Engler critica ausência de Fuad em debate e fala em implantar escolas cívico-militares em BH
O representante do PL também defendeu pente-fino em contratos de empresas de ônibus, criação de aplicativo na saúde e assistência à população de rua
O candidato à Prefeitura de Belo Horizonte Bruno Engler (PL) criticou a ausência do adversário Fuad Noman (PSD) e falou sobre temas como a implantação de escolas cívico-militares durante entrevista à TV Band Minas na noite desta segunda-feira (14).
A sabatina começou às 22h45 e durou 45 minutos. O encontro foi programado para ser um debate, mas o outro candidato na disputa, Fuad Noman, prefeito de BH e candidato à reeleição, decidiu não ir ao evento.
O encontro foi composto por dois blocos, seguidos pelas considerações finais.
Ataques ao adversário
No início do primeiro bloco, o candidato do PL chamou de “covarde” a decisão do prefeito Fuad Noman de não comparecer ao embate.
Segundo Bruno Engler, o adversário “tem tempo para dar entrevista e fazer campanha, mas não pra estar aqui hoje”.
Ele afirmou ainda que o candidato do PSD faltou pois “não consegue defender o indefensável” e ainda o acusou de ser “bancado por empresários de ônibus”.
“A preocupação do prefeito é com pagar faturas políticas”, opinou, acusando a gestão atual de renovar sem licitação do contrato de limpeza da Lagoa da Pampulha.
Mobilidade urbana
Bruno Engler foi questionado por um jornalista sobre seu projeto para o sistema de transportes em Belo Horizonte.
Ele disse que pretende auditar todos os acordos e “abrir a caixa-preta da BHTrans”.
“Vamos abrir um processo de ampla concorrência para que todas as empresas possam se inscrever. O ideal é que não tenhamos subsídio. A gente vai fazer uma concorrência ampla, não temos compromisso nenhum com essas empresas. A gente considera manter [o subsídio atual] dentro da realidade de BH, a gente não vai penalizar o cidadão com uma passagem mais cara”, segundo o candidato.
Já sobre a possibilidade de zerar a tarifa dos coletivos, ele afirmou que enxerga a proposta “com dificuldade”.
“A gente estuda sobre o domingo. O que a gente pode prometer é que as gratuidades já conquistadas serão mantidas”, ele afirmou.
Educação e relação com sindicatos
Já sobre o projeto de escolas cívico-militares, o candidato disse que “não é uma pauta ideológica, da direita, é uma pauta que funciona”.
Ele garantiu que o modelo tem um custo mais alto por aluno em relação ao tradicional, mas “favorece o aprendizado”. Caso seja eleito, a proposta é implantá-lo nas instituições de Ensino Fundamental.
Quando perguntado se a prefeitura, sob seu comando, irá pagar o piso integral do magistério, o candidato declarou: “não posso dizer que vamos pagar integral, mas digo que vamos sentar e ver até onde podemos pagar. Porque o professor valorizado trabalha melhor”.
Sobre o projeto de lei de sua autoria, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, que autoriza a implantação de segurança armada privada nas escolas estaduais, ele afirmou que o assunto surgiu diante das ocorrências de invasões a escolas em todo o Brasil e que ainda “precisa ser discutido com pais e com a comunidade escolar”.
A respeito da relação com os sindicatos, ele disse que os representantes das categorias precisam ser ouvidos. “Terão portas abertas e diálogo com a gente”, de acordo com Bruno Engler.
Aplicativo para a saúde e vacinação
Com relação à saúde na capital mineira, Bruno Engler afirmou que o orçamento da área é “razoável”, porém mal gasto.
A proposta dele inclui um aplicativo “para que o cidadão tenha informação em tempo real” sobre filas de espera e medicamentos disponíveis nas unidades.
Ao ser questionado sobre sua postura com relação à imunização da população, ele afirmou: “Vamos ter campanha para aumentar a cobertura vacinal”.
Ele elogiou as atitudes do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante a pandemia, pois, segundo o candidato, “quando as vacinas ficaram disponíveis, ele comprou”, e criticou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que, de acordo com Bruno Engler, “enrola para comprar a vacina da dengue”.
Serra do Curral
Sobre a possibilidade de mineração na Serra do Curral, o candidato do PL afirmou que “se a Serra for tombada em nível estadual, [o tombamento] será respeitado”.
Segundo Bruno Engler, “precisamos diferenciar a mineração ilegal” daquela realizada com as devidas autorizações. Ele disse ainda que sua gestão não irá fazer “oposição ideológica” à atividade.
