O procurador-geral da Ucrânia, Andriy Kostin, criticou a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de viajar para a Rússia e se encontrar com o presidente Vladimir Putin.

Lula tem viagem marcada para a Rússia na semana que vem, onde vai participar da Cúpula de Chefes de Estado dos Brics entre os dias 22 e 24 de outubro, na cidade de Kazan.

Em entrevista exclusiva à CNN, Kostin chamou Putin de “o terrorista número um do mundo” e disse que os líderes mundiais deveriam se recusar a se encontrar com ele e apertar sua mão.

A CNN apurou que Lula terá uma reunião bilateral com Putin às margens da cúpula dos Brics – o grupo dos grandes países em desenvolvimento.

“É importante que os líderes de todos os países se lembrem, quando lidam com Putin, que ele é suspeito de cometer crimes internacionais. A principal coisa que os líderes mundiais deveriam dizer a Putin é que ele tem que devolver as crianças ucranianas [levadas para a Rússia] e tem que libertar os civis ucranianos detidos ilegalmente. Nenhuma outra conversa com o governante da Rússia faz sentido”, pontuou o procurador.

O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu, em março de 2023, um mandado de prisão contra Putin sob acusação de deportação ilegal e transferência ilegal de crianças ucranianas para a Rússia.

Além disso, o presidente russo e seu governo sofrem com o isolamento internacional e com sanções econômicas aplicadas pelo ocidente por causa da guerra contra a Ucrânia.

“Devemos sempre lembrar que foi Putin quem começou esta guerra criminosa de agressão, a guerra mais sangrenta na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Ele é o arquiteto de um estado terrorista. Sem exageros: ele é hoje o terrorista número um do mundo”, afirmou Kostin.

Ao ser perguntado pela CNN sobre o significado do encontro de Lula com Putin, o procurador disse: “todo líder que aceita apertar a mão dele [Putin] deve, antes de tudo, avaliar que futuro esse líder gostaria de ter para os seus filhos. Esse líder quer que o mundo de amanhã seja governado pelo estado de direito ou pela força?”.

A CNN procurou o Itamaraty para comentar as declarações do procurador ucraniano, mas não obteve resposta.

O próprio presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, também criticou a ida de Lula à Rússia durante uma entrevista concedida à CNN no palácio presidencial em Kiev, em abril deste ano.

Na ocasião, Zelensky ressaltou que convidaria Lula para ir primeiro à Ucrânia para ver de perto a guerra.

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