longo do debate. “As joias foram roubadas pelos aliados de Melo”, afirmou, em uma das primeiras rodadas de respostas. Mais adiante, quando o prefeito disse que a adversária estava “alterada”, ela replicou: “Só faltava isso para o senhor ficar igualzinho ao Bolsonaro: desrespeitar as mulheres.”
Ao destacar o vínculo de Melo com Bolsonaro — “são unha e carne” —, Rosário busca os 19% dos votos recebidos pela candidata Juliana Brizola (PDT) no primeiro turno. A leitura é de que Juliana recebeu apoio daqueles que podem até não se identificar com o PT, mas repelem Bolsonaro — uma fatia de eleitores crucial para a campanha nesta reta final.
Já Melo evitou citar o ex-presidente. Ele se colocou como um prefeito “propositivo” e avesso a ataques, declarando-se apto a prosseguir com o projeto de poder que encampou ao longo dos últimos anos.
“Recuperamos a cidade da pandemia e agora estamos juntos de novo para recuperar a cidade das enchentes.”
O prefeito voltou a criticar a falta de proatividade do governo federal no enfrentamento às cheias que atingiram Porto Alegre em maio — o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é um aliado de Rosário, a despeito de não ter participado tão ativamente de sua campanha até o momento. Melo também tentou associar o PT a escândalos de corrupção.
As enchentes de maio acabaram não dominando tanto o debate da Band quanto os confrontos que ocorreram no primeiro turno. Os candidatos abordaram os alagamentos, mas também discutiram outros temas, como segurança pública, transporte público, educação e saúde.
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