Ao ser questionado sobre o percentual de participações em sessões como deputado estadual, ele convidou os eleitores a acompanharem o mandato dele e citou projetos aprovados de sua autoria, como o que barrou o aumento do Imposto Sobre Propriedade de Veículo Automotor (IPVA) em 2022, além de sua atuação política contra o conceito de ideologia de gênero.
Papel da vice e postura durante pandemia
O segundo bloco começou com o candidato elogiando a atuação da vice, a ex-comandante da Polícia Militar, Cláudia Romualdo, na área da segurança.
“A coronel Cláudia é uma grande parceira que tenho nessa caminhada”, ele afirmou, completando que “a gente ainda não tem alinhado se ela vai ocupar uma secretaria ou não”.
O tema da vacinação foi retomado durante o bloco, com o candidato sendo questionado se iria exigir que as crianças fossem imunizadas para serem matriculadas nas escolas municipais.
Ele disse que a “questão é muito delicada”. “Não acho que é negando o direito à escola que você vai resolver [a queda da cobertura vacinal em BH]”, afirmou.
Sobre suas declarações contra o isolamento social como medida de contenção da Covid-19, ele disse ter sido por razões econômicas e para evitar problemas como a perda de emprego e a “insegurança alimentar”.
“Rogo a Deus que não tenha outra pandemia”, ele disse, pontuando que, caso a situação se repita, ele pretende “trabalhar junto ao estado e ao governo federal”.
População de rua e requalificação do centro
A respeito das medidas para os cidadãos que vivem nas ruas, ele mencionou serem necessários mais abrigos e casas de passagem em condições adequadas.
Mas pontuou que “antes de começar a resolver, é preciso entender o problema”.
O candidato afirmou que, se for escolhido prefeito de BH, irá fazer “um mapeamento amplo” dos moradores e buscar qualificação profissional para eles.
Com relação à retomada do centro da capital mineira, Bruno Engler afirmou que a questão passa por “ampliar o efetivo da nossa segurança”, para que, de acordo com ele, “o cidadão possa andar com tranquilidade”.
Ele também disse que possibilidade de aluguéis sociais e de cobrança de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) progressivo podem ser estudadas.
Diálogo com diferenças e limpeza urbana
Ao ser questionado sobre sua identificação como político conservador, o candidato do PL disse não fazer “política do nós contra eles, homem contra mulher, branco contra negro”.
Segundo Bruno Engler, caso a chapa seja eleita, “a gente não vai excluir ninguém”. “A gente entende que a cidade mais segura é mais segura para todo mundo”, declarou.
O candidato prometeu ainda fazer um “um raio-x” de contratos como o da limpeza urbana.
Ele disse que existe falta de recipientes adequados e ínfima coleta seletiva na capital mineira.
“E inaceitável a gente pensar que é um numero ínfimo de bairros que têm esses pontos de coleta”, ele afirmou, dizendo ainda que ninguém é obrigado “a conviver com lixo na rua”.
Relação com o Legislativo e segurança urbana
O candidato disse não ter “rabo preso” com ninguém e prometeu indicar técnicos para a administração municipal.
“Vamos exigir currículo, qualidade”, segundo ele, que voltou a elogiar o ex-presidente Jair Bolsonaro e a formação do governo anterior.
“A gente não tem resistência à indicação do grupo politico, desde que sejam [pessoas] honestas e qualificadas”, completou.
Sobre a questão da segurança na capital mineira, Bruno Engler afirmou que “vai passar para quatro mil” o número de agentes da Guarda Civil Municipal de Belo Horizonte.
“Isso para mim é pauta importantíssima”, afirmou.
Ele também falou sobre sua proposta de aumentar as patrulhas específicas, como a Patrulha Maria da Penha e a Patrulha Escolar, e de implantar a Ronda Ostensiva Municipal (ROMU), além de trabalhar em conjunto com o governo do estado “sem sobreposição de esforços”.
Considerações finais
Na última parte da entrevista, o candidato utilizou alguns minutos para agradecer aos eleitores e à organização do evento. Ele também voltou a lamentar a ausência do adversário na corrida eleitoral, Fuad Noman.
Bruno Engler criticou a aliança entre o candidato do PSD e a candidata derrotada no primeiro turno, Duda Salabert (PDT).
“O sistema se une desesperado com nossa possibilidade de chegar à prefeitura”, ele disse, finalizando que, se estiver no comando de BH, vai “estancar o ralo da corrupção para que sobre dinheiro para o que importa”.
